quarta-feira, 9 de dezembro de 2009


ANOTE
NA
SUA
AGENDA!
VEM
AÍ!
II CONGRESSO BRASILEIRO DE SAÚDE MENTAL DA ABRASME (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SAÚDE MENTAL)

IV FÓRUM INTERNACIONAL DE SAÚDE COLETIVA, SAÚDE MENTAL E DIREITOS HUMANOS


IV ENCONTRO INTERNACIONAL DA REDE DE INTERCÂMBIO DE BOAS PRÁTICAS NO CAMPO DOS SERVIÇOS SOCIAIS, SAÚDE DE BASE E SAÚDE MENTAL


TEMA: LOUCURA e SAÚDE MENTAL NO SÉCULO XXI: ENFRENTAMENTOS, TERRITÓRIOS E FRONTEIRAS.


De 03 a 05 de junho de 2010


Local: Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ - Rio de Janeiro - Brasil


Promoção: LAPS/FIOCRUZ, ABRASME, MNLA/Brasil, UPMPM/Argentina, PRODEMAM/UERJ, Instituto de Psicologia/UERJ, NEPS/Faculdade de Serviço Social/UERJ, Reitoria/UERJ, MS, ABRASCO, CEBES, Conselhos Profissionais da Saúde, UNESP-ASSIS, UFSC, UFRJ, MNDH, CNPq, CAPES, FAPERJ, FIOCRUZ, UECE, SMS/PMRecife, e tantas outras...


Hoje, 08/12/09, foi a primeira reunião da Comissão Organizadora. A princípio, os resumos devem constar título, autores, instituição, telefone, e-mail, objetivos, procedimentos metodológicos, referencial teórico e conclusão. Mas tudo está em definição, contudo estou enviando essa para aproveitarmos o tempo para estar em alerta quanto a esse momento. Afinal em 2010 ocorrerá a IV Conferência Nacional de Saúde Mental. Estar-se-á atualizando o site para envio de resumos de trabalhos (modalidades: mesa, oficina, simpósio, rodas de conversa, temas livres e atividades culturais) que deverá ser até o dia 21/03/2010.


Abs
Prof. Marco José Duarte
NEPS/UERJ
FOTO: Ato-passeata na Praia de Copacabana - maio de 2008 (II Fórum Internacional de Saúde Coletiva, Saúde Mental e Direitos Humanos - UERJ - Rio de Janeiro - Brasil)

terça-feira, 8 de dezembro de 2009


Caros colegas,
Os trabalhadores da área da saúde mental em particular e da saúde em geral estão empenhados nessa luta e convidamos vc a participar dela também.
Está sendo divulgado pelas entidades da enfermagem e da psicologia, e como também somos da área da saúde estamos dentro.
O Senado Federal está disponibilizando em seu site uma enquete para consultar a população se ela é a favor ou contra a regulamentação do exercício da Medicina nos termos do projeto PLS 268/02.

Essa enquete ficará no ar apenas durante o mês de dezembro, a exemplo do PLC da Homofobia no mês passado.
A proposta de lei é absurda para os trabalhadores e para os cidadãos-usuários, que no final das contas sofrerão com as consequências da aprovação de uma lei como essa.
Participem da pesquisa (leva menos de 1 minuto) e repassem para que outros possam faze-lo.
Vamos fazer a nossa parte.

Votem através do link:

O tempo gasto é mínimo.


Para maiores informações quanto ao Projeto de Lei, acesse:

Abs,
Prof. Marco José Duarte. NEPS/UERJ e CAPS/UERJ

sábado, 28 de novembro de 2009

VIII Congresso Internacional de Saúde Mental e Direitos Humanos

Dos dias 19 a 22 de novembro de 2009, ocorreu o VIII Congresso Internacional de Saúde Mental e Direitos Humanos e III Forum Internacioal de Saúde Coletiva, Saúde Mental e Direitos Humanos, na Universidade Popular de Las Madres de Plaza de Mayo em Buenos Aires - Argentina.

Prof. Marco José Duarte - Coordenador do NEPS (Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Saúde Mental e Atenção Psicossocial) da UERJ - Brasil foi um dos conferencistas em mesa redonda no Auditório da Sede II, dia 21 de novembro de 2009, sobre a Política de Saúde Mental e Atenção Psicossocial no Rio de Janeiro - Brasil.

Na abertura do VIII Congresso Internacional de Saúde Mental e Direitos Humanos, realizado no auditório da sede da Associação das Madres de Plaza de Mayo, contou com a participação de Gregorio Kazi, Coordenador acadêmico político do Congresso - Argentina; Paulo Amarante, do LAPS - ENSP - FIOCRZ - Rio de Janeiro - Brasil, Jorge Bichuetti, Fundação Gregorio Baremblitt de Uberaba - Minas Gerais - Brasil; Oscar Pellegrini, Dirección Provincial de Salud Mental de Santa Fe - todos membros do Comitê Assessor); e de Hebe de Bonafini, Presidenta da Associação Madres de Plaza de Mayo.
“Es para nosotros un placer muy grande que en este VIII Congreso podamos desarrollar el III Foro de Salud Colectiva, Salud Mental y Derechos Humanos, el VI Encuentro de Lucha Antimanicomial, y el IV Encuentro Detenidos en Movimiento”, disse Kazi.
“Las Madres nos enseñan que han pasado del dolor individual al campo de la lucha colectiva: ahí hay una primera definición rotunda de lo que es la salud mental. No podemos entenderla en la dimensión individual”, resgatou.
Dando continuidade, Paulo Amarante expressou: “No venimos para luchar por un mundo que no vamos a ver, venimos para luchar para mostrar que ya existe otro mundo, que existen otras ideologías, que existe otra forma de vivir, de luchar y de estar en nuestros corazones”.
Desta forma, Jorge Bichuetti afirmou: “Estamos aquí porque buscamos suplir un vacío dado por un mundo de injusticias, miseria y opresión. Venimos en busca de un sueño compartido: la posibilidad de pensar un camino de convivencia, honrando a aquellos que vivieron por la revolución”. Logo depois, expressou a histórica consigna das Madres: “Que este Congreso sea la ‘aparición con vida’ de los sueños, la ‘aparición con vida’ de la solidaridad”.
Posteriormente, Oscar Pellegrini agradeceu a las Madres a concretização do espaço: “En el interior, en esos lugares recónditos del país, que haya trabajadores y actores sociales de la salud pública, que puedan vincular la práctica de salud con los derechos humanos, es toda la potencia que tienen las Madres”
Por último, Hebe de Bonafini resumiu: “En cada uno que pelea y lucha están nuestros hijos, como acá: están inundando este salón, son ustedes y son ellos, son ustedes y nosotros”. “El amor y el odio son una muy buena receta. El amor para ellos y para luchar y el odio para poner toda la fuerza contra el enemigo, que sigue siendo el capitalismo y el imperialismo. Lo mejor que nos pasó a las Madres es haber socializado la maternidad y hacer lo que hacían nuestros hijos: el ‘otro soy yo’, que me duela lo que le pase al otro hasta sangrar y cuando me pase eso ahí empezamos a ser revolucionarios”.
Muitos jovens estudantes e trabalhadores do campo da saúde coletiva, da saúde mental e dos direitos humanos apresentaram múltiplos e diversos trabalhos acadêmicos. Foram várias as mesas, conferências, oficinas, tanto interno quanto externo a sede, a praça foi ocupada com diferentes manifestações públicas e de debates durante os quatro dias do congresso. Tinham pessoas de várias partes da Argentina, Uruguay, Brasil e tantos outros lugares na luta pela desinstitucionalização da loucura e dos loucos e loucas.
O evento se constitui em um encontro científico e político onde o pensamento crítico tenta confrontar as concepções hegemônicas. "Desde a Universidade Popular pretendemos afiançar um âmbito no qual outras práticas em saúde e outras concepções da realidade social possam ser debatidas", explicava Hipólito Yrigoyen, que idealizou o projeto. Yrigoyen afirmava que a alienação e a dominação social são produtos deste sistema econômico "e nunca podem determinar as condições para a promoção da saúde mental de nossos povos". A saúde mental tem um suporte coletivo e político que é negado sistematicamente. Assim, o objetivo do congresso é colocá-lo no centro do debate.

domingo, 1 de novembro de 2009

Curso de Extensão em Saúde Mental e Atenção Psicossocial na UERJ

Dr Roberto Osman, Profra Valéria Forti, Profra Josélia Reia e Prof. Marco José Duarte - Aula sobre Legislações para o campo da Saúde Mental e Atenção Psicossocial - Direitos e Conquistas!
Prof. Edvaldo Nabuco - Aula sobre a Lei 10.216: transições paradigmáticas - antes e depois

Profra Ana Paula Guljor - Aula sobre a Lei 10.216: Antes e depois - transições paradigmáticas


Prof. Marco José Duarte - Primeiras palavras sobre o Curso



Prof. Sergio Alarcon - Aula sobre História da Loucura e as Reformas




Público do Curso de Extensão: Técnicos de diversas áreas profissionais do campo da saúde mental (formados e em formação técnica, graduada e pós-graduada), usuários e familiares


Passado um mês do Curso, estamos divulgando algumas imagens que visualizam o seu desenvolvimento. Contamos sempre a cada noite de terça-feira com convidados/parceiros do NEPS e componentes do campo da saúde mental e atenção psicossocial e da luta antimanicomial.
O sucesso do Curso se deve a participação e colaboração de todos e todas na efetivação de um espaço mais que necessário, na atual conjuntura, de trocas, de encontros, que nos fortaleçam seja na academia, na rede dos serviços, na pesquisa, na produção de conhecimentos, na relação com a sociedade.
A mídia nesse tempo tem nos oferecido imagens que veiculam nossa realidade, nossas lacunas, conquistas, confrontos e disputas no campo. De um momento, o programa Profissão Repórter mostra em sua reportagem a Marcha dos Usuários em Brasília, alguns CAPS, a emergência psiquiátrica, a população de rua e o peso do cuidado e o sofrimento no meio familiar e de outro, uma entrevista no Jornal Nacional, horário nobre, com um representante da ABP de São Paulo (Prof. Macieira da UNIFESP) e o Coordenador da Coordenação de Saúde Mental do Ministério da Saúde - Prof. Pedro Gabriel (UFRJ).
Se muito vale o que ja foi feito, muito mais ainda temos que fazer, pois as demandas de cuidado e de atenção em saúde mental crescem a cada momento, desafiando-nos a concretização de uma política pública de saúde mental que precisa se aprimorar na rede pública municipal.
Em defesa da Reforma Psiquiátrica!
Na defesa do Sistema Único de Saúde!
Saudações Antimanicomiais,
Prof. Marco José Duarte
Coordenador do NEPS/UERJ



Saúde Mental na UERJ - A Construção II







SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO PSICOSSOCIAL EM PAUTA NA UERJ: PROFISSIONAIS DEFENDEM O CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL - CAPS da UERJ!






(Extraído do Boletim da ASDUERJ - Associação dos Servidores Docentes da UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro - setembro/2009)

"Em 1999, ao fazer uma visita à Policlínica Piquet Carneiro, que passara a ser gerida pela UERJ, o professor do Instituto de Psicologia, Ademir Pacelli, vislumbrou um espaço para a criação de um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) vinculado à universidade. “Era uma casinha no alto de uma colina muito adequada ao projeto”, lembra. Na época, Pacelli era supervisor de estagiários de psicologia do Hospital Dia Ricardo Montalban, que, então, funcionava na Vila Psiquiátrica do Hupe. Após dez anos e um longo processo de discussão e adequação, que incluiu, num primeiro momento, a transferência do HD para o Piquet Carneiro, o CAPS foi inaugurado no último dia 28 de maio.
O local ainda não é o vislumbrado pelo atual diretor do Instituto de Psicologia. A “casinha da colina” é, por enquanto, um projeto aguardando financiamento. Porém, a mudança para a antiga creche dos funcionários da Policlínica possibilitou não só novos ares à equipe do Hospital Dia, como sua expansão e transformação em Centro de Atenção Psicossocial.
Carro-chefe do projeto de reforma psiquiátrica, oficializado pela portaria 336/2002 do Ministério da Saúde, os Centros de Atenção Psicossocial têm o intento de mudar a abordagem no tratamento de pacientes com sofrimento psíquico. A proposta é romper com a lógica “hospitalocêntrica”, define o professor Marco José Duarte. Diretor da Faculdade de Serviço Social, Marco é mais um dos que já integravam a equipe como supervisor de estagiários de serviço social do Hospital Dia Ricardo Montalban, núcleo base do CAPS. Para ele, o modelo do HD, apesar de atender às diversas propostas da reforma, ainda é atrelado à lógica do tratamento hospitalar. Nos CAPS, afirma, “a centralidade do cuidado deixa de estar no procedimento médico em si e se coloca no usuário, na vida dele, na história dele”.
Psiquiatra contratado para trabalhar no CAPS, Leonardo Dias antecipa-se a elucidar qualquer equívoco quanto à proposta assistencial do Centro. “Não somos contra o tratamento. Somos contra o “asilamento”, as más condições das internações e de tratamento”, defende.
A psicóloga Naiara Castellar, integrante da equipe, lembra que a criação de um espaço fora do hospital é uma exigência da portaria. “O tratamento em saúde mental tinha o hospital como lugar fundamental. Internar era tratar e isso produzia longos períodos de internação e pacientes que só conseguiam viver dentro do hospital. Hoje tentamos produzir novos espaços, positivar as diferenças que o transtorno psiquiátrico significa para o homem”. Mas não se trata apenas de uma obrigação regulamentar, afirma. “Já não cabíamos mais dentro de um Hospital Dia. O desejo do nosso trabalho, a nossa maneira de cuidar, não cabia mais na vila psiquiátrica do HUPE. Agora, todos estão juntos nesse trabalho: a UDA de Psiquiatria, atualmente representada pelo professor Iso Jorge, os Institutos de Psicologia e de Nutrição, as Faculdades de Serviço Social e Enfermagem e a Policlínica. Somos todos parceiros”.
A constituição multidisciplinar da equipe não chega a ser uma novidade. A diferença está na gestão colegiada e interdisciplinar, aponta Marco José, que atualmente também é o supervisor clínico-institucional da equipe junto à Prefeitura. Segundo ele, este é um dos aspectos que o diferencia do trabalho feito num hospital, no qual o saber médico tem a última palavra. Para expressar esta horizontalidade, o grupo foi às últimas consequências, exigindo que a entrevista fosse feita com o coletivo. “Isto tem tudo a ver com nosso desejo, que inclui a formação de recursos humanos aptos a compreender esta nova ética de trabalho do cuidar”, completa Naiara. A interdisciplinaridade encontrou na Policlínica um ambiente propício, acredita a coordenadora de enfermagem da unidade, professora Regina Trino Romano. “A perspectiva é fazer aqui um laboratório que efetivamente integre ensino e serviços. Nesse sentido, foi feito um convite às unidades acadêmicas para que elas agregassem parcerias através de um professor no CAPS”, relata.
No momento, a coordenação técnica do CAPS é da servidora técnico-administrativa, a assistente social Neilanza Coe. Segundo a equipe, a coordenação está afinada com os parceiros internos da UERJ e extra-institucionais da área de saúde mental do município, estado e Ministério. Ela destaca a demanda pelo serviço existente na região. A saúde na cidade é recortada em áreas programáticas. A UERJ está localizada na AP 2.2, contemplando os bairros de Vila Isabel, Andaraí, Tijuca e Praça da Bandeira. A instalação desses centros são por A.P’s e estão em todo o
município. “Havia uma expectativa da rede de saúde mental que fosse implantado um CAPS na AP 2.2”, revela Neilanza. “Estamos num processo de implantação e aperfeiçoamento deste trabalho, formando a equipe conforme os princípios deste novo modelo de cuidado, além do objetivo com a formação multiprofissional de residentes e estagiários, como também se habilitando para o credenciamento oficial”, relata. Ela informa ainda a visita recente do conselho distrital da AP 2.2 para apresentação da proposta de trabalho. O professor Marco destaca que “com o credenciamento pelo Ministério, seremos o primeiro CAPS universitário do Rio de Janeiro e todos apostam nisso”.
O professor Pacelli reitera que, durante todo o processo, o coordenador da UDA de psiquiatria, professor Roberto Chaves Pavão, esteve sempre informado e foi convidado para todas as reuniões de construção desta passagem.
Participaram ainda desta entrevista a enfermeira especialista em saúde mental contratada para o CAPS, Renata Cerqueira, a residente em psicologia Juliane Chaves, a bolsista em treinamento profissional, a assistente social Rosimar Merodio, a terapeuta ocupacional Kátia Cursino, a bolsista de extensão do NEPS da Faculdade de Serviço Social Stephanie Silva e as estagiárias de psicologia Tania Sival e Renata Demarco".

domingo, 18 de outubro de 2009

Dia 10 de outubro - Dia Mundial da Saude Mental




Dia Mundial da Saude Mental - 10/10/2009




Estava em Madrid - Espanha e acompanhei de perto a luta da FEMASAM (Federação Madrilenha de Associações Pro Saude Mental), da AMSM (Associação Madrilenha de Saude Mental), da AMRP (Associação Madrilenhade Reabilitação Psicossocial) e da ANESM (Associação Nacional de Enfermagem em Saude Mental).




Em seu site, a FEMASAM (http://www.femasam.org/) informa que "como nos anos anteriores, no dia 10 de outubro celebramos o Dia Mundial da Saúde Mental. Convocado pela Federação Mundial de Saúde Mental e respaldado pela Organização Mundial da Saúde, este ano centra sua temática na importância da Atenção Primária e da Atenção Comunitária na Saúde Mental, justamente quando enfrentamos um plano de saúde mental 2009/2010 que ainda não está aprovado, mas que reduz recursos puramente psiquiátricos, como assistentes sociais e enfermeiros, não assume como como responsabilidade sanitária a reabilitação psicosocial e questiona o modelo de atenção comunitária. Apresentamo-nos de novo, de reclamar recursos dignos, integrais e coordenados como os que já existem nos países mais desenvolvidos da União Européia."




CONTRA A PRIVATIZAÇÃO DA SAUDE MENTAL EM MADRID - ESPANHA




As associações acima: FEMASAM, ANESM, ANESM e a AMRP membros da Mesa Pro Saúde Mental de Madrid quer expressar sua profunda discordância e preocupação com os seguintes aspectos do Projeto do Plano Estratégico de Saude Mental para 2009-2011:




1) A estrutura e o conteúdo do texto não correspondem a um verdadeiro Plano de Saúde Mental, assumindo as características de um relatório situacional e as recomendações sem autorização orçamentária e os prazos para implementação e ferramentas de implantação, acompanhamento e avaliação desses.




2) O desaparecimento da natureza pública e gratuita de cuidados de saúde e equidade e acessibilidade para todos os cidadãos da Comunidade de Madrid para o sistema de saúde pública e os valores que sustentam o modelo de atenção.




3) O desaparecimento da "Distribuição de assistência e cuidados de saúde que rompe radicalmente com o modelo de atenção que tinha sido desenvolvido na região de Madrid e impede uma comunidade de cuidados com base, tornando impossível para manter a continuidade dos cuidados , ferramenta indispensável no tratamento das doenças e problemas de saúde mental.


4) O desaparecimento do Escritório Regional de Saúde Mental como autoridade de saúde eficaz com a capacidade de combater as políticas de saúde mental e para o diálogo com a gestão hospitalar.


5) O desaparecimento de apoio institucionais vinculados às associações de pacientes, contidas no plano anterior.


6) As relações de profissionais não-psiquiátrias (psicologia, enfermagem e serviço social) são claramente insuficientes para efectuar uma abordagem global dos transtornos mentais e especialmente para a criação e o desenvolvimento de Programas de Reabilitação e Cuidados Continuados, instrumento da comunidade técnica essencial no tratamento de transtornos mentais graves para o século XXI.


7) O Ministério da Saúde ignora completamente a reabilitação psicossocial, proporcionar saúde também está incluído no portfólio de serviços do Sistema Nacional de Saúde, considerando como todas as intervenções sociais que são realizados na reabilitação e dispositivos assistenciais, para uma abordagem a médio e longo prazos sobre os transtornos mentais graves, a hospitalização prolongada exclusivamente em detrimento do fortalecimento dos programas de reabilitação para os Centros de Saúde Mental: assistência, comunidade, trabalho social e reabilitação psicossocial.




Portanto, as associações acima estão requerendo:




• A retirada da proposta de Plano Estratégico de Saúde Mental 2009-2011.


• O desenvolvimento de um novo projeto de Plano de Saúde Mental:


- Mantém os princípios e valores da organização atual dos cuidados e as recomendações da Estratégia de Saúde Mental no Sistema Nacional de Saúde


- Incluir a reabilitação e programas de serviços de saúde local de recuperação e reabilitação psicossocial no centro das atenções de transtornos mentais graves


- Tem um resumo financeiro


- Estabelecer a distribuição dos recursos de acordo com um modelo territorial


- Tenha um período não inferior a 5 anos


- Tenha um pedido explícito de cronograma


- É avaliável com respeito


- É aplicável e obrigatório em toda a Comunidade de Madrid.


- Tem um amplo consenso profissional e controle parlamentar e social.


- Incluir um orçamento explícito e detalhado de acordo com o cronograma de execução




(Mais informações da rede de associações: http://www.saludementalmadrid.blogspot.com/)




A realidade da política de saúde mental na Espanha é muito diferente da nossa no Brasil. Há um retrocesso visível de desfinanciamento público, e o mix público-privado já é uma realidade. Isso tem consequencias graves que percebemos em conversas informais com as lideranças técnicas, usuários e familiares da luta presentes em Madrid no dia 10 de outubro.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

AS DUAS FACES DA COLÔNIA JULIANO MOREIRA - Contradições no Rio de Janeiro

REALIDADE DÚBIA

Publicada em 29/09/2009 às 15h16m no Jornal O GLOBO


Fernanda Baldioti


RIO - Enquanto algumas pacientes da Unidade Franco da Rocha, um dos núcleos da antiga Colônia Juliano Moreira, moram em lares de acolhimento que têm camas no lugar de leitos hospitalares, quartos com suíte e até mesmo refeitório com mesinhas com flores, a realidade em outros setores do conjunto psiquiátrico é bem diferente. A dualidade entre o novo modelo de saúde mental preconizado pelo Ministério da Saúde a partir da reforma psiquiátrica e as tradicionais aglomerações de pacientes em amplas salas no estilo manicomial coexistem na Colônia.



Em um dos pavilhões da Unidade Teixeira Brandão, as internas estão alojadas em um grande salão, com armários arrebentados, leitos enferrujados, paredes descascadas e mofadas. Durante a visita do GLOBO na quinta-feira passada, dia 24 de setembro, a água do banheiro escoava para a enfermaria e até um pombo pôde ser visto no local. Em outro setor da unidade, além desses problemas, no banheiro há um tonel cheio de água sob uma torneira que não para de pingar. Mesmo tendo piores condições de manutenção, a Teixeira Brandão abriga cerca de 200 mulheres, quase o dobro da Franco da Rocha, que tem em torno de 110 internas - sendo 60 em lares de acolhimento e 50 em enfermarias que também têm infraestrutura melhor.



De acordo com a Secretaria municipal de Saúde e Defesa Civil, as diferenças não devem permanecer por muito tempo: a Teixeira Brandão vai ser desativada e parte das pacientes irá para a Franco da Rocha, que vai passar por reformas para aumentar a capacidade. Mas, ainda não se tem o valor que será investido e nem um prazo para que a mudança seja realizada. Segundo o diretor geral da Colônia Juliano Moreira, Marcos José Martins, o processo está em fase de planejamento. Ainda este ano será feito o projeto arquitetônico e estabelecido o custo para que isso seja apresentado ao governo para entrar no orçamento do ano que vem da Prefeitura.



- O fato de a unidade ser desativada não é justificativa para que as pacientes continuem sendo mantidas em más condições e, pior, por um período indeterminado - argumenta o presidente da Comissão de Saúde da Câmara, vereador Carlos Eduardo (PSB), que vistoriou a Colônia junto com o presidente do Sindicato dos Médicos, Jorge Darze, na última quinta-feira.



O coordenador da Saúde Mental do Rio de Janeiro, Mário Barreira, ressaltou que toda a Colônia, que já não recebe novos pacientes crônicos, será reformulada. Segundo ele, na Unidade Ulisses Viana, alguns pavilhões vão receber famílias cujas casas serão demolidas em função das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) na região e outros pavilhões receberão pacientes que já têm condições de viver em sociedade:
- A ideia é mesmo mesclar. Isso reduz o estigma e faz com que essa nova comunidade inclua esses excluídos - afirmou.



Cadeiras de roda, leitos e até televisão jogados na colônia abandonada


O processo de desativação de alguns núcleos já começou em alguns pavilhões da Juliano Moreira.



O complexo, que chegou a ter cerca de 5 mil pacientes na década de 60, hoje abriga 530 pessoas. Segundo Barreira, algumas unidades tendem a ser cedidas para outras finalidades públicas. Mas, enquanto isso não acontece, o que se vê nos imóveis que não estão mais sendo usados é o completo abandono. Em um dos prédios da Teixeira Brandão que já foi esvaziado é possível encontrar leitos, cadeiras de rodas, móveis em bom estado de conservação, porém, amontoados e jogados como se fossem entulho em meio a fezes de pássaros.


- Esses materiais que estão apodrecendo poderiam ser enviados para outras unidades de saúde em que constantemente vemos pacientes sendo levados no muque por falta de cadeiras de roda. Não basta fazer investimentos. A má gestão do dinheiro público faz com que a verba não tenha impacto - ressaltou Carlos Eduardo.


No entanto, o coordenador da Saúde Mental afirma que dar baixa em qualquer equipamento é um processo complicado e esbarra em questões burocráticas:
- Existe material inservível que parece em bom estado, mas não é recuperável. Além disso, a burocracia dificulta a remoção desse material. Cada equipamento tem que ser registrado e precisa passar por uma comissão e depois por outra para ser liberado.


Em nota, a secretaria informou que as unidades desativadas necessitam de reformas que já estão em fase de estudo. Segundo a secretaria, os equipamentos que estão no local são de patrimônio federal, da época em que a Colônia pertenceu ao Ministério da Saúde, e a direção está em negociação para devolvê-los.


Apesar de não estar abandonado e apresentar boas condições de manutenção, no Hospital Jurandyr Manfredini, grande parte do ambulatório está sem uso. Já na área de emergência não há equipamentos como desfibrilador e eletrocardiograma. Além disso, o hospital sofre com um déficit de três a quatro psiquiatras, segundo informou uma funcionária que não quis se identificar. Para ela, boa parte dos funcionários reside na Zona Sul e não quer trabalhar tão longe de casa.


Segundo a secretaria, a área que não está em uso deverá ser transformada em leitos de média permanência masculina. Sobre os equipamentos, a secretaria informou que a Colônia conta com duas caixas de paradacardiorrespiratória, e existindo necessidade de um aparato maior, os pacientes são encaminhados para o Hospital Álvaro Ramos, que também fica dentro da Colônia. O desfibrilador está em processo de compra pela unidade.


Em um imóvel ao lado do prédio desativado da Teixeira Brandão, internas aguardavam ansiosas no começo da tarde da última quinta-feira. Com unhas feitas, maquiagem, roupas coloridas, brincos, colares e até salto alto, elas esperavam a hora de, como as misses, mostrarem por que foram eleitas as rainhas e as princesas das suas alas de internação.


Os preparativos começam dois meses antes da festa. Ao longo de um mês, as enfermarias realizam prévias entre todas as pacientes, os técnicos e demais trabalhadores da unidade para eleger a Rainha do Núcleo. A apuração ocorreu dois dias antes da festa por comissão eleitoral fiscalizada pelas pacientes. As seis candidatas finalistas concorrem ao título de Rainha da Primavera, as demais candidatas também desfilam e concorrem ao titulo de Princesa. As faixas são bordadas e customizadas pelas pacientes nas oficinas. O desfile tem uma trilha musical escolhida por cada uma das candidatas que escolhe a música que quer para o seu desfile.


A vice-diretora do Instituto Municipal de Assistência à Saúde Juliano Moreira, Anna Cristina Cardoso Fontes, enfatiza que o evento vai além da festividade:
- É uma forma de elas se sentirem orgulhosas, de se olharem no espelho, pois, com o tempo, até disso elas abdicam. Com ações desse tipo, trabalhamos aspectos como higiene, vaidade, pois elas se maquiam, colocam acessórios e se envolvem no processo por mais de um mês, quando começam as votações de quem será a representante de cada enfermaria.



segunda-feira, 28 de setembro de 2009

HOSPITAIS PSIQUIÁTRICOS NO RIO EM AGONIA - O Contra-Choque de Ordem na cidade

DESCASO!!!
Hospitais psiquiátricos do Rio em agonia - usuários dormem no chão!

(Matéria Publicada em 28/09/2009 às 09h35m Jornal O GLOBO)
Fernanda Baldioti

RIO - Internos dormindo no chão, fumando na enfermaria, pacientes obrigados a comer em pé, leitos sem colchão, roupas misturadas ao lixo, banheiros sem pia e sanitários esguichando água. Este foi o quadro encontrado pelo presidente da Comissão de Saúde da Câmara, vereador Carlos Eduardo (PSB), durante uma vistoria realizada no Instituto Municipal de Assistência à Saúde Nise da Silveira, mais conhecido como hospício do Engenho de Dentro, e no Instituto Municipal Philippe Pinel, em Botafogo. A crise, causada em parte pelo corte no orçamento e pelo hiato entre o que é gasto e o valor repassado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), levou o psiquiatra Edmar Oliveira a pedir demissão do cargo de diretor do Nise este mês, após dez anos exercendo a função:
- A secretaria cortou 25% dos contratos terceirizados, que são responsáveis por setores como alimentação e limpeza. Com isto, gestores que, como eu, já vinham fazendo economia, foram prejudicados. Eu já tinha cortado todos os excessos, com menos 25%, não tinha mais como trabalhar. As enfermarias estão em petição de miséria. Com essa verba, só conseguia trocar as lâmpadas - afirmou Oliveira.



A falta de infraestrutura e de manutenção é visível no Nise da Silveira: leitos com a estrutura de ferro cortada pela ferrugem e expostos ao contato dos pacientes, colchões rasgados, goteiras sobre as camas. No banheiro, o reboco do teto desmoronou e não há portas nas cabines, o que deixa os internos sem privacidade.
Durante a vistoria, realizada no fim de agosto, um paciente foi flagrado lavando a cabeça na pia do refeitório. Mofo e infiltrações podiam ser vistos nas paredes dos corredores, de enfermarias, banheiros e outros setores da unidade. Os poucos armários que existem estavam sem portas, e os pacientes não tinham onde guardar os pertences.
Segundo um funcionário do Nise que pediu para não ser identificado, por falta de pessoal, o tratamento dos pacientes praticamente se restringe à medicação. As atividades acontecem uma vez por semana, durante duas horas.
- Eles acabam se estapeando por qualquer coisa. É cadeirada para cima e para baixo. Teve um paciente que arrancou a orelha do outro, e um interno que teve o lábio arrancado. Ano passado, um morreu após uma briga aqui dentro. É difícil trabalhar num local desses. Muitos colegas estão adoecendo, inclusive mentalmente. Trabalhamos sob pressão de dia e de noite - relatou o funcionário.



A morte do interno que foi agredido aconteceu no ano passado, ainda sob a gestão de Oliveira. Segundo ele, um dos problemas foi a demora no atendimento. Como não há ambulância no Nise (nem no Pinel) esperou-se mais de uma hora até que o paciente fosse levado para um hospital.
A Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil informou que conta com serviço terceirizado de ambulâncias, que ficam baseadas em pontos estratégicos da cidade. "A unidade que necessita do serviço liga para a central é prontamente atendida", afirmou, em nota.



Internos fumam sem serem incomodados



No Hospital Philippi Pinel, a situação não é diferente: foram encontrados colchões e cobertores rasgados, além de madeira podre substituindo o estrado das camas. Nos banheiros, as pias estão sem encanamento e a água cai no chão, as descargas estão com defeito e não há água quente nos chuveiros.
Segundo denúncia de uma funcionária, como os armários estão arrombados e quebrados, as pacientes dormem abraçadas aos pertences para não serem roubadas. Ela relata que há briga até mesmo por causa de roupas íntimas, como calcinhas.

No refeitório, há apenas quatro cadeiras para todos os pacientes da unidade. Muitos reclamam que comem sentados no chão ou em pé. Segundo uma paciente que não quis se identificar, a refeição é regulada: se alguém derruba a comida no chão, não receberá outra. Também não é permitido repetir o prato.
- Um interno me contou que eles fazem a dança das cadeiras e quem se sentar come sentado. Isto é forma de ressocializar alguém? Que ambiente é esse de internação? - questiona o vereador Carlos Eduardo.



Apesar de a constituição proibir o consumo de cigarro dentro de hospitais e ambientes fechados, a cena é comum tanto no Pinel quanto no Nise. O funcionário do Nise relata que há brigas constantes por cigarro. Segundo ele, o vício dos pacientes é mantido por parentes, que levam os cigarros. Como nem todos recebem visitas, cria-se o tumulto.
- A enfermagem oferecia cigarro para nós se a gente se comportasse e não ficasse incomodando. Hoje eles não dão mais cigarro, mas foi aqui que aprendi a fumar, com 15 anos - revela uma paciente do Pinel.



De acordo com a secretaria, tanto no Pinel quanto no Nise da Silveira, só é permitido que os pacientes fumem no pátio. Em nota, a secretaria informou que o Pinel conta com um grande refeitório no térreo, que tem capacidade para receber todos os pacientes. E há ainda algumas copas, nos andares com espaço, para pequenas refeições no caso de pacientes que não têm condições físicas para locomoção e não podem descer até o refeitório principal. A secretaria ressaltou que a quantidade de refeições contratadas é suficiente para a alimentação de todos os pacientes, além absorver o número de refeições excedentes, quando necessário.



Pacientes do ambulatório reclamam da falta de psicólogos



A paciente Deise Correia, que tem síndrome do pânico e faz uso do ambulatório do Nise da Silveira, revela que desde o início do ano não há mais o tratamento sistemático com os psicólogos. Segundo ela, há três meses os pacientes conseguiram uma sala para realizarem reuniões de autoajuda:
- Tínhamos uma consulta uma vez por mês com uma psiquiatra e semanalmente com uma terapeuta. Isto não existe mais. Semana passada, chegou uma senhora muito mal e nós que a ajudamos. Em maio, consegui marcar uma consulta para outubro, mas a médica nova pediu demissão. Como insisti muito e pedi pelo amor de Deus que ela me desse remédio, ela me atendeu, mas só fez repetir a receita. A gente pergunta se esse hospital está acabando e ninguém sabe responder - relatou Deise.



Por causa da falta de tratamento psiquiátrico ambulatorial, o presidente da Associação dos Moradores do Entorno do Engenhão, Aníbal Antunes, organizou uma manifestação que contou com cerca de 70 pessoas no último dia 14. Antunes relata que alguns médicos se queixaram de que não têm sequer um fichário para anexar o prontuário.



- Sem terapia, não há remédio. O tratamento era semanal, passou a ser quinzenal e agora os pacientes se reúnem, fazem autoajuda e sem o profissional acompanhando. Fico sensibilizado porque tenho uma amiga que passava muito por aqui e sempre dizia que nunca havia pensado que precisaria do hospital um dia. Pedimos que o secretário de saúde crie uma solução. Se isto não acontecer, vamos fazer mais manifestações e até acionar o Ministério Público.



De acordo com a direção do Nise da Silveira, a unidade oferece reuniões de autoajuda com a participação de monitores treinados, que em alguns casos são também usuários. Há também a atuação de terapeutas ocupacionais, psicólogos e enfermeiros que participam das atividades terapêuticas, como oficinas de dança e de arte, juntamente com os pacientes.



A direção do Nise informou ainda que a unidade é antiga, da década de 40, e está passando por manutenção preventiva e obras. "A área que está com problemas de infiltrações está interditada, e todos os pacientes foram transferidos para outra enfermaria", afirma uma nota da secretaria de Saúde.



Na nota, a secretaria informou que a demanda por limpeza e manutenção de um hospital psiquiátrico é maior do que a das demais unidades: "Há casos em que os pacientes quebram equipamentos, e o serviço contratado conta com o plantonista para cuidar destes casos corretivos. Todo lixo da unidade é selecionado e separado como infectante ou não infectante, e há quantidade suficiente de colchões para reposição".



Com relação ao corte de 25% dos contratos terceirizados, a secretaria informou que ele foi realizado em contratos de alguns serviços da prefeitura, para adequação do orçamento às contas do município, não havendo perda na qualidade dos serviços prestados. "Esta medida foi adotada para que fosse possível pagar os débitos da gestão anterior e os deste ano".



Confira amanhã o estado de conservação da Colônia Juliano Moreira



Maiores Informações e vídeos sobre a vistoria:


sábado, 26 de setembro de 2009

INSCRIÇÕES HOMOLOGADAS - NOVAS INFORMAÇÕES SOBRE O CURSO DE EXTENSÃO


Prezados/as


A Coordenação do NEPS – Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Saúde Mental e Atenção Psicossocial, da Faculdade de Serviço Social da UERJ através dessa está divulgando a homologação dos inscritos (os selecionados) para fazerem o Curso de Extensão em Política de Saúde Mental e Atenção Psicossocial: Produção do Cuidado & Formação Crítica na UERJ. Nosso período de inscrição, ou seja, do envio das fichas de inscrição, teve que ser encerrado antes mesmo do prazo previsto para o seu término, dia 25/09/09, por conta de uma demanda bem maior que o nosso número de vagas, inicialmente, 30.


Após o recebimento de exatas 156 fichas de inscrição, tivemos que proceder a um processo de análise e seleção dos que enviaram suas fichas de inscrição, denominamos essa etapa, antes inexistente, de processamento interno. Nesse processo, fomos obrigados a definir critérios para uma melhor definição dos interessados elegíveis, tomando como prioridade a inserção técnica e institucional no campo da saúde mental e atenção psicossocial. Por outro lado, dobramos o número de vagas que antes seria só de 30 para 60, contudo mantendo a infra-estrutura e o projeto pedagógico do curso.


Assim, coube-nos informar sobre o ACEITE e o INDEFERIMENTO aos que enviaram suas fichas de inscrição. Dessa forma, procedemos da seguinte forma, dividimos os inscritos em dois grupos e enviamos mensagem de e-mail.


O grupo que teve sua inscrição ACEITA estamos esperando no dia 06/10/09, às 18:30, no Auditório Prof. Wilson Cardoso (Antigo A), 9º andar, Bloco D na Faculdade de Serviço Social da UERJ, no Pavilhão Central, João Lyra Filho – Campus Maracanã, para abertura do curso e conseqüentemente para efetivação da inscrição. A ausência significará imediatamente no não interesse, e procederemos assim a chamada da lista de espera.


O grupo que teve sua inscrição INDEFERIDA no curso, aproveitamos esse espaço para registrar que infelizmente não pudemos atender e acolher a todas/os. Lamentamos, mas de antemão queremos afirmar o nosso compromisso de uma nova edição do curso para o ano de 2010.


Certos de contarmos com a compreensão, apoio e empenho de todos/as no êxito do nosso curso,


Cordialmente,


Prof. Marco José Duarte e Equipe do NEPS/UERJ

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

VIII Congreso Internacional de Salud Mental y Derechos Humanos


VIII Congreso Internacional de Salud Mental y Derechos Humanos, promovido pela Universidad Popular Madres de Plaza de Mayo, com o tema: Clínica y Política, de 19 al 22 de noviembre de 2009. Inscriciones hasta 25/09/09.

Maiores informações na imagem.

Saudações Antimanicomiais Internacionais!

Mudando o Imaginário Social da Exclusão


terça-feira, 22 de setembro de 2009

Vistoria encontra indício de maus tratos em hospital psiquiátrico no interior do Rio de Janeiro!


Pacientes estavam sem roupa e dormitórios sem condições de higiene.

A Secretaria de Saúde solicitou que o SUS descredencie a instituição.


Uma vistoria num hospital psiquiátrico de Rio Bonito, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, encontrou indícios de maus tratos a pacientes com transtornos mentais. Pacientes sem roupa, dormitórios com colchões rasgados, sem lençóis, camas imundas. 436 pessoas estão internadas no hospital Colônia, de Rio Bonito. Vieram de outros municípios onde não há tratamento psiquiátrico e vivem em condições subumanas. Usam banheiros cheios de infiltrações, com vasos sujos e quebrados. O número pequeno de profissionais não dá conta nem da higiene básica. Um local que serviria para o banho está com teto quebrado, cheio de goteiras. Na hora do almoço, a fila para o refeitório é do lado de fora. A comida é entregue por uma janela e alguns comem com os pratos nas mãos. As alas do hospital tinham muito mau cheiro. No consultório de odontologia, foram encontrados medicamentos vencidos. A diretora do hospital foi presa e liberada depois de pagar fiança. Ela deve responder por crime contra a saúde pública e não quis gravar entrevista. Todas as irregularidades encontradas durante a fiscalização serão relatadas ao Ministério Público e a associações de direitos humanos. Os profissionais de saúde também vão encaminhar um documento ao Governo do Estado cobrando uma ação no hospital. “O que nós queremos é que o estado se responsabilize, porque 100% são pacientes do SUS. Não tem leito particular”, diz Cláudia Arari, membro do Conselho Regional de Psicologia. A lei que regulamenta o tratamento para pessoas portadoras de transtornos mentais proíbe a existência de pacientes em instituições com características de asilo e obriga que a unidade ofereça além de serviços médicos, assistência social e psicológica e atividades ocupacionais e de lazer. “O que nós achamos que deva haver e que, infelizmente, nós ainda não temos, são unidades psquiátricas em hospitais gerais, que dêem em conta de uma demanda, que é a maior demanda, com ambulatórios de psiquiatria onde o médico psiquiatra possa tratar das doenças psiquiátricas, não só da esquizofrenia, mas também de depressão, ansiedade, de várias situações, como o uso de álcool e drogas. Hoje, infelizmente, nós não temos”, afirma João Carlos Dias da Silva, diretor da Associação Brasileira de Psiquiatria. A Secretaria de Saúde do Estado informou que o descredenciamento do hospital do SUS já foi pedido ao Ministério da Saúde, que informou que vai apurar as denúncias.


FOTO: Atual Escola de Comunicação da UFRJ (Antigo Hospício Nacional)

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

INSCRIÇÕES ENCERRADAS!!!

O CURSO É UMA NECESSIDADE DE FORMAÇÃO PARA O CUIDADO EM SAÚDE MENTAL por isso pensamos e criamos o Curso de Extensão em promoção do NEPS/UERJ com apoio do CAPS/UERJ.
A procura pessoal e virtualmente para com o nosso curso foi enorme...entretanto lamentamos profundamente aos que não possam mais se inscrever no Curso de Extensão, pois fomos obrigados a encerrar as inscrições pois a demanda foi bem maior que a oferta. Isso se deve ao número de vagas, e extrapolá-lo inviabilizaria a proposta didático-pedagógica do curso, além do que temos um número reduzido de cadeiras no auditório.
Pedimos a compreensão e a colaboração de todas e todos os interessados, e garantimos desde já uma segunda edição, até com novos conteúdos programáticos, já para o próximo ano, logo no primeiro semestre.
Saudações Antimanicomiais,
Equipe do NEPS/UERJ

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Curso de Extensão em Saúde Mental e Atenção Psicossocial na UERJ


O NEPS - Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Saúde Mental e Atenção Psicossocial da Faculdade de Serviço Social da UERJ estará promovendo o CURSO DE EXTENSÃO em POLÍTICA DE SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO PSICOSSOCIAL: PRODUÇÃO DO CUIDADO & FORMAÇÃO CRÍTICA, no período de 06 de outubro à 15 de dezembro, sempre às terças-feiras, das 18:30 às 21:30, no Auditório A (Prof. Wilson Cardoso) da FSS/UERJ, 9º andar, Bloco D, do Pavilhão Central João Lyra Filho da UERJ.

As inscrições estão abertas até o dia 25 de setembro.

Quaisquer informações, envie e-mail para psicossocial.uerj@gmail.com para preenchimento do formulário próprio.


OBJETIVOS DO CURSO:
Capacitar os participantes para o entendimento do modelo técnico-assistencial de atenção psicossocial a partir da crítica à constituição histórica da política de saúde mental no Brasil; Socializar e familiarizar junto aos participantes o debate teórico-conceitual e as experiências interventivas constitutivas do campo da saúde mental brasileiro; Vivenciar diversas situações estratégicas referentes à produção do cuidado no campo da atenção psicossocial; Fomentar o debate sobre as condições de trabalho e sobre a saúde do trabalhador da rede de atenção psicossocial, bem como discutir os efeitos nocivos do processo de precarização do trabalho na atenção e no cuidado; Desenvolver a criatividade, a crítica e a inovação na superação dos desafios à formação profissional para o referido campo.


JUSTIFICATIVA DO CURSO:
Considerando a realidade da Lei Federal 10.216/01 (Lei da Saúde Mental) e a implementação dos Centros de Atenção Psicossocial – CAPS como um novo modelo técnico-assistencial no campo da saúde mental e atenção psicossocial; Considerando as diferenças da produção do cuidado a partir de seus agentes institucionais: técnicos, usuários e familiares na constituição de um modelo substitutivo de atenção e formação crítico às perspectivas hospitalocêntrica e manicomial; Considerando a importância do debate sobre as relações de trabalho e sobre a saúde do trabalhador da rede de atenção psicossocial; Considerando as experiências interventivas transdisciplinares que operam o campo da atenção psicossocial a partir do pensamento social crítico na saúde coletiva, em geral, e na saúde mental, em particular, que vêm contribuindo para um aprendizado cidadão e antimanicomial dos agentes na produção do cuidado na atenção psicossocial.


PÚBLICO-ALVO:
Estudantes de graduação e pós-graduação, residentes e profissionais das diversas áreas do conhecimento científico que constituem o campo da Saúde Mental;
Representantes e integrantes dos movimentos de usuários e familiares dos serviços de saúde mental, bem como de outros movimentos sociais;
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:
BREVE CONSIDERAÇÃO SOBRE A HISTÓRIA DA LOUCURA E OS MODELOS REFORMADORES INTERNACIONAIS

POLÍTICA DE SAÚDE MENTAL NO BRASIL – Considerações Históricas e Políticas do século XX no campo da Saúde Mental e Atenção Psicossocial.

ANTES E DEPOIS DA LEI 10.216/01 – Questões Paradigmáticas e Transitórias da Reforma Psiquiátrica brasileira.

LEGISLAÇÕES PARA O CAMPO DA SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO PSICOSSOCIAL – Direitos & Conquistas – Limites & Retrocessos!

O PROBLEMA DA PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO EM SAÚDE MENTAL.

MOVIMENTOS SOCIAIS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL NO CAMPO DA SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO PSICOSSOCIAL – A organização das associações de usuários e familiares na cena política e institucional pela Reforma Psiquiátrica.

CUIDADO E FORMAÇÃO PARA UM NOVO MODELO ASSISTENCIAL – Diferenças e Repetições no cotidiano da rede dos serviços de atenção psicossocial

QUE CLÍNICA DA ATENÇÃO PSICOSSOCIAL? Questões transdisciplinares.

ATENÇÃO PSICOSSOCIAL À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE – A questão das abordagens psicossociais críticas no campo da saúde mental hoje.

ATENÇÃO PSICOSSOCIAL AOS USUÁRIOS DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS – A questão das abordagens psicossociais críticas no campo da saúde mental hoje.

UMA AGENDA UNIVERSITÁRIA E DOS MOVIMENTOS SOCIAIS PARA O CAMPO DA SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO PSICOSSOCIAL – Formação para a Reforma Psiquiátrica na universidade
METODOLOGIA DO CURSO:
Exposição oral com recurso áudio – visual
Exercícios práticos com dinâmicas individuais, em duplas e em grupos.
Estudo de caso e vivências.
Projeção de filmes.
Será fornecida apostila com todos os textos científicos de apoio selecionados para o curso.

OUTAS INFORMAÇÕES:
Carga Horária Total: 30 horas
Valores: Curso de Extensão Universitária Público e Gratuito
Vagas: 30
Telefone: (o21) 2334.0422 Ramal 204
COORDENAÇÃO GERAL:
Prof. Marco José Duarte (FSS/UERJ)
Prof. Alexandre Magno de Carvalho (FSS/UERJ e UNIRIO)
EQUIPE ORGANIZADORA:
Christiane Pessanha Athayde (SMS e CPRJ)
Débora Alves Campos – Estudante de Graduação da FSS/UERJ
Josélia Ferreira dos Reis – Estudante de Pós-Graduação da ESS/UFF e JF-RJ
Neilanza Micas Coe – CAPS/UERJ e CPRJ
Rejane da Costa Antônio – Estudante de Graduação da FSS/UERJ
Sirley Tereza dos Reis – Extensionista – Graduanda da FSS/UERJ
Stephanie Santos da Silva – Bolsista de Extensão – Graduanda da FSS/UERJ
Thaís – Estudante de Pós-Graduação da FSS/UERJ e R2 SS/HUPE/UERJ
Tânia de Oliveira – HUPE/UERJ
Tatiana Guimarães do Espírito Santo – Estudante de Graduação FSS/UERJ
COLABORADORES e CONVIDADOS:
Prof. Ademir Pacelli (IP/UERJ)
Prof. Alejandro Klein (Instituto de Psicologia/USP)
Profra Artemis Garcia Marinho (ESS/UFF)
Conceição Robaina (FIOCRUZ)
Profra Doris Luz Rinaldi (IP/UERJ)
Edvado Nabuco (LAPS/FIOCRUZ)
Prof. Jorge Vasconcelos (UFRJ)
Psiquiatra Leonardo Martins Dias (CAPS/UERJ)
Prof. Luiz Antônio Baptista (DPSI/ICHF/UFF)
Psicóloga Nayara Castellar (CAPS.UERJ)
Prof. Paulo Amarante (LAPS/FIOCRUZ)
Enfermeira Renata Cerqueira (CAPS/UERJ)
Assistente Social Rosimar Meródio (CAPS/UERJ e HMJM)
Prof. Sérgio Alarcon (FIOCRUZ e SMS-RJ)
Profra Tatiana Rangel Reis (ESS/UFF)
entre outros/as que estão a confirmar...

APOIO:
CAPS.UERJ (Centro de Atenção Psicossocial da UERJ)

Depressão será a doença mais comum do mundo em 2030, diz OMS




DEPRESSÃO E QUESTÃO SOCIAL: A loucura como produção social




Segundo OMS, pobres sofrem mais com problema que ricos!




Dados divulgados nesta quarta-feira pela Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que, nos próximos 20 anos, a depressão deve se tornar a doença mais comum do mundo, afetando mais pessoas do que qualquer outro problema de saúde, incluindo câncer e doenças cardíacas.



Segundo a OMS, a depressão será também a doença que mais gerará custos econômicos e sociais para os governos, devido aos gastos com tratamento para a população e às perdas de produção.



De acordo com o órgão, os países pobres são os que mais devem sofrer com o problema, já que são registrados mais casos de depressão nestes lugares do que em países desenvolvidos.



Atualmente, mais de 450 milhões de pessoas são afetadas diretamente por transtornos mentais, a maioria delas nos países em desenvolvimento, segundo a OMS. As informações foram divulgadas durante a primeira Cúpula Global de Saúde Mental, realizada em Atenas, na Grécia.



"Os números da OMS mostram claramente que o peso da depressão (em termos de perdas para as pessoas afetadas) vai provavelmente aumentar, de modo que, em 2030, ela será sozinha a maior causa de perdas (para a população) entre todos os problemas de saúde", afirmou à BBC o médico Shekhar Saxena, do Departamento de Saúde Mental da OMS.



Ainda segundo Saxena, a depressão é mais comum do que outras doenças que são mais temidas pela população, como a Aids ou o câncer.



"Nós poderíamos chamar isso de uma epidemia silenciosa, porque a depressão está sendo cada vez mais diagnosticada, está em toda parte e deve aumentar em termos de proporção, enquanto a (ocorrência) de outras doenças está diminuindo."



Segundo o médico, os custos da depressão serão sentidos de maneira mais aguda nos países em desenvolvimento, já que eles registram mais casos da doença e têm menos recursos para tratar de transtornos mentais.



"Nós temos dados que apontam que os países mais pobres têm (mais casos de) depressão do que os países ricos. Além disso, até mesmo as pessoas pobres que vivem em países ricos têm maior incidência de depressão do que as pessoas ricas destes mesmos países", afirma Saxena.



"A depressão tem diversas causas, algumas delas biológicas, mas parte dessas causas vem de pressões ambientais e, obviamente, as pessoas pobres sofrem mais estresse em seu dia-a-dia do que as pessoas ricas, e não é surpreendente que elas tenham mais depressão."



Segundo o médico, o aumento nos casos de depressão e os custos econômicos e sociais da doença tornam mais urgentes uma mudança de atitude em relação ao problema.



"A depressão é uma doença como qualquer outra doença física, e as pessoas têm o direito de ser aconselhadas e receber o mesmo cuidado médico que é dado no caso de qualquer outra doença."



Para mais notícias, visite o site da BBC Brasil
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sexta-feira, 21 de agosto de 2009

MARCHA DOS USUÁRIOS DE SAÚDE MENTAL PELA REFORMA PSIQUIÁTRICA ANTIMANICOMIAL


A Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial – RENILA, com apoio de diversas entidades, está organizando para o dia 30 de setembro de 2009, a Marcha dos Usuários a Brasília – Por uma Reforma Psiquiátrica Antimanicomial e conclama a todas as organizações, entidades e associações de usuários e familiares para se organizarem e Marchar rumo a Brasília.
Neste momento, forças contrárias à Reforma Psiquiátrica Brasileira, em movimento organizado, utilizam os meios de comunicação de massa, numa verdadeira campanha para frear e desacreditar o Sistema Único de Saúde (SUS) e nossas conquistas da Luta Antimanicomial.


Nesses meios de comunicação são ouvidas autoridades e profissionais "doutores na matéria". Casos mal sucedidos são pinçados e apresentados como regra, fragilizando o trabalho desenvolvido e influenciando negativamente a opinião pública, contra os avanços da Reforma Psiquiátrica.A voz do usuário nunca aparece. Suas entidades não são procuradas pelos jornalistas e suas opiniões não são consideradas.


Chega de covardia! Chega de manipulação da informação!


Os usuários dos Serviços de Saúde Mental, que durante anos foram vítimas do abandono e da violência das internações psiquiátricas em hospitais asilares ou modernizados, exigem que suas opiniões sejam levadas em consideração.


São eles que podem dizer o que querem. São eles, os que hoje freqüentam os Serviços Substitutivos e que tem sua cidadania e inclusão social potencializada, é que podem dizer que a Reforma Psiquiátrica Brasileira se constitui num patrimônio técnico, ético e político, do qual não estão dispostos a abrir mão. São eles, os usuários e familiares da Luta Antimanicomial, a prova viva de que os loucos podem viver em sociedade e que podem ser tratados em liberdade e com cidadania.


Exigimos que a voz do usuário seja ouvida! Por isso, a RENILA convida para juntos chegarmos em Marcha rumo à Brasília, partindo de todo o Brasil, onde durante todo o dia participaremos de atividades político-culturais e mostraremos nossa Força. A Marcha é um espaço de visibilidade e expressão política dos usuários de Saúde Mental e suas organizações junto ao Governo Federal e a sociedade, com a finalidade de:


Defender o SUS;
Defender a Lei 10.216/01;
Reivindicar a realização da IV Conferência Nacional de Saúde Mental;
Reivindicar a Reforma Psiquiátrica Antimanicomial, evidenciando o protagonismo dos usuários e fortalecer a Organização Política dos Usuários;
Exigir a efetiva implantação do Programa De Volta Para Casa;


Vamos organizar caravanas para que os verdadeiros protagonistas possam apresentar –de corpo presente- em Brasília, suas vozes e reivindicações, levando ao Presidente Lula e demais autoridades legislativas e judiciárias a disposição de luta em defesa de seus direitos.


Se você quer ser ouvido e lutar por uma Reforma Psiquiátrica Antimanicomial, organize sua caravana!


Ajude a construir essa Marcha! Informações pelos e-mails: marchadosusuarios@gmail.com ou "Deusdet: deusdetm@gmail.com "Vera Lúcia": vlmento@yahoo.com.br


quinta-feira, 20 de agosto de 2009

RESPOSTA DA ABRASME A FERREIRA GULLAR



Há um saudável interesse, ultimamente, no desenvolvimento do sistema de saúde mental do
país. Este interesse vem suscitando tema de novela e artigos na imprensa, muitos destes
parciais, demonstrando desinformação, ingenuidade ou, em certos casos, má intenção e
tentativa de manipulação da opinião pública. Nesse sentido, o artigo Uma lei errada -
Campanha contra a internação de doentes mentais é uma forma de demagogia, de autoria
do jornalista Ferreira Gullar, serve como base para uma reflexão. De forma extremamente
enfática, xingando pessoas como o Deputado Paulo Delgado, a quem chama de “cretino”,
Gullar acusa a classe média de “quase nunca se deter para examinar as questões, pesar os
argumentos, confrontá-los com a realidade”, pecado em que parece ele mesmo incorrer. Senão
vejamos.


O artigo desqualifica todo um processo social complexo, que vem evoluindo nos últimos 30
anos no Brasil, com a participação de diversos segmentos sociais, desde médicos psiquiatras,
outros profissionais de saúde mental e de saúde pública, poderes legislativo, executivo e
judiciário, cientistas sociais, portadores de transtornos psíquicos, seus familiares e diversos
outros setores, denominando-o simplesmente de “campanha contra a internação de doentes
mentais”. Gullar deixa a desejar como jornalista, ignorando a complexidade deste
movimento, que é de extrema importância para o avanço do sistema de saúde como um todo.
Processo que hoje consegue, inclusive, promover um diálogo intersetorial importante,
envolvendo os ministérios da Saúde, da Justiça, da Cultura e do Trabalho, a Secretaria
Especial dos Direitos Humanos, o Ministério Público e várias associações profissionais do
campo da saúde. O autor tem uma visão empobrecida do desenrolar do processo como
fenômeno internacional. Cita a Itália, que realmente inspirou o processo no Brasil, embora
não tenha sido a única inspiração. A Inglaterra, a França, a Espanha e a Austrália, entre
outros, vêm desenvolvendo sistemas similares, com uma profundidade de impacto social, em
certas perspectivas, semelhante à Itália. Vale mencionar que na Itália não resultou em um
desastre, como tenta fazer crer o autor, mas em um programa nacional que se tornou
referência mundial, adotado pela ONU como modelo para outras nações. O programa italiano
foi executado com enorme competência, envolvendo a sociedade como um todo; tem base
comunitária e economiza bastante dinheiro público. Como se sabe, um cidadão internado
gasta extremamente mais do que um que possa ser tratado junto a seus familiares, em sua
comunidade e com apoio do sistema público de saúde.


O autor parece incorrer no mesmo vácuo de compreensão de muitos que confundem um
amplo processo social de discussão das instituições com a idéia simplória da desospitalização.
Nenhum profissional de saúde mental sério defende uma posição de não internação de uma
pessoa quando necessário. Para isso, a Lei 10.216/01, conhecida como a Lei da Reforma
Psiquiátrica, e a portaria GM 336/02, que a regulamenta, apontam para diversas formas de
atenção que vão bastante além das únicas que Gullar parece conhecer, que são o ambulatório
e o hospital-dia. Há toda uma rede de serviços proposta, incluindo Centros de Atenção
Psicossocial (CAPS), leitos psiquiátricos e emergências psiquiátricas em hospitais gerais,
serviços residenciais terapêuticos, além do fortalecimento da atenção primária, o serviço que
deve ser oferecido nos Centros de Saúde dos bairros. Esta rede tem como acolher, abrigar,
tratar, apoiar os portadores de transtornos e seus familiares, além de ser mais econômica para
o país e oferecer melhores condições de tratamento que os nossos tradicionais manicômios
que o Sr. Gullar, espero, ingenuamente, afirma não mais existirem.


Pois caro Sr. Gullar, sinto muito lhe trazer uma verdade incômoda e vergonhosa para o nosso
país. Os manicômios continuam existindo, continuam sendo desumanos, tratando seres
humanos como animais, produzindo mais doença e, com seu papel de depósito humano
(temos milhares de pessoas internadas por 20, 30, 40 anos), continuam sangrando o dinheiro
público. Caso o Sr. ou qualquer outra pessoa duvide, será muito fácil mostrar alguns
endereços onde se pode constatar esta vil realidade. Há, também, interesses no velho sistema
de internações que não têm nada a ver com a intenção de melhorar a saúde dos usuários, são
herança da mentalidade do INPS, onde as internações, e por quanto mais tempo melhor, são
negócios que dependem da hotelaria, dos serviços, das licitações e da medicalização excessiva
dos pacientes. Muitas pesquisas financiadas pelo CNPq e MS têm acumulado evidências
científicas de uma avaliação positiva, tanto por parte dos usuários quanto dos familiares, do
tratamento realizado nos serviços substitutivos ao hospital psiquiátrico.


O público muitas vezes não entende estas questões e a imprensa não tem ajudado muito. A
maioria das manifestações dos órgãos de imprensa mais poderosos se coloca a favor desses
interesses, praticamente não havendo matérias que aprofundem a questão em sua
complexidade e denunciem as indignidades que se escondem por trás da desinformação e do
sensacionalismo.


Há que se entender que estão em jogo duas lógicas. Uma que defende o tratamento para os
transtornos psíquicos, como vem sendo aplicado no ocidente desde meados do século XVII,
baseada na exclusão no manicômio por tanto tempo quanto possível, dopando o paciente e
usando indiscriminadamente o eletrochoque, e sustentada em mitos como o da
improdutividade e da periculosidade absoluta do “doente mental”. Outra é a lógica que busca
caminhos mais civilizados, inteligentes, eficientes, adequados e mais éticos no tratamento de
pessoas que eventualmente necessitam de internações, geralmente curtas, e que podem ser
efetivadas na rede de CAPS e hospitais gerais. Por esta outra lógica, entendemos que os
problemas das pessoas em nossa sociedade atual são de graus variados e as novas formas de
tratamento vêm permitindo a muitas destas pessoas contribuírem de forma admirável para
nosso avanço social.


Pessoalmente, manifesto minha solidariedade para com o poeta Ferreira Gullar, por seu
sofrimento como pai, que revelou em seu artigo. Compreendo, a partir daí, sua paixão, sua
agressividade para com muitos de nós, que lutamos por um modelo de atenção que
entendemos como melhor. Há, entretanto, muitos equívocos em seu artigo e um deles talvez
seja não perceber que sua família poderia ter sofrido muito menos e tido muito mais apoio se
todos nós lutássemos solidariamente pela efetivação de um sistema digno de saúde, que inclua
uma rede adequada de saúde mental, que, apenas por interesses escusos e pela ignorância de
muitos de nossos políticos, ainda encontra resistências para sua ampliação e avanço.


Walter Ferreira de Oliveira, Ph.D.
Presidente da Associação Brasileira de Saúde Mental – Abrasme
(Pela Diretoria e Conselho Deliberativo).

terça-feira, 18 de agosto de 2009

OUVINDO VOZES...Histórias do hospício e lendas do Encantado


“Sr. Diretor, lembra‐te de
combater os crimes e evitar
as doenças transmitidas por
psiquiatria, com psiquiatria,
em psiquiatria. Obrigado.”*
(denúncia feita por carta por um vizinho do hospício)
O leitor se surpreenderá com as histórias reveladoras contadas por Edmar Oliveira, psiquiatra, diretor há uma década do Instituto Municipal Nise da Silveira (o famoso Hospício do Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro, como era chamado também de CPPII - Centro Psiquiátrico Pedro II). Os personagens do livro OUVINDO VOZES, são médicos, pacientes, enfermeiros, políticos e pessoas comuns que passaram e/ou ainda passam para trás dos muros que separam a anormalidade do pacato bairro do subúrbio carioca. Ao ler, começaremos a sentir na pele as agruras de um serviço manicomial falido e as tentativas dos profissionais de saúde de tomarem para si a responsabilidade de cuidar de vidas esquecidas e maltratadas pela sociedade. Por mais que o autor quisesse fazer literatura com as histórias vividas e ouvidas, a realidade salta a cada palavra, como a denunciar a tentativa diária do dr. Edmar e sua equipe de transformar vidas.
Cabe a nós, que após a leitura nos tornaremos cúmplices desta causa, não deixar que este processo – e o trabalho de todos que nele estiveram envolvidos – seja esquecido.

Inclui Anotações para o cemitério dos vivos, de Lima Barreto, escrito quando esteve internado no Hospício Pedro II.

Ouvindo vozes
Histórias do hospício e lendas do Encantado
[Inclui Anotações para o cemitério dos vivos, de Lima Barreto]
Edmar Oliveira
ISBN 978‐85‐88782‐60‐0 14 x 21 280p. R$ 36,00
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Edmar Oliveira é diretor do Instituto Municipal Nise da Silveira desde 2000. Nasceu em 1951, na cidade de Barreirinha, interior de Palmeirais, antiga Belém, às margens do Parnaíba, rio que faz a fronteira entre o Maranhão e o Piauí. Participou do movimento cultural da década de 1970 e foi colaborador da imprensa alternativa. Graduou-se em Medicina, em 1976. Neste mesmo ano, foi fazer pós-graduação em Psiquiatria no Rio de Janeiro, onde fixou residência definitiva. Participa, desde 1980, da luta antimanicomial. Trabalhou na Colônia Juliano Moreira e, a seguir, foi para o Hospício do Engenho de Dentro. Participou da equipe de Assessoria em Saúde Mental da Secretaria Estadual de Saúde (de 1983 a 1987). Em breve passagem pela Fundação Leão XIII, trabalhou com população de rua. Supervisionou o desmonte de uma clínica para deficientes mentais. No Centro Psiquiátrico Pedro II, no Engenho de Dentro, ocupou vários cargos de chefia. Sempre lidou com os excluídos. Mas é aos loucos, excluídos da razão, a quem dedica sua militância. Casado com Marcelina, com quem tem três filhos: Januária, Juliano e Janaína.

Ele e sua equipe são assessores de Glória Perez, autora da novela Caminho das Índias, no trato com o núcleo de doentes mentais.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

‘Fechamos os manicômios para ampliar a qualidade do atendimento'


Em entrevista publicada dia 20 de julho de 2009, segunda-feira, no jornal A Tribuna, Pedro Gabriel Godinho Delgado (foto), Coordenador Nacional de Saúde Mental do Ministério da Saúde é por demais esclarecedora sobre a conduta que o Governo Federal adota em relação ao tratamento de pessoas que sofrem de transtornos mentais.


Delgado, que esteve em São Vicente participando de um seminário sobre saúde mental, rebate uma série de críticas que são feitas sem fundamento às diretrizes que desestimulam a internação e o isolamento em manicômios e desfaz diversos equívocos cuja disseiminação é estimulada pela má-fé daqueles que, por interesses próprios, se opõe à humanização da assistência às pessoas com distúrbios psíquicos e à preservação de seus direitos fundamentais como cidadãos. (Segunda-Feira, 20 de Julho de 2009, 06:33 -Jornal A Tribuna de Santos -Da Redação por Valéria Malzone)


Entrevista: Pedro Gabriel Godinho Delgado - Coordenador Nacional de Saúde Mental do Ministério da Saúde


Médico psiquiatra e coordenador do programa de Saúde Mental do Ministério da Saúde (MS), Pedro Gabriel Godinho Delgado, afirmou que a discussão existente hoje no Brasil entre grupos que defendem a internação em manicômios e os que não aceitam mais nenhum tipo de internação, para pacientes com problemas mentais (desde os casos mais clássicos até depressão profunda grave), é democrática, porém "é errada". Segundo o especialista, que esteve em São Vicente, durante um seminário de Saúde Mental, o Ministério da Saúde defende o fechamento dos manicômios, o fechamento também dos grandes hospitais psiquiátricos, porém, ampliando a qualidade do atendimento e internando os pacientes somente quando for realmente necessário e "em condições melhores".


Existem ainda manicômios no Brasil?

Sim. Ainda existem no País manicômios judiciários do sistema penal, com quatro mil leitos, em 22 estados do Brasil. Além disso, há 208 hospitais psiquiátricos clássicos, sendo 20% públicos e 80% privados, que são conveniados com o Poder Público. Nestes, há 35 mil leitos.


Mas está em redução este número de manicômios e hospitais psiquiátricos?

Sim. De 2001 até 2008, descemos de 60 mil leitos em hospitais psiquiátricos para 35 mil. Estamos reduzindo entre 2.500 e 3 mil leitos ao ano.


E como é a política de tratamento, tanto nos manicômios como nos hospitais psiquiátricos?

Os manicômios judiciários ou hospitais de custódia são ainda um problema grave. Estamos até discutindo com o Ministério da Justiça e com a Secretaria Especial de Direitos Humanos maneiras de mudar e atualizar o tratamento aplicado aos pacientes que estão em medida de segurança, ou seja, aqueles doentes mentais que cometeram delitos. Já o tratamento nas clínicas e hospitais psiquiátricos está em transformação e atualização, além da própria redução de leitos.


E como é esta atualização do perfil dos hospitais psiquiátricos?

Esta mudança de tratamento está em franca expansão nos hospitais de pequeno porte, de até 160 leitos, o que é muito comum nas cidades interioranas, e é o que consideramos ideal. Queremos modificar os hospitais enormes, como um existente em São Paulo, na região de Itapira, com cerca de 800 leitos.


Hoje, o que mudou no tratamento para estes pacientes?

Estes hospitais enormes, que queremos fechar, têm ­ até por razões estruturais ­ um tratamento de menor qualidade. Isto significa uso inadequado de medicamentos, por tempo muito prolongado, que muitas vezes o paciente não precisa mais.


Além dos medicamentos, ainda se usa a chamada eletroconvulsoterapia (ECT) ou eletrochoque? Sim. A ECT é utilizada no Brasil para tratamentos específicos, principalmente para pacientes com depressão profunda grave, com risco de suicídio, e nos casos de esquizofrenia catatônica, sem resposta aos medicamentos. Porém, ao contrário do passado, hoje há um controle na sua aplicação. É preciso inclusive autorização por escrito do paciente ou da família. O paciente também recebe todo um preparativo, incluindo anestesia geral de curta duração. As instituições que aplicam a ECT, cuja maioria é do setor privado conveniado, precisam de autorização da Vigilância Sanitária, inclusive.


Qual é hoje a demanda no Brasil de doentes mentais?

Hoje, sofrem de transtornos mentais severos (esquizofrenia, autismo, psicose infantil, neuroses graves, depressão profunda e deficiência mental severa com sintomas psicóticos) 3% da população do País, ou seja, entre 5 e 6 milhões de pessoas. É muita gente. Se além destes pacientes graves, considerarmos aqueles que possuem os chamados transtornos mentais leves (depressão não tão profunda, fobias, demências moderadas e fobias), chegamos a 12% da população (cerca de 20 milhões de pessoas).


E qual a metodologia ideal de tratamento hoje?

Atualmente há muito sucesso nos tratamentos que começam na própria comunidade, aliados ao serviço público. Além disso, o gestor público deve se preocupar commecanismos de promoção de saúde, de controle da ansiedade, de promoção de lazer, de promoção de cultura e de esporte. Tudo isso ajuda, e muito, a evitar os transtornos mentais.


No passado, os alcoólatras eram tratados como loucos e enviados para manicômios. Como está isso hoje?

O alcoolismo é hoje o principal problema a ser tratado pela saúde pública. E isso em todo o mundo, não só no Brasil. Há muitos usuários, que são dependentes, e não sabem. Há também os casos graves, que precisam de atendimento clínico. O melhor lugar para atender a pacientes com este perfil é o hospital geral (normal). A internação de pacientes alcoolistas em hospitais psiquiátricos é um erro e que ainda acontece no Brasil, mascada vez menos.Os centros de atenção psicossociais (Caps) específicos para alcoólatras e drogados (AD) são bem mais adequados para este atendimento.

terça-feira, 21 de julho de 2009

A FAMÍLIA É A VILÃ


Revista VEJA - Edição 2108 - 15/04/09

Na novela das 8, os males dos jovens são desencadeados por seus pais monstruosos!


Os jovens Tarso (Bruno Gagliasso) e Zeca (Duda Nagle), da novela Caminho das Índias, têm distúrbios bem diferentes. O primeiro é inseguro e sofre de esquizofrenia, o outro é um pitboy que se acha acima de punições. Há, contudo, um traço em comum: o que desencadeia seus problemas é o fato de terem pais monstruosos. Os folhetins de Glória Perez são pródigos em mostrar as consequências da negligência familiar. América (2005) oferecia uma galeria de jovens desajustados em decorrência da má-educação. Mas a noveleira se supera na atual trama das 8 da Globo. Zeca destrata sua professora, espancou um garoto na escola e, mais tarde, outro colega que o denunciou na internet. Em vez de o censurarem, seus pais, César (Antonio Calloni) e Ilana (Ana Beatriz Nogueira), alardeiam que o filho é perseguido. César estimula o pitboy a fazer "coisas de macho". "Já vi pais até piores do que ele", diz Calloni. O lar de Tarso também causa arrepios. O pai, Ramiro (Humberto Martins), é um castrador. A mãe, Melissa (Christiane Torloni), só pensa nela. Tarso tem surtos cada vez piores. Trancado no quarto, de olhos esbugalhados, já ouviu uma voz cavernosa que o chamava de homossexual e babaca. Na rua, deu um soco numa criança, por julgar que ela o xingava.
Por meio desses personagens, Glória Perez busca chamar atenção para dois problemas reais. A questão é que incorre em simplificações. Tome-se o exemplo do pitboy. É evidente que os pais têm responsabilidades incontornáveis quando um jovem descamba para a violência. Mas não só eles: a escola e o grupo a que o jovem pertence também são influências importantes. Demonizar os pais e mostrar a escola como vítima, como se dá na trama, é um passo em falso. "A novela fica só na caricatura", diz a psicóloga Lidia Aratangy. Por baixo de todo o didatismo com que colocou a esquizofrenia em pauta, o folhetim também faz lá seus reducionismos. As pressões familiares podem ser um estopim para o afloramento do transtorno mental. Mas não constituem sua causa, como o drama de Tarso pode levar a crer (ele mesmo reclama: "Me sinto oprimido, não consigo ser eu"). "A esquizofrenia tem múltiplos fatores. Não dá para pôr a culpa nos ombros dos pais", diz Mauro Aranha, da Associação Brasileira de Psiquiatria. Tudo bem, é uma novela – e o autor não é obrigado a falar de temas sérios. Só que, quando se propõe a isso, precisa ter compromisso com a exatidão.