domingo, 1 de maio de 2011

Revista RapaDura: Entrevista Paulo Amarante

Revista RapaDura: Entrevistas

Encontro com Autores - Editora Lumen Juris



Entrada franqueada para assistentes sociais, alunos de Serviço Social e autores da editora Lumen Juris e representantes de entidades do Serviço Social 

Programação:

Organização: Prof. Drª Valeria Forti e Profª Drª Yolanda Guerra
13h – Credenciamento e ocupação do local
14h – Mesa de abertura: Entidades da Categoria Profissional
Comentaristas de obras de Serviço Social publicadas pela editora Lumen Juris:
14h30min. - 14h45min – Profª Mestre Adriana Ramos – Serviço Social – Universidade Federal Fluminense- UFF;
14h45min. - 15h – Profª Mestre Mª Elizabeth Freire Salvador – Serviço Social – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-Rio e Sociedade Universitária Augusto Mota – Unisuam;
15h - 15h15min. – Profª Drª Andréa Teixeira – Serviço Social - Universidade Federal do Rio de janeiro – UFRJ;
Palestra: O Serviço Social na América Latina
15h15min às 16h – Profº Dr. Carlos Eduardo Montaño – Serviço Social – Universidade Federal do Rio de Janeiro 16 h. às 16 h. 30 min. debate
Comentaristas de obras de Serviço Social publicadas pela editora Lumem Juris:
16h30min - 16h45min. – Profº Dr. Maurílio Castro de Matos – Serviço Social – Universidade do Estado do Rio de Janeiro – Uerj;
16h45min - 17h. – Profª Mestre. Marina Amoedo da Costa – Serviço Social- Universidade do Grande Rio – Unigranrio;
17h às 17h15min. – Profª Drª Cristina Simões Bezerra – Serviço Social – Universidade Federal de Juiz de Fora – Ufjf;
17h15min – Apresentação dos lançamentos

2ª EDIÇÃO DO LIVRO:
FAMÍLIA & FAMÍLIAS: Práticas Sociais e Conversações Contemporâneas
Organizado pelos professores Marco José de O. Duarte (NEPS) e Mônica Maria T. de Alencar (CEOI) da Faculdade de Serviço Social da UERJ.

17h30min – Momento de Confraternização
19 h – Encerramento

Caso ocorra alguma mudança na programação, será informada no BlogdaLumen.

Matéria de O GLOBO (17/04/11) e Resposta a mesma: Espera por Tratamento Psíquico chega a 4 meses

A MATÉRIA:

ESPERA POR TRATAMENTO PSÍQUICO CHEGA A 4 MESES


Para especialistas, chacina poderia ter sido evitada se atirador tivesse recebido atendimento para doença mental



UM PACIENTE DEITADO no chão no Hospital Nise da Silveira, no Engenho de Dentro: falta de atividades para os internos prejudica tratamento


Waleska Borges

Os pacientes com problemas mentais sofrem com a ineficiência dos serviços públicos de saúde no Rio. Segundo denúncias, a espera para atendimento ambulatorial com psiquiatras ou psicólogos nas unidades municipais leva até quatro meses. A situação também é caótica em hospitais de internação para pacientes graves. Há casos como no Nise da Silveira, no Engenho de Dentro, onde enfermarias estão em péssimo estado, com pacientes amarrados e falta de atividades para internos. Nos Postos de Atendimento Médicos (PAMs), as vagas são limitadas, levando os doentes a desistir.



Por outro lado, estatísticas do Corpo de Bombeiros mostram um crescimento nos atendimentos de emergência a doentes mentais. Em 2009, foram 8.543 ocorrências passando para 9.045 casos em 2010. De janeiro até março deste ano já foram 2.152 atendimentos.



Para especialistas, o crime de Wellington Menezes de Oliveira, que matou 12 estudantes em Realengo, poderia ter sido evitado caso ele estivesse amparado pela família e em tratamento. Um dos irmãos adotivos do atirador contou, em entrevista ao “Fantástico”, que Wellington ia ao psicólogo, mas interrompeu o tratamento aos 17 anos.



— É possível afirmar que, se a família estivesse presente e recebesse a orientação adequada, até mesmo sobre a necessidade de internação, o crime teria grandes chances de ser evitado — diz Paulo André Issaneuropsiquiatria infantil e adulto.



Em Bangu, vagas na fila para atendimento são vendidas



Os especialistas explicam ainda que o diagnóstico de Wellington se assemelha ao transtorno de personalidade esquizoide, ou mesmo esquizofrenia, geralmente manifestada entre 14 e 25 anos. Se recorresse ao atendimento público na área de Realengo, no entanto, o atirador passaria por dificuldades.



No PAM de Bangu, que atende a oito bairros, incluindo Realengo, são distribuídas apenas seis vagas por semana para atendimento a doentes mentais, sempre na segunda-feira. Para ser atendido, o paciente passa a noite de domingo na fila. Vendedores ambulantes cobram entre R$40 e R$25 para dormir na fila e conseguir a senha.



— É preciso chegar até as 22h de domingo para conseguir a senha. Às 23h30m já tem as seis pessoas na fila, mas eu fico aí por R$25. O pessoal aqui costuma cobrar R$40 — disse um ambulante, sem saber que conversava com jornalistas.



Também há problemas no Hospital Psiquiátrico Jurandyr Manfredini, pólo de emergência na Zona Oeste.




— São muitos pacientes e não há leitos suficientes. Para não deixar de atender, colocamos colchões no chão — contou um funcionário, que preferiu não se identificar.



Na semana passada, vistorias da Comissão Municipal de Saúde (da Câmara dos Vereadores) e do Sindicato dos Médicos do Rio (SinMed) nos hospitais psiquiátricos Philippe Pinel, em Botafogo, e Nise da Silveira, no Engenho de Dentro, mostraram que há falta de profissionais e unidades sem estrutura. Nas enfermarias de internação masculina do Nise da Silveira, os pacientes ficam trancados e têm como lazer apenas um televisor. O prédio está em péssimo estado de conservação. Há camas enferrujadas e com estrados quebrados e mofados. Segundo os funcionários, não há terapia ocupacional para os pacientes nem comida suficiente.



— Aqui a gente tem que ver televisão ou brigar. A água é fria. Fico pulando para esquentar o corpo — disse um paciente, de 53 anos, internado há 15 dias.



No Pinel, em Botafogo, os funcionários reclamam que há muitos pacientes para poucos profissionais. Numa das enfermarias femininas, um técnico de enfermagem precisa cuidar de 23 mulheres.



— Essas pessoas foram excluídas da sociedade, das suas famílias e do poder público. Não há dignidade no tratamento desses hospitais, que mais se parecem com cadeias — disse o vereador Carlos Eduardo de Matos.



Segundo a Secretaria municipal de Saúde, a rede conta com 60 ambulatórios de saúde mental, fazendo, em média 200 mil procedimentos por ano. Há ainda os hospitais Philippe Pinel, Nise da Silveira e Jurandyr Manfredini, que atendem, cada um, até cinco mil pessoas por mês.



O superintendente dos institutos municipais de saúde mental, Mário Barreiras, admitiu a falta de profissionais, mas anunciou a contratação de novos profissionais até o fim do ano e obras nas unidades. Sobre o PAM Bangu, a coordenação de saúde mental informou que já contactou a direção para melhorar o fluxo de pacientes.

Jornal: O GLOBO          Autor: 
Editoria: Rio    Tamanho: 741 palavras
Edição: 1         Página: 17
Coluna:            Seção:
Caderno: Primeiro Caderno   
© 2001 Todos os direitos reservados à Agência O Globo

A RESPOSTA A MATÉRIA: 
Carta enviada ao jornal O Globo sobre a matéria “Espera por tratamento psíquico chega a 4 meses”

Alguns esclarecimentos se fazem necessários diante da matéria “Espera por tratamento psíquico chega a 4 meses” publicada no dia 17/04/2010. Historicamente, o tratamento psiquiátrico centrado no hospital psiquiátrico convencional produziu exclusão, desassistência e institucionalização. Hoje entendemos que a internação é um momento transitório, de exceção, que deve sempre estar articulada a um tratamento de base comunitária, integrando os mais diversos equipamentos da atenção primária nesse processo – Estratégia de Saúde da Família (ESF), Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), Serviços Residenciais Terapêuticos (SRTs). Isso não justifica espaços de internação precários. Pelo contrário, exige um investimento calculado, visando, ao mesmo tempo, uma oferta clínica que esteja sempre inserida na linha de cuidado integral em Saúde Mental, e também um deslocamento desses equipamentos para espaços mais adequados – leitos integrais em saúde mental em hospitais gerais, segundo a Política Nacional de Saúde Mental. Sendo esse deslocamento uma ação de saúde pública complexa e não imediata, há a necessidade de manutenção desses leitos psiquiátricos convencionais em condições de uso adequada. Para isso há um cronograma em curso para reforma das enfermarias do Instituto Municipal Nise da Silveira (IMNS). Em 26 de abril abriremos mais uma enfermaria reformada, que permitirá o fechamento da última enfermaria em condições ruins (citada na matéria do jornal). Há também um planejamento para a descentralização territorial desses leitos psiquiátricos, o que permitirá um cuidado mais qualificado, ágil e menos institucionalizante.
Referir-se ao Instituto Municipal Nise da Silveira como “Hospital Nise da Silveira” demonstra um completo desconhecimento e preparo mínimo da autora da matéria. Trata-se de conglomerado heterogêneo de unidades, com uma importância histórica no processo de reforma psiquiátrica nacional. O Instituto possui uma série de dispositivos e ações muito além dos leitos psiquiátricos enfatizados e visitados pelos membros da comissão.
Há uma série de atividades realizadas pelos pacientes dentro do complexo que compreende o IMNS, e no território, articulado com os 05 CAPS da Área Programática 3.2. Ações essas sempre visando à reinserção social desses sujeitos, respeitando sua individualidade independente do momento clínico em que estão. Os pacientes internados no Instituto beneficiam-se dessas atividades, que majoritariamente ocorrem fora dos espaços de internação visitados pela comissão. Para citar algumas das ações mais importantes oferecidas para os usuários: atividades de geração de renda; ateliês de pintura e modelagem do Museu de Imagens do Inconsciente; Bloco Loucura Suburbana; Roda de Samba e todas as atividades ligadas ao Ponto de Cultura.
Equivoca-se a matéria ao informar sobre pacientes amarrados. Não há pacientes amarrados, há sim um protocolo de contenção física que é aplicado em situações de agitação psicomotora, seguindo sempre a prescrição médica, uma avaliação diagnóstica, bem como supervisão constante. Havia 101 pacientes internados em 6 enfermarias no IMNS quando da visita, sendo apenas 03 contidos fisicamente.
            Sobre a alimentação, informamos que o quantitativo enviado para cada paciente nas enfermarias é baseado no estipulado em contrato e em uma dieta individualizada. Todos os pacientes são acompanhados pela equipe de nutrição do Instituto Municipal Nise da Silveira.      
Há um trabalho constante de modificação dos espaços internos de alguns dos prédios do Instituto, transformando-os em lares de acolhimento. Nessa direção, há um projeto em curso na Gerência de Engenharia e Obras da SMSDC/RJ para a implantação de um Serviço Residencial Terapêutico de alta complexidade a partir da conversão de um desses prédios hospitalares antigos. É importante enfatizar que alguns desses espaços asilares são resquícios de um período em que a assistência manicomial prevalecia no país, com espaços de exclusão como a antiga Colônia Juliano Moreira (atual Instituto Municipal Juliano Moreira) e o antigo Centro Psiquiátrico Pedro II (atual Instituto Municipal Nise da Silveira). Muitos desses pacientes retornaram para o convívio familiar, sem novas reagudizações que demandassem internações psiquiátricas. Contudo, uma parcela importante, após muitos anos de internação, perdeu suas referências familiares e sociais. Os CAPSIII, os Serviços Residenciais Terapêuticos e os leitos integrais em saúde mental em Hospitais Gerais, são fundamentais para a plena efetivação da desinstitucionalização desses cidadãos, sendo o único caminho para que não tenhamos mais pessoas morando em hospitais psiquiátricos.

Dr. Leonardo Araújo de Souza
Diretor Geral do Instituto Municipal Nise da Silveira
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