sábado, 27 de junho de 2009

A Esquizofrenia na MIDIA e muito mais...


Entendendo a Esquizofrenia é um portal desenvolvido a partir da experiência de um grupo de profissionais com grupos de familiares de portadores de esquizofrenia, na clínica privada e no Programa de Psicoeducação desenvolvido por eles no Centro Psiquiátrico Rio de Janeiro (CPRJ), da Secretaria Estadual de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro, entre 2000 e 2007, coordenado pelo psiquiatra Leonardo Figueiredo Palmeira, que é o editor do referido portal.


Ele juntamente com Maria Thereza Geraldes e Ana Beatriz Bezerra lançaram o livro "Entendendo a Esquizofrenia - Como a família pode ajudar no tratamento?" pela editora Interciência, com 184 páginas, esse ano. E, já deram entrevista na CBN e no Canal Futura, e mais recentemente, o grupo apareceu no programa do Jô (Soares) na TV Globo. Foi quando os conheci.


A missão deles no portal é levar informação sobre a esquizofrenia a um maior número de pessoas, por acreditarem que o conhecimento é capaz de produzir reflexões e mudanças na maneira de encarar a doença e o sofrimento, bem como lidar com suas principais dificuldades e possibilidades de recursos.


O portal também tem o propósito de ser um espaço interativo, através de um Fórum, para a troca de experiências e para a busca conjunta de soluções entre familiares e aqueles que convivem com a esquizofrenia. Tem artigos, clippings e não só. Muito relevante, é o item "na mídia", ali há vários vídeos, que são fragmentos de capítulos da novela Caminho das Índias, em que todas as cenas envolve a temática da esquizofrenia em particular, com explicações técnico-científicas, e do sofrimento psíquico em geral. Um bom recurso esse para discussões, debates e reflexões já que a loucura tomou seu lugar de discussão na sociedade novamente.



Saudações Antimanicomiais,
Prof. Marco Duarte

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Seminário Nacional Escuta de Crianças e Adolescentes em Situação de Violência

Seminário Nacional Escuta de Crianças e Adolescentes em Situação de Violência
Conferência Livre para preparar propostas que serão levadas para Conferência Estadual de Segurança Pública. Organização do CRP-05 e CRESS/7ª Região. Data: 06/07, segunda-feira, das 8:30 às 18h, na Rua Camerino, 51, no CEDIM.
PROGRAMAÇÃO DO SEMINÁRIO:
Dia: 07 e 08 de agosto de 2009 - Rio de Janeiro – RJ
Endereço: Hotel Novo Mundo – Praia do Flamengo, 20 – Flamengo
Cidade: Rio de Janeiro
Estado: RJPaís: Brasil
Telefone: (61) 21090100

O seminário será um espaço de diálogo com a participação de acadêmicos, psicólogos e destacados especialistas sobre o Sistema de Proteção da Criança e do Adolescente.
Serão debatidas questões sobre como garantir a proteção de crianças e adolescentes com ações que não entrem em conflito com a ética dos profissionais envolvidos.
Além disso, buscará avançar no debate sobre a escuta de crianças e adolescentes nos variados âmbitos da rede de proteção – Justiça, Saúde, Educação, Assistência Social –, na direção de um olhar comprometido com o respeito à dignidade, à liberdade, à igualdade de direitos e à integridade do ser humano.
Dia 07 de agosto de 2009:
09h - Mesa Abertura
Presidente do Conselho Federal de Psicologia - CFP
Representante do Conselho Federal de Serviço Social - CFESS
Representante da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB
Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente – CONANDA
Representante do Fórum Nacional de Defesa dos Direitos da Criança e doAdolescente – FNDCA
Representante da Secretaria Especial dos Direitos Humanos - SEDH
9h45 às 13hMesa 1: Escuta de Crianças e Adolescentes e a Rede de Proteção a partir doEstatuto da Criança e do Adolescente e dos Direitos HumanosSubtemasGarantia de direitos, Controle social e políticas de atendimento integral dacriança e adolescente.Proteção Integral das crianças e dos adolescentes: fundamentos legais.Cuidado e Proteção em Saúde da Criança e do Adolescente em situação deviolênciaProteção Especial da Criança e do Adolescente em Situação de Violência.A promoção e a defesa dos direitos de crianças e adolescentes no contextoescolar.
13h Almoço
14h30 - Mesa 2: A Inquirição da Criança e do Adolescente no Âmbito do Judiciário
Sub temas:Violência Doméstica contra Criança e Adolescente
Princípio da Proteção Integral à Criança e ao Adolescente e o Depoimento SemDano.
Programa de atendimento às vítimas de violência sexual no HC-UFMG.
A inquirição de crianças e de adolescentes no Judiciário.
Posicionamento do CFESS sobre a escuta de crianças e adolescentes em situaçãode violência.
Posicionamento do Sistema Conselhos de Psicologia na inquirição de crianças ede adolescentes - limites e possibilidades.
16h Debate
Dia 08 de agosto de 2009:
9h às 12h - Rodas de Conversa: Reflexão sobre as práticas de escuta de crianças e adolescentes
05 grupos (40/50 pessoas por grupo)
Questões orientadoras:
*Quais são os Espaços da Escuta na rede de proteção?
*Quais os Tipos de Escuta são realizados nesses espaços?
*Quais são as atribuições, responsabilidades, dos profissionais envolvidos?
*Como a Rede de Proteção da Criança e do Adolescente está organizada e articulada no atendimento? Como esse profissional se articula nessa rede?
*Como são tratados os casos de violência contra criança e adolescente no seu município - serviço de atendimento?
*Nos casos de abuso sexual qual é o aporte teórico-metodológico utilizados?
*Você conhece a mitologia do Depoimento Sem Dano, qual a sua avaliação?
*Caso seja necessário depoimento da criança, como poderia ser realizado?
12h Almoço
13h30 às 16h - Apresentação da síntese das discussões nos grupos
16h Encerramento
16 às 20h - Reunião Presencial do GT Escuta

sábado, 20 de junho de 2009

Leitos Hospitalares & CAPS no Brasil 2009 -Retratos da Reforma Psiquiátrica




O Ministério da Saúde reduziu em 70% as vagas para internação psiquiátrica em 20 anos. Em 1989, eram 120 mil. Hoje, são 37.700. Veja a distribuição delas pelo país – por 1.000 habitantes. Por outro lado, ainda é tímido o crescimento do número de CAPS, em todas as modalidades do modelo de atenção e cuidado, principalmente, em CAPS III.

"Dói internar um filho. Às vezes não há outro jeito" (Ferreira Gullar)


A luta do poeta FERREIRA GULLAR – pai de dois esquizofrênicos – contra a lei que restringe a internação de doentes mentais
O poeta Ferreira Gullar, pai de dois esquizofrênicos, levanta uma das maiores controvérsias da psiquiatria: o que fazer com doentes mentais em estado grave?

Quando o escritor Ferreira Gullar publicou em 1999 o poema “Internação”, já era um veterano na convivência com doentes mentais. Quem fez a observação sobre o vento foi Paulo, seu filho mais velho, que hoje tem 50 anos. Ele sofre de esquizofrenia, doença caracterizada, entre outras coisas, por dificuldade em distinguir o real do imaginado. Desde os anos 70, Gullar tenta administrar a moléstia. Fazia o mesmo com Marcos, o filho dois anos mais jovem, que também tinha esquizofrenia e morreu de cirrose hepática em 1992. Remédios modernos permitem que pessoas como Paulo passem longos períodos em estado praticamente normal. Sem alucinações, sem agitação, sem agressividade. Mas o tratamento só funciona se o doente tomar os medicamentos antipsicóticos todos os dias e na dose certa. Isso nem sempre acontece. O resultado são os surtos, quando o paciente se torna quase incontrolável. Pode cometer suicídio ou agredir quem está por perto. Nesses momentos, esses doentes costumam precisar de internação. “Dói ter de internar um filho”, diz Gullar, hoje com 78 anos. “Às vezes, não há outro jeito.”

No Brasil, estima-se que haja 17 milhões de pessoas com algum transtorno mental grave – como esquizofrenia, depressão,transtorno bipolar, transtorno obsessivo-compulsivo. Em algum momento, eles podem precisar de um hospital psiquiátrico. Encontrar uma vaga, porém, tornou-se uma tarefa difícil. Nos últimos 20 anos, quase 70% dos leitos psiquiátricos do país foram fechados. Sem conseguir quem os ajude a cuidar dos doentes, pais e irmãos afirmam ter várias dimensões de sua vida pessoal comprometidas, dos compromissos de trabalho às amizades. É o que revela uma pesquisa feita em 2006 em Minas Gerais com 150 famílias com pessoas atendidas nos Centros de Referência em Saúde Mental. Em muitos casos, os doentes em surto fogem sem deixar rastro. Podem acabar embaixo dos viadutos. O aumento da população de rua nas grandes cidades não é fruto exclusivo da desigualdade social. Uma pesquisa feita em 1999 com moradores de rua em Juiz de Fora conclui que 10% deles eram psicóticos sem assistência.

“As famílias, principalmente as que não têm recursos, não têm mais onde pôr seus filhos”, diz Gullar. “Eles viram mendigos loucos, mendigos delirantes que podem agredir alguém. O Ministério da Saúde tem de olhar para isso.” Gullar decidiu expor publicamente um problema que não é só seu. Nas últimas semanas, escreveu três artigos sobre o assunto em sua coluna no jornal Folha de São Paulo. “Não pretendo liderar movimento algum. Sou um cidadão que tem uma tribuna e pode falar sobre o que está errado.” Ele afirmou, no primeiro texto, que a campanha contra a internação de doentes mentais é uma forma de demagogia. Foi o suficiente para fazer eclodir uma controvérsia latente. Nos dias seguintes, dezenas de leitores enviaram cartas ao jornal. Representavam dois grupos. O primeiro, em apoio a Gullar, aponta as razões fisiológicas da doença mental e considera que a internação é um instrumento necessário nos momentos de surto. O segundo, contra ele, afirma que os doentes devem ser atendidos em Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Nesses locais, o paciente recebe medicação e acompanhamento semanal. A idéia é atendê-lo sem retirá-lo do convívio da família e da comunidade. Para esse grupo, mesmo nos momentos de crise, o doente deve ser atendido nos CAPS. Ele passaria alguns dias internado na própria instituição (ou em hospitais comuns, com alas psiquiátricas) e depois voltaria para casa. “O hospital é um lugar de isolamento, funciona como uma prisão. As pessoas vão e não voltam”, diz Humberto Verona, presidente do Conselho Federal de Psicologia. “Algumas famílias querem que a pessoa fique internada. É a idéia da instituição como depósito.” Gullar se ofende com comentários como esse, que ouve desde o final dos anos 80, quando a reforma psiquiátrica que levou à situação atual começou a ser discutida no Brasil. “Essas pessoas não sabem o que é conviver com esquizofrênicos, que muitas vezes ameaçam se matar ou matar alguém. Elas têm a audácia de fingir que amam mais a meus filhos do que eu.”

Os primeiros sinais da doença dos filhos de Gullar surgiram na adolescência, quando os garotos começaram a usar as drogas da moda: cocaína, maconha e LSD. Drogas não causam esquizofrenia. Mas costumam precipitar os sintomas em pessoas que desenvolveriam o transtorno somente mais tarde. As causas da doença ainda são desconhecidas. A principal hipótese é a ação de fatores genéticos e complicações durante a gravidez. Há vários casos de esquizofrenia na família da mulher de Gullar, a atriz Thereza Aragão, morta em 1994. Ele lembra pelo menos três: o avô dela e dois tios.

Em 1975, Gullar estava exilado em Buenos Aires. O filho Paulo desapareceu no Rio de Janeiro. Foi encontrado em Taboão da Serra, em São Paulo, sentado na lama embaixo de chuva. Algum tempo depois, Gullar recebeu na Argentina uma carta do homem que encontrou o filho. Desesperado, Gullar telefonou para Vladimir Herzog, jornalista que seria morto pela ditadura alguns meses depois. Herzog foi procurar Paulo em Taboão. Mas o rapaz havia fugido outra vez. Nos anos seguintes, Paulo passou por várias clínicas psiquiátricas. Ficava alguns meses internado e voltava para casa com a doença sob controle. Com a facilidade de acesso às drogas na Zona Sul do Rio, entrava em surto. Tornava-se agressivo e tentava suicídio. Há cinco anos, Gullar decidiu mandá-lo para o sítio de um amigo em Pernambuco. Longe das drogas, ele tem conseguido manter a doença sob controle. Pinta quadros, cria gatos e ajuda a cuidar dos cavalos. Fala com o pai todos os dias pelo telefone.

Gullar, que mora sozinho num apartamento antigo e escuro em Copacabana, tem saudade. Diz que Paulo envelheceu e tornou-se mais afetuoso. Lamenta não poder trazê-lo para casa. Acha que, se ele voltar ao Rio, vai se perder de novo. “Ninguém é a favor de manicômio ou de encerrar uma pessoa num hospital pelo resto da vida. Isso não existe há muito tempo”, diz. “Mas as famílias precisam ter a quem pedir ajuda.”

A história da pedagoga Heloísa Bergamo é um exemplo. Em outubro de 2005, ela procurou ajuda desesperadamente. Sua filha, Jacqueline, de 14 anos, passou um ano e meio sofrendo de transtorno bipolar. A doença faz o paciente alternar momentos de euforia ou irritação com depressão profunda. A menina alegre, cheia de amigos, não queria mais ir à escola. Dizia que ninguém gostava dela. Foi tratada com vários remédios. Não melhorou. Heloísa guarda a carta da médica que atendia Jacqueline havia mais de um ano no Hospital das Clínicas, em São Paulo. O texto dizia: “Optamos por interná-la, porém, sem vaga”. Heloísa saiu do hospital sem saber para onde ir. “Com minha filha se debatendo e querendo fugir, como poderia ficar perambulando pelos hospitais à procura de internação?” Heloísa levou a filha para casa. Um apartamento no 5º andar cuidadosamente protegido por redes nas janelas. Nos dois dias seguintes, continuou tentando conseguir vagas nos raros serviços que aceitam internar crianças e adolescentes. No terceiro dia, Jacqueline se jogou da janela basculante do banheiro.

O Hospital das Clínicas informa que Jacqueline não pôde ser internada porque a ala de psiquiatria infantil estava fechada para reforma. Segundo o hospital, a paciente foi encaminhada para uma central que monitora hospitais públicos à procura de internação. Heloísa é mais uma entre tantos desassistidos. O Hospital das Clínicas é uma das únicas instituições em São Paulo que aceitam internar pacientes infantis. Conta com apenas nove leitos em funcionamento. A média de internação de cada criança é de 26 dias. O gargalo do sistema é evidente.

Qual, então, é a raiz da crise atual? Em 2001, o Brasil aprovou a Lei nº 10.216, que redefiniu o modelo de atenção à saúde mental no país. Ela não proíbe as internações, mas determina que o atendimento dos doentes mentais seja realizado preferencialmente em serviços extra-hospitalares. “Na letra, a lei é muito boa porque não determina a extinção dos leitos”, diz o psiquiatra Marcos Aurélio Martins Ribeiro, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Ribeirão Preto. “Mas uma série de portarias do Ministério da Saúde fechou hospitais psiquiátricos.”

Os críticos da gestão atual argumentam que um assunto médico está sendo abordado de forma ideológica. “Nossa política de saúde mental não tem nenhuma estratégia porque é baseada no conceito da antipsiquiatria”, diz o médico Valentim Gentil, chefe do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, em São Paulo. “Esse movimento reforça a ideia errada de que o paciente de transtorno mental se recupera sem ajuda clínica.” Críticos como Gentil argumentam que a política atual é excessivamente baseada na herança do médico socialista italiano Franco Basaglia, morto em 1980. Nos anos 60, ele liderou um movimento conhecido como psiquiatria democrática. Ele combatia a psiquiatria clássica e considerava que o modelo de tratamento baseado na internação era repressor e ineficiente. As ideias de Basaglia se tornaram lei em 1978, na Itália, determinando o fechamento gradual dos hospitais psiquiátricos. Essa é a inspiração do movimento antimanicomial, que, segundo Gentil, tem forte influência no Ministério da Saúde.

ALÉM DOS REMÉDIOS

“Eu diria que o componente antimanicomial existe porque faz parte da base de movimentos sociais que apoiaram a aprovação da lei”, diz Pedro Gabriel Delgado, coordenador de Saúde Mental do Ministério da Saúde. “Mas o tratamento com qualidade pressupõe o tratamento de base comunitária. Por isso, houve a diminuição dos leitos”, afirma. Na prática, o Brasil abandonou um modelo de atendimento baseado apenas nos hospitais, mas ainda não foi capaz de criar Caps suficientes – e com serviços adequados – para atender à demanda. O resultado é a desassistência. Segundo o Ministério da Saúde, a cobertura pode ser considerada muito boa quando existem 0,7 Caps a cada 100 mil habitantes. De acordo com dados de janeiro, no entanto, dez Estados brasileiros e o Distrito Federal contam com uma cobertura classificada entre regular e crítica. São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro – os Estados com maior números de habitantes do país – estão no limite entre a cobertura boa e a regular. Isso significa que 56% da população brasileira mora em Estados que contam, no máximo, com um atendimento psiquiátrico considerado regular. Mesmo nos termos da saúde pública brasileira, que não é exemplar, essa estatística é ruim.

“A cobertura aumenta a cada ano, mas ainda é menor do que as necessidades”, diz Delgado. “O principal problema ocorre nas grandes cidades que não possuem uma rede eficiente de Caps e boa integração com os sistemas de emergência e de atenção básica de saúde. A criação dessa rede depende da decisão do município”, diz.

Pesquisas recentes feitas pelo Ibope para a Associação Brasileira de Psiquiatria revelam as dificuldades de atendimento. Em 2006, a avaliação foi feita com 2 mil pessoas em 142 municípios. O resultado: 47% dos entrevistados disseram que o acesso ao sistema público era difícil. Um ano depois, o índice havia subido para 57%. A avaliação feita no ano passado revelou que quase 30% das mães de crianças e adolescentes com transtornos mentais não conseguiram atendimento público. Isso equivale a 1,4 milhão de pacientes sem assistência. “Sem leitos suficientes, a saúde mental brasileira está progressivamente virando um caos”, diz Sérgio Tamai, da Associação Brasileira de Psiquiatria. “Não há política de saúde mental, mas um discurso ideológico que sobrevive há duas décadas sem nenhuma discussão médica de verdade.”

A ideia de que hospitais psiquiátricos sejam depósitos de doentes tratados à moda antiga – à base apenas de medicamentos – já não corresponde à realidade. A psiquiatria avançou e muitos serviços oferecem recursos complementares. No Centro de Reabilitação e Hospital Dia (CRHD) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, os pacientes participam de atividades físicas, grupos de reorientação profissional e oficinas de literatura e pintura. A maioria das clínicas particulares em nada se parece com os hospitais repressores e inadequados do passado. No Instituto Bairral, em Itapira, no interior de São Paulo, a paisagem arborizada lembra um resort confortável. “Quem sobreviveu ao sucateamento dos hospitais psiquiátricos acabou percebendo que o ambiente é fundamental para a recuperação do paciente”, diz o psiquiatra Ivan Ramos de Oliveira, diretor da clínica. Há 820 leitos. Cerca de 40% deles são reservados a pacientes particulares ou com convênio médico. O restante é destinado ao SUS.

Por trás das mazelas e dos avanços humanitários da saúde mental brasileira dos últimos 20 anos, há um movimento político e social conhecido como Movimento da Luta Antimanicomial, ou MLA. Ele surgiu no Brasil em 1987, nas pegadas da antipsiquiatria de Basaglia, e com os mesmos objetivos: fechar os hospitais psiquiátricos e dar aos pacientes de doenças mentais outro tipo de tratamento, em convívio com a sociedade. A virulência do movimento foi proporcional ao descalabro da psiquiatria hospitalar brasileira, que vivia um período sombrio. São famosas, dessa época, as fotos de manicômios em que pessoas dopadas e seminuas vagavam por pátios imundos em condições animalescas, que Basaglia, ao visitar o Brasil em 1979, comparou às dos campos de concentração de Adolf Hitler. Tudo isso financiado com abundante dinheiro público. “Entrar nesses lugares era fácil, sair era outra história”, afirma o psicólogo Marcus Vinicius Oliveira, professor da Universidade Federal da Bahia e militante de primeira hora do movimento antimanicomial. “As pessoas não eram tratadas. Eram trancafiadas e esquecidas”.

Passados 22 anos desde seu lançamento, o movimento contra os manicômios – também conhecido como reforma psiquiátrica – domina amplamente as políticas públicas de saúde mental no Brasil. Seu amparo é a Lei nº 10.216. Em 13 artigos sucintos, ela especifica os direitos do doente mental e define os princípios que devem orientar seu tratamento: reinserção social e internação apenas como último recurso. Depois dela, os recursos do Estado migraram dos hospitais psiquiátricos para os Caps. Espécie de ambulatórios para atender os pacientes de transtornos mentais, eles estão distribuídos por todo o país e recebem 63,4% da verba total destinada à saúde mental. Arcam com o grosso do atendimento. Os hospitais, que atendem 32 mil pacientes do Sistema Único de Saúde, ficam com 36,6% das verbas totais. Os dados são de 2007. Cinco anos antes, a proporção era inversa: 75,2% para os hospitais e 24,7% para outros tipos de atendimento. Há 1.290 Caps no Brasil, mas apenas uma fração deles – 40 unidades, conhecidas como Caps 3 – é capaz de internar pacientes em crise.

Em Campinas, interior de São Paulo, o atendimento público para transtornos mentais é considerado um dos melhores do país. A prefeitura conseguiu montar uma rede com dez Caps, seis deles com capacidade de receber internações. A cidade dispõe de 120 leitos psiquiátricos, mas nos últimos anos o número de internações na cidade caiu: de 1.268 (em 2001) para 345, em 2007. Um dos fatores foi a mudança de atitude. “Os psiquiatras ligavam para nós em busca de leitos e, quando nós perguntávamos quem era o paciente e o que ele tinha, os médicos não sabiam responder”, diz o psiquiatra Deivisson Vianna, coordenador de Saúde Mental de Campinas. “Eu não sou contra internações, mas isso tem de ser tratado com cuidado.”

Com as famílias dos doentes, o diálogo também pode ser delicado. Há pacientes que, mesmo sem estar em surto, oferecem um convívio difícil. “Recebo mães que querem internar seu filho por causa da dificuldade de cuidar de uma pessoa assim em casa”, diz Vianna. O que ele faz? Um plano de assistência: o doente fica três dias no Caps, dois no Centro de Convivência, vai para casa dormir e passar o fim de semana. E a família sabe que, a qualquer momento, pode chamar a ambulância psiquiátrica. “Com isso, diminuímos a pressão sobre a família”, diz o médico. “Tem funcionado.” Luciano Lira é um exemplo do que o sistema tem feito de melhor. Ele tem 34 anos e vai ao Caps uma vez por semana.Foi diagnosticado com esquizofrenia há 12 anos e já sofreu duas longas internações. Chegou a sair de casa dentro de uma jaula e passar dias amarrado, tamanha sua agressividade. Faz cinco anos que ele não tem nenhuma crise, graças à medicação. Mora com a mãe, anda sozinho de ônibus por Campinas e frequenta a igreja evangélica. Todas as semanas grava um programa de rádio – Maluco beleza – que vai ao ar às terças-feiras pela manhã na Rádio Educativa da cidade. A mãe acompanha seus movimentos pelo celular. É uma situação confortável? De forma alguma. “Claro que é difícil cuidar dele às vezes”, diz a mãe, Maria do Carmo, de 57 anos, com os olhos cheios de lágrimas. “Mas, mesmo quando está em surto e fica agressivo, ele não deixa de ser meu filho.”

A beleza da reforma psiquiátrica – que tirou seres humanos de jaulas e os recolocou no convívio da família – está clara no caso de Lira e de sua mãe, assim como a maior debilidade do movimento: na ausência de investimento adequado do Estado, o fardo do atendimento aos doentes mentais tem recaído sobre os parentes. “As famílias têm de se corresponsabilizar pelos doentes, mas não podem ser totalmente responsáveis por eles”, diz Oliveira, o psicólogo da Federal da Bahia. “Não é esse o projeto da reforma.” Os profissionais de saúde mental ligados ao movimento antimanicomial dizem que a sociedade tem de desenvolver uma nova sensibilidade para lidar com as pessoas com transtornos mentais, rompendo a cultura de isolamento e encarceramento que predominou no passado. Mas isso não significa abrir mão da psiquiatria nem do Estado. “Em vez de combater a reforma, que é positiva, as pessoas poderiam nos ajudar a exigir mais investimento do governo”, diz Oliveira.

Há outra forma de atendimento que tem ajudado a melhorar a vida dos pacientes e não pesa sobre as famílias: as casas terapêuticas. Há 516 delas no país, com 2.714 pessoas. Em Campinas são 35 residências para 187 ex-internos de hospitais psiquiátricos. Funcionam como uma espécie de república, com ampla autonomia, mas acompanhadas diariamente por funcionários da prefeitura. Há seis anos, ÉPOCA visitou uma dessas casas em Campinas. Benedita Inácio de Jesus e Mário da Silva dividiam o lugar com outros cinco moradores. Voltamos a visitar na semana passada Benedita e Mário, hoje com 76 e 71 anos, respectivamente. Eles seguem morando juntos, mas com outros companheiros. Ambos sofrem de esquizofrenia. No dia da visita da equipe de reportagem, Mário vivia uma crise provocada pela doença. Estava agressivo, brigando com os auxiliares de enfermagem, arredio a perguntas. Provavelmente teria de ser internado por alguns dias. Quando está calmo, Mário dedica-se a desenhar. Gosta também de cuidar da cachorra Dinga. Benedita, tranquila, encadeia palavras desconexas, mas tenta responder às perguntas que lhe fazem. Naquele mesmo dia ela iria ao supermercado, uma de suas atividades preferidas. Muito religiosa, contou que guarda na igreja do bairro suas imagens de santos católicos. Quer evitar que suas relíquias sejam quebradas durante um surto de algum de seus companheiros de casa, como já aconteceu. “Às vezes é preciso fazer remanejamentos, mas, de modo geral, o modelo vem dando certo”, diz Márcio Azevedo, um dos coordenadores das moradias de Campinas.

Ao longo de mais de uma década da experiência, alguns incidentes já aconteceram. Anos atrás, Benedita deixou o fogão ligado durante uma noite inteira e quase incendiou a casa. A equipe psiquiátrica substituiu o fogão convencional por um corta-gás. Em uma casa composta só de mulheres, os profissionais de apoio se surpreenderam ao saber que ao longo da primeira semana de convívio elas comeram frango cru. Não sabiam que era necessário cozinhar. Já aconteceu também de alguns moradores colocarem fogo no colchão, acidentalmente, enquanto fumavam na cama. Mas os coordenadores dizem não se lembrar de nenhum episódio grave. “No começo do trabalho, quando dava 7 horas da noite, eu ia embora apreensivo com a ideia de eles ficarem completamente sozinhos”, diz Lucas Camilo, auxiliar de enfermagem que trabalha nas casas. “Agora, estou muito mais tranquilo. Nunca acontece nada sério. Se precisam de alguma coisa, telefonam para nós.”

As mudanças na saúde mental brasileira – que deslocaram o eixo do atendimento para fora dos hospitais psiquiátricos – repetem experiências similares de outros países. Os Estados Unidos nos anos 1960, a Itália em 1970, a Grã-Bretanha nos anos 1990. Onde o pêndulo avançou demais na direção da reforma, a sociedade está se movendo para repor o equilíbrio. As famílias não querem ver seus filhos vagando em surto pelas ruas, mas tampouco desejam abandoná-los em hospitais psiquiátricos. Nos países mais elogiados por sua política de saúde mental, como o Canadá, busca-se o equilíbrio entre uma sólida rede de assistência básica – como os Caps – e uma oferta adequada de leitos para atender os casos graves. Não é fácil.

Como tudo o que diz respeito ao poder público, trata-se de administrar recursos escassos. Onde é melhor investir o dinheiro dos contribuintes: nos hospitais, que vão abrigar pacientes em surto, ou nas redes locais, que vão acompanhar o dia a dia dos doentes? Pode-se fazer um paralelo com a educação. O país quer boas universidades públicas, mas não pode abrir mão de investir pesado na educação de base. Qual é a prioridade? Há interesses econômicos e ideologia nos dois lados do debate – e isso não tem ajudado os pacientes.

“A discussão sobre a necessidade de leitos hospitalares deveria ser técnica”, afirma o psiquiatra Jurandir Freire Costa, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, um dos mais respeitados intelectuais brasileiros da área médica. “Não se pode tratar disso com ideologia. O partidarismo nessa discussão prejudica os pacientes e o progresso médico.” O psiquiatra, que tem 65 anos, trabalhou na saúde mental antes da reforma e diz que aquilo era “uma antecâmara do inferno”. Ele pondera que a reforma psiquiátrica é recente e vem sendo implementada simultaneamente no país todo, com grande esforço. E falhas. “Eu não defendo os defeitos da reforma. Se uma única pessoa estiver sem assistência, isso já constitui um bom motivo para fazer a crítica, porque é inaceitável”, diz ele. “Devemos denunciar e discutir os erros, porque é assim que a discussão avança. Mas não podemos nos esquecer dos horrores da situação anterior. O que havia era muito pior.”

( Revista Época - Editora Globo - 01/06/09, Edição nº 576 - Reportagem Saúde & Bem-Estar: Psiquiatria. Texto de Cristiane Segatto e outros)
Veja na íntegra: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI75216-15257,00-DOI+INTERNAR+UM+FILHO+AS+VEZES+NAO+HA+OUTRO+JEITO.html

terça-feira, 9 de junho de 2009

A internação psiquiátrica necessária não é crime (Uma interpretação em defesa do Ferreira Gullar)


Como as defesas e críticas dos artigos do Ferreira Gullar na Folha de São Paulo estão na ordem do dia, em navegação recente descobri um Blog com esse texto abaixo, que reproduzo na íntegra, para subsidiar nosso debate. Se bem que agora, nessa semana, no dia 10 de junho, poderemos assistir na TV Brasil (conforme divulguei) um momento real de debate com ele.

Saudações Anti-manicomiais!


"A internação psiquiátrica que é necessária não é crime" diz o texto de Fátima.


"NÃO É FÁCIL AMAR O DESVIANTE DO PADRÃO DE NORMALIDADE"

Por Fátima Oliveira - Médica - fatimaoliveira@ig.com.br


Ainda sobre sofredores mentais em "crise", quando a família não consegue mais lidar com o estágio de descontrole da doença e busca um "meio médico" de alívio para seu doente e uma trégua para si, saltam aos olhos as interpretações distorcidas dos artigos do poeta Ferreira Gullar: "Uma lei errada" (FSP, 12.4.2009); "A sociedade sem traumas" (Folha de São Paulo, 26.4.2009); e "Os inumeráveis estados do ser" (FSP, 17.5.2009).Gullar conviveu por meio século com dois filhos esquizofrênicos e construiu na dor credenciais morais para emitir a sua percepção de como a Política Nacional de Saúde Mental se concretiza no cotidiano das famílias e dos doentes. Não precisamos concordar, apenas admitir que falou do alto da experiência de pai-cuidador e que seus artigos brotam dum contexto especialíssimo: conhece a fundo o assunto. Embora ame a poesia do meu conterrâneo, não morro de amores pelo Gullar analista político, mas como ousar desqualificar uma voz de experiência de décadas?É imoral quem nunca ardeu, queimou e renasceu das cinzas, como Fênix, na lida com um familiar transtornado mentalmente tentar desacreditar quem, em nome da ética da responsabilidade, cuida do seu dizendo: "este poeta se manifesta frontalmente contra a Política Nacional de Saúde Mental brasileira e declara seu apoio decidido às práticas de internação (...) e que o que está certo é a lógica manicomial que o Brasil está deixando para trás" (Luciano Elia, psicanalista, diretor do Laço Analítico e consultor do Ministério da Saúde para a Saúde Mental de Crianças e Adolescentes).Ignorante da frase "Seja qual for o caminho que eu escolher, um poeta já passou por ele antes de mim" (in "Freud e os poetas"), tripudiou: "Não está sozinho, Gullar, e talvez não tenha tomado esta iniciativa de moto próprio, de moto solo. Há profissionais, em sua maioria psiquiatras sequiosos por retomar o curso retrógrado da assistência psiquiátrica". Ora me compre um bode!A lei nº 10.216 - que "Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental" - diz, sem rodeios, que é um direito da pessoa portadora de transtorno mental: "I - ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, consentâneo às suas necessidades" (art. 2°, parágrafo único); e não se omite e nem criminaliza a internação necessária, ao contrário, a prevê: "Art. 6°. A internação psiquiátrica somente será realizada mediante laudo médico circunstanciado que caracterize os seus motivos. Parágrafo único. Tipos de internação psiquiátrica: I. internação voluntária: com o consentimento do usuário; II. internação involuntária: sem o consentimento do usuário e a pedido de terceiro; e III. internação compulsória: determinada pela Justiça".Não vamos dourar a pílula: não é fácil amar o desviante do padrão de normalidade, pois é extenuante amar a quem só dá trabalho. Atire a primeira pedra quem disser o contrário. É esperado que muitas famílias, no auge do desespero, acalentem o desejo de segregá-los ou de se "aliviar" por uns tempos "forçando a barra" para uma internação. Cotidianamente, vejo tais desejos de alívio no Pronto Socorro em relação a pessoas idosas, inválidas ou doentes terminais. É cruel, mas é real. Ferreira Gullar não declarou "apoio decidido às práticas de internação" e nem advogou pelo retorno das masmorras dos manicômios... O debate tem de elevar o nível para ser sério, pois "quando nem Freud explica, tente a poesia"!

LOUCURA E CRIME - Internação Psiquiátrica e Direitos Humanos

CENTRO DE ESTUDOS E PESQUISAS
EMERJ - FÓRUNS PERMANENTES
CONVITE
O Diretor-Geral da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro – EMERJ e o
Presidente do Fórum Permanente de Direitos Humanos, Desembargador Sérgio de Souza
Verani, convidam para a 8ª Reunião “LOUCURA E CRIME - INTERNAÇÃO
MANICOMIAL E DIREITOS HUMANOS”, que se realizará no dia 17 de junho de 2009, das 09h00min às 13h00min, no Auditório Nelson Ribeiro Alves – EMERJ, Avenida Erasmo Braga, nº. 115, 4º andar - Palácio da Justiça - Centro – RJ.
Segue o programa:
9h00 Abertura
DES. SÉRGIO DE SOUZA VERANI
Presidente do Fórum Permanente de Direitos Humanos
APRESENTAÇÃO DO TEATRO DO OPRIMIDO DO HOSPITAL HEITOR
CARRILHO
Mesa
DRA. ANA CARLA SOUZA SILVEIRA DA SILVA
Psicóloga da SEAP e membro do Movimento da Luta Antimanicomial
DR. MARCOS ARGOLO
Diretor do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico Heitor Carrilho
DRA. TÂNIA KOLKER
Psiquiatra da SEAP
13h00 Encerramento

Serão concedidas horas de estágio pela OAB.
Poderão ser concedidas horas de atividade de capacitação pela ESAJ aos serventuários que participarem do evento (Resolução nº. 17/2006, art. 4º, inciso II e § 3º, incisos I, II e III, do Conselho da Magistratura)
Inscrições gratuitas exclusivas pelo site da EMERJ
www.emerj.tjrj.jus.br
Informações – Tels: (21)3133-3369/3133-3380

I PREMIO CULTURAL LOUCOS PELA DIVERSIDADE


Edição Austregésilo Carrano do PREMIO CULTURAL

LOUCOS PELA DIVERSIDADE


SID/MinC e Fiocruz lançam edital do I Prêmio Cultural Loucos pela Diversidade


O Ministério da Cultura, representado pela Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural, em parceria com o Ministério da Saúde, representado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), por meio do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Saúde Mental (LAPS) e a Caixa Econômica Federal (CEF) publicaram no Diário Oficial da União (DOU) o edital do I Prêmio Cultural Loucos pela Diversidade 2009 - Edição Austregésilo Carrano.
O lançamento da premiação foi anunciado na tarde dessa quinta-feira, 21 de maio, na cidade mineira de Betim, no Auditório do Centro Administrativo. O anúncio fez parte do debate Loucura e Cultura da Semana da Luta Antimanicomial realizada na cidade, que neste ano tem como tema ‘Inclusão e Diver-Cidade’. Representando o MinC, participou do evento a coordenadora de Cultura e Saúde, da SID/MinC, Patrícia Dorneles
Serão premiadas 55 iniciativas, divididas entre quatro categorias. A primeira destinará sete prêmios para instituições públicas que atuam na interface Saúde Mental e Cultura; na segunda oito prêmios serão destinados para organizações da sociedade civil, instituições privadas, entidades e associações sem fins lucrativos. A terceira categoria reservará 20 prêmios a grupos de pessoas sem vínculo institucional que tenham ou tenham tido vínculo como usuários de instituições ou serviços de saúde mental que desenvolvam atividades artístico-culturais.
As 20 premiações restantes serão destinadas para pessoas em sofrimento psíquico que tenham ou tiveram vínculo com instituições ou serviços de saúde mental que desenvolvam atividades artístico-culturais individualmente.
Nas categorias em que a premiação será destinada a instituições ou grupos de pessoas o valor será de R$ 15 mil, já para o prêmio individual o repasse será de R$ 7,5 mil. Cada candidato poderá inscrever-se em somente uma categoria e com até três iniciativas artísticas culturais.
Segundo os organizadores, o edital tem como objetivos promover uma nova visão de política cultural e da política de saúde mental onde o respeito à identidade e à diversidade constroem um país mais democrático no sentido de incluir, socializar, descentralizar e potencializar a todos o direito à criação e à produção cultural. E, também, promover e garantir o protagonismo das pessoas em sofrimento psíquico na construção das políticas públicas de cultura, na criação e produção cultural, entre outro que promovam a inclusão, a emancipação, a autonomia e o direito à cidadania de indivíduos em sofrimento psíquico.
O processo que culminou no lançamento da premiação teve início em 2007 quando a SID/MinC e a Fiocruz realizaram a Oficina Loucos pela Diversidade, com o objetivo de construir ações e diretrizes para as políticas públicas de cultura. Além desse edital, a iniciativa resultou em publicação com o mesmo nome, a qual já teve distribuídos mais de três mil exemplares em diversos eventos de âmbito nacional e internacional.

Maiores informações, acesse o link abaixo

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Justiça obriga Prefeitura de SP a ampliar rede de atenção psicossocial!

Justiça obriga Prefeitura de SP a ampliar rede para tratamento de doentes mentais

Plantão Publicada em 05/06/2009 às 17h37m O Globo

SÃO PAULO - Por determinação da Justiça Federal, a prefeitura de São Paulo terá de implantar uma rede extra-hospitalar para atendimento de pessoas com transtorno mental. Pela decisão, o município terá de construir 57 Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e 37 Serviços Residenciais Terapêuticos (SRTs). O juiz José Carlos Motta deu um prazo de três meses para que pelo menos 12 Caps estejam prontos.
O pedido de construção dos centros para tratamento de doentes mentais foi feito pelo Ministério Público Federal. O MPF quer que os pacientes que já estão há muito tempo nos hospitais, mas que têm possibilidade de alta, sejam reavaliados. A idéia é que eles deixem os centros hospitalares para dar lugar aos pacientes que não têm inteira autonomia social e não possuam vínculos familiares e de moradia.
A decisão determina ainda que o Estado de São Paulo vistorie as unidades já existentes em um prazo de 15 dias. Os centros de atenção psicossocial são unidades de saúde mental especializadas que atendem pessoas com intenso sofrimento psíquico nos diferentes momentos e modalidades de suas necessidades. Eles podem ser voltados para o atendimento de crianças, adolescentes e adultos com transtornos mentais, pessoas que fazem uso prejudicial de álcool e outras drogas.
Já os SRTs são moradias ou casas destinadas a cuidar de até oito pacientes com transtornos mentais que acabaram de sair de hospitais psiquiátricos onde permaneceram internados por longo período de tempo e que estão impossibilitados de retornar às suas famílias ou que não tenham um suporte social para inserção na sociedade.

A Reforma Psiquiátrica contra-ataca na TV Brasil, Canal 2!

O Debate da Reforma Psiquiátrica e do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial no Programa "De Lá Prá Cá", 3 a 1 na TV Brasil, Canal 2, Tv Aberta, dia 10/06/2009, às 22:00 horas
A mesa será composta por Iracema Polidoro - Representante do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial, pelo poeta Ferreira Gullar e a Diretora do Hospital Municipal P. Pinel, a méica psiquiatra Silvana Ferreira.
Depois da polêmica audiência pública no Senado Federal, organizado pela Comissão de Assuntos Sociais, promovido pela intervenção política da Associação Brasileira de Psiquiatria - ABP que tentou mais uma vez destruir o processo de Reforma Psiquiátrica em curso no Brasil, agora chegou a vez de vermos o debate com a presença do Ferreira Gullar que escreveu recentemente na Folha de São Paulo contra a nossa luta e a consolidação de nossa política de saúde mental antimanicomial e antihospitalocêntrica.

Saudações Antimanicomias!

IV Conferência Nacional de Saúde Mental Já! Participe!

Pela IV Conferência Nacional de Saúde Mental!!!
Vamos participar!
No link abaixo, é possível acessar o site para enviar o manisfesto para a realização da IV Conferência Nacional de Saúde Mental . Participem!!!

http://www.pol.org.br/pol/cms/pol/noticias/noticia_081017_002.html

Basta Escrever o nome e o e-mail. É simples!

Há também possibilidade de incluir a assinatura da entidade, assim instituições podem participar também desse movimento

IV Conferência Nacional de Saúde Mental JÁ!!!!!

A última Conferência Nacional de Saúde deliberou pela realização, em 2009, da IV Conferência Nacional de Saúde Mental. Cabe ao plenário do Conselho Nacional de Saúde encaminhar o início do processo da mesma.

É momento de mobilização!!! Queremos a realização desta Conferência por muitas razões:

A Conferência representa um momento democrático, no qual é possível a participação de diversos atores sociais, no processo de avaliação e deliberação acerca das diretrizes das políticas de saúde mental. Neste processo destaca-se importância da participação do usuário que aumentou significativamente com o consequente aumento de serviços. Estas pessoas precisam debater, propor mudanças e/ ou legitimar estes dispositivos como eficientes e necessários para o fortalecimento da Reforma Psiquiátrica.

Uma série de deliberações foi tirada na III Conferência, deliberações essas relativas ao processo de implementação da Reforma do Modelo de Atenção em Saúde Mental, à execução de políticas de saúde mental, à participação dos órgãos de controle social e tantas outras. É momento de avaliar a implementação durante esses anos, de ações políticas, nos diversos âmbitos de gestão, orientadas pelas diretrizes democraticamente aprovadas pela sociedade brasileira;

A última Conferência Nacional de Saúde Mental ocorreu em 2001, alguns meses após a aprovação da Lei 10216/01. Teremos em 2009 oito anos de vigência desta. Sabemos que a rede de atenção em saúde mental é hoje muito distinta daquela que tínhamos em 2001. Temos um número significativamente maior de serviços substitutivos, porém há uma escassez de CAPS III, um dispositivo fundamental de cuidado para o atendimento à crise. Temos diversas experiências acumuladas nos serviços e ainda um número significativo de leitos psiquiátricos a serem desativados. Convivemos com críticas relativas a esse novo modelo. Queremos um processo reconhecidamente participativo, efetivo e democrático para avaliarmos essa rede e para apontarmos futuras direções, que garantam avanços no processo iniciado. Queremos a IV Conferência Nacional de Saúde Mental!!!

POR UMA SOCIEDADE SEM MANICÔMIOS!

sábado, 6 de junho de 2009

UERJ inaugura Centro para tratamento da saúde mental






UERJ inaugurou seu CAPS - Centro de Atenção Psicossocial Universitário no dia 28/05/09 na Policlínica Piquet Carneiro.




Foto Maior: Reitor e Diretores de Unidades Acadêmicas envolvidas no processo, em particular, os dois últimos, Pacelli (Psicologia) e Marco Duarte (Serviço Social).
Foto Menor: Diretor da PPC,Caramês e Assistente Social Neilanza, coordenadora da equipe do CAPS.

O Rio de Janeiro ganhou um reforço no tratamento e cuidado de pacientes portadores de transtorno mental. Desenvolvendo ações para alcançar esse objetivo, foi inaugurado, no dia 28 de maio, o Centro de Atenção Psicossocial Universitário (CAPS), localizado na Policlínica Piquet Carneiro (PPC). O Centro inaugurado agora, já vem executando atividades desde 1993, como Hospital Dia Ricardo Montalbam quando ainda estava vinculado à Unidade Docente Assistencial de Psiquiatria dentro do Hospital Universtário Pedro Ernesto (HUPE). Com capacidade para atender 40 pacientes por dia, oferecerá cuidado e atenção psicossocial para adultos com diagnóstico de sofrimento psíquico grave e persistente. O atendimento será das 9h às 17h, e neste período os usuários receberão café da manhã, almoço e lanche.

O CAPS UERJ reúne uma equipe integrada por assistentes sociais, psicólogos, psiquiatras, enfermeiros e terapeutas ocupacionais. Ao receber alunos de graduação e residentes, o Centro se transformará também em referência na formação de profissionais atentos à nova ética do cuidado em saúde mental. "É um passo muito importante que a UERJ está dando. Em breve, teremos definitivamente um dos melhores Centros de Atenção Psicossocial Universitário instalados. No passado, nós éramos referência em saúde mental no Rio de Janeiro e agora estamos caminhando novamente para isso" afirmou o Reitor, Ricardo Vieiralves, durante a cerimônia de inauguração realizada no auditório da PPC.

Apesar de ter sido inaugurado em um espaço provisório, o CAPS receberá um prédio novo que será construído dentro do terreno da Policlínica. Para o diretor, João José Caramez, vale destacar a importância de ter o CAPS integrado ao centro ambulatorial. "As instalações estão dentro daquilo que esperávamos, temos uma boa infra-estrutura. Além disso, é nossa obrigação integrar o HUPE à Policlínica. Vamos trabalhar para desenvolver este serviço e em breve ele terá suas instalações definitivas", reiterou.

O CAPS e a Reforma Psiquiátrica

A implantação do CAPS caminha ao encontro da reforma psiquiátrica em curso na saúde pública brasileira. Prevendo um conjunto de ações para substituir a tradicional internação psiquiátrica, a reforma está baseada na Lei Federal nº10.216/2001, que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental. De acordo com a coordenadora da equipe do CAPS, a assistente social Neilanza Micas Coe, "o engajamento da equipe de profissionais, professores e alunos foi decisivo para a ampliação das condições assistenciais e resultará na formação de profissionais de saúde, em pesquisa e também em benefícios para a sociedade".

http://www.uerj.br/modulos/kernel/index.php?modulo=noticias&cod_noticia=3351