domingo, 1 de novembro de 2009

Saúde Mental na UERJ - A Construção II







SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO PSICOSSOCIAL EM PAUTA NA UERJ: PROFISSIONAIS DEFENDEM O CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL - CAPS da UERJ!






(Extraído do Boletim da ASDUERJ - Associação dos Servidores Docentes da UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro - setembro/2009)

"Em 1999, ao fazer uma visita à Policlínica Piquet Carneiro, que passara a ser gerida pela UERJ, o professor do Instituto de Psicologia, Ademir Pacelli, vislumbrou um espaço para a criação de um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) vinculado à universidade. “Era uma casinha no alto de uma colina muito adequada ao projeto”, lembra. Na época, Pacelli era supervisor de estagiários de psicologia do Hospital Dia Ricardo Montalban, que, então, funcionava na Vila Psiquiátrica do Hupe. Após dez anos e um longo processo de discussão e adequação, que incluiu, num primeiro momento, a transferência do HD para o Piquet Carneiro, o CAPS foi inaugurado no último dia 28 de maio.
O local ainda não é o vislumbrado pelo atual diretor do Instituto de Psicologia. A “casinha da colina” é, por enquanto, um projeto aguardando financiamento. Porém, a mudança para a antiga creche dos funcionários da Policlínica possibilitou não só novos ares à equipe do Hospital Dia, como sua expansão e transformação em Centro de Atenção Psicossocial.
Carro-chefe do projeto de reforma psiquiátrica, oficializado pela portaria 336/2002 do Ministério da Saúde, os Centros de Atenção Psicossocial têm o intento de mudar a abordagem no tratamento de pacientes com sofrimento psíquico. A proposta é romper com a lógica “hospitalocêntrica”, define o professor Marco José Duarte. Diretor da Faculdade de Serviço Social, Marco é mais um dos que já integravam a equipe como supervisor de estagiários de serviço social do Hospital Dia Ricardo Montalban, núcleo base do CAPS. Para ele, o modelo do HD, apesar de atender às diversas propostas da reforma, ainda é atrelado à lógica do tratamento hospitalar. Nos CAPS, afirma, “a centralidade do cuidado deixa de estar no procedimento médico em si e se coloca no usuário, na vida dele, na história dele”.
Psiquiatra contratado para trabalhar no CAPS, Leonardo Dias antecipa-se a elucidar qualquer equívoco quanto à proposta assistencial do Centro. “Não somos contra o tratamento. Somos contra o “asilamento”, as más condições das internações e de tratamento”, defende.
A psicóloga Naiara Castellar, integrante da equipe, lembra que a criação de um espaço fora do hospital é uma exigência da portaria. “O tratamento em saúde mental tinha o hospital como lugar fundamental. Internar era tratar e isso produzia longos períodos de internação e pacientes que só conseguiam viver dentro do hospital. Hoje tentamos produzir novos espaços, positivar as diferenças que o transtorno psiquiátrico significa para o homem”. Mas não se trata apenas de uma obrigação regulamentar, afirma. “Já não cabíamos mais dentro de um Hospital Dia. O desejo do nosso trabalho, a nossa maneira de cuidar, não cabia mais na vila psiquiátrica do HUPE. Agora, todos estão juntos nesse trabalho: a UDA de Psiquiatria, atualmente representada pelo professor Iso Jorge, os Institutos de Psicologia e de Nutrição, as Faculdades de Serviço Social e Enfermagem e a Policlínica. Somos todos parceiros”.
A constituição multidisciplinar da equipe não chega a ser uma novidade. A diferença está na gestão colegiada e interdisciplinar, aponta Marco José, que atualmente também é o supervisor clínico-institucional da equipe junto à Prefeitura. Segundo ele, este é um dos aspectos que o diferencia do trabalho feito num hospital, no qual o saber médico tem a última palavra. Para expressar esta horizontalidade, o grupo foi às últimas consequências, exigindo que a entrevista fosse feita com o coletivo. “Isto tem tudo a ver com nosso desejo, que inclui a formação de recursos humanos aptos a compreender esta nova ética de trabalho do cuidar”, completa Naiara. A interdisciplinaridade encontrou na Policlínica um ambiente propício, acredita a coordenadora de enfermagem da unidade, professora Regina Trino Romano. “A perspectiva é fazer aqui um laboratório que efetivamente integre ensino e serviços. Nesse sentido, foi feito um convite às unidades acadêmicas para que elas agregassem parcerias através de um professor no CAPS”, relata.
No momento, a coordenação técnica do CAPS é da servidora técnico-administrativa, a assistente social Neilanza Coe. Segundo a equipe, a coordenação está afinada com os parceiros internos da UERJ e extra-institucionais da área de saúde mental do município, estado e Ministério. Ela destaca a demanda pelo serviço existente na região. A saúde na cidade é recortada em áreas programáticas. A UERJ está localizada na AP 2.2, contemplando os bairros de Vila Isabel, Andaraí, Tijuca e Praça da Bandeira. A instalação desses centros são por A.P’s e estão em todo o
município. “Havia uma expectativa da rede de saúde mental que fosse implantado um CAPS na AP 2.2”, revela Neilanza. “Estamos num processo de implantação e aperfeiçoamento deste trabalho, formando a equipe conforme os princípios deste novo modelo de cuidado, além do objetivo com a formação multiprofissional de residentes e estagiários, como também se habilitando para o credenciamento oficial”, relata. Ela informa ainda a visita recente do conselho distrital da AP 2.2 para apresentação da proposta de trabalho. O professor Marco destaca que “com o credenciamento pelo Ministério, seremos o primeiro CAPS universitário do Rio de Janeiro e todos apostam nisso”.
O professor Pacelli reitera que, durante todo o processo, o coordenador da UDA de psiquiatria, professor Roberto Chaves Pavão, esteve sempre informado e foi convidado para todas as reuniões de construção desta passagem.
Participaram ainda desta entrevista a enfermeira especialista em saúde mental contratada para o CAPS, Renata Cerqueira, a residente em psicologia Juliane Chaves, a bolsista em treinamento profissional, a assistente social Rosimar Merodio, a terapeuta ocupacional Kátia Cursino, a bolsista de extensão do NEPS da Faculdade de Serviço Social Stephanie Silva e as estagiárias de psicologia Tania Sival e Renata Demarco".

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