sábado, 28 de novembro de 2009

VIII Congresso Internacional de Saúde Mental e Direitos Humanos

Dos dias 19 a 22 de novembro de 2009, ocorreu o VIII Congresso Internacional de Saúde Mental e Direitos Humanos e III Forum Internacioal de Saúde Coletiva, Saúde Mental e Direitos Humanos, na Universidade Popular de Las Madres de Plaza de Mayo em Buenos Aires - Argentina.

Prof. Marco José Duarte - Coordenador do NEPS (Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Saúde Mental e Atenção Psicossocial) da UERJ - Brasil foi um dos conferencistas em mesa redonda no Auditório da Sede II, dia 21 de novembro de 2009, sobre a Política de Saúde Mental e Atenção Psicossocial no Rio de Janeiro - Brasil.

Na abertura do VIII Congresso Internacional de Saúde Mental e Direitos Humanos, realizado no auditório da sede da Associação das Madres de Plaza de Mayo, contou com a participação de Gregorio Kazi, Coordenador acadêmico político do Congresso - Argentina; Paulo Amarante, do LAPS - ENSP - FIOCRZ - Rio de Janeiro - Brasil, Jorge Bichuetti, Fundação Gregorio Baremblitt de Uberaba - Minas Gerais - Brasil; Oscar Pellegrini, Dirección Provincial de Salud Mental de Santa Fe - todos membros do Comitê Assessor); e de Hebe de Bonafini, Presidenta da Associação Madres de Plaza de Mayo.
“Es para nosotros un placer muy grande que en este VIII Congreso podamos desarrollar el III Foro de Salud Colectiva, Salud Mental y Derechos Humanos, el VI Encuentro de Lucha Antimanicomial, y el IV Encuentro Detenidos en Movimiento”, disse Kazi.
“Las Madres nos enseñan que han pasado del dolor individual al campo de la lucha colectiva: ahí hay una primera definición rotunda de lo que es la salud mental. No podemos entenderla en la dimensión individual”, resgatou.
Dando continuidade, Paulo Amarante expressou: “No venimos para luchar por un mundo que no vamos a ver, venimos para luchar para mostrar que ya existe otro mundo, que existen otras ideologías, que existe otra forma de vivir, de luchar y de estar en nuestros corazones”.
Desta forma, Jorge Bichuetti afirmou: “Estamos aquí porque buscamos suplir un vacío dado por un mundo de injusticias, miseria y opresión. Venimos en busca de un sueño compartido: la posibilidad de pensar un camino de convivencia, honrando a aquellos que vivieron por la revolución”. Logo depois, expressou a histórica consigna das Madres: “Que este Congreso sea la ‘aparición con vida’ de los sueños, la ‘aparición con vida’ de la solidaridad”.
Posteriormente, Oscar Pellegrini agradeceu a las Madres a concretização do espaço: “En el interior, en esos lugares recónditos del país, que haya trabajadores y actores sociales de la salud pública, que puedan vincular la práctica de salud con los derechos humanos, es toda la potencia que tienen las Madres”
Por último, Hebe de Bonafini resumiu: “En cada uno que pelea y lucha están nuestros hijos, como acá: están inundando este salón, son ustedes y son ellos, son ustedes y nosotros”. “El amor y el odio son una muy buena receta. El amor para ellos y para luchar y el odio para poner toda la fuerza contra el enemigo, que sigue siendo el capitalismo y el imperialismo. Lo mejor que nos pasó a las Madres es haber socializado la maternidad y hacer lo que hacían nuestros hijos: el ‘otro soy yo’, que me duela lo que le pase al otro hasta sangrar y cuando me pase eso ahí empezamos a ser revolucionarios”.
Muitos jovens estudantes e trabalhadores do campo da saúde coletiva, da saúde mental e dos direitos humanos apresentaram múltiplos e diversos trabalhos acadêmicos. Foram várias as mesas, conferências, oficinas, tanto interno quanto externo a sede, a praça foi ocupada com diferentes manifestações públicas e de debates durante os quatro dias do congresso. Tinham pessoas de várias partes da Argentina, Uruguay, Brasil e tantos outros lugares na luta pela desinstitucionalização da loucura e dos loucos e loucas.
O evento se constitui em um encontro científico e político onde o pensamento crítico tenta confrontar as concepções hegemônicas. "Desde a Universidade Popular pretendemos afiançar um âmbito no qual outras práticas em saúde e outras concepções da realidade social possam ser debatidas", explicava Hipólito Yrigoyen, que idealizou o projeto. Yrigoyen afirmava que a alienação e a dominação social são produtos deste sistema econômico "e nunca podem determinar as condições para a promoção da saúde mental de nossos povos". A saúde mental tem um suporte coletivo e político que é negado sistematicamente. Assim, o objetivo do congresso é colocá-lo no centro do debate.

domingo, 1 de novembro de 2009

Curso de Extensão em Saúde Mental e Atenção Psicossocial na UERJ

Dr Roberto Osman, Profra Valéria Forti, Profra Josélia Reia e Prof. Marco José Duarte - Aula sobre Legislações para o campo da Saúde Mental e Atenção Psicossocial - Direitos e Conquistas!
Prof. Edvaldo Nabuco - Aula sobre a Lei 10.216: transições paradigmáticas - antes e depois

Profra Ana Paula Guljor - Aula sobre a Lei 10.216: Antes e depois - transições paradigmáticas


Prof. Marco José Duarte - Primeiras palavras sobre o Curso



Prof. Sergio Alarcon - Aula sobre História da Loucura e as Reformas




Público do Curso de Extensão: Técnicos de diversas áreas profissionais do campo da saúde mental (formados e em formação técnica, graduada e pós-graduada), usuários e familiares


Passado um mês do Curso, estamos divulgando algumas imagens que visualizam o seu desenvolvimento. Contamos sempre a cada noite de terça-feira com convidados/parceiros do NEPS e componentes do campo da saúde mental e atenção psicossocial e da luta antimanicomial.
O sucesso do Curso se deve a participação e colaboração de todos e todas na efetivação de um espaço mais que necessário, na atual conjuntura, de trocas, de encontros, que nos fortaleçam seja na academia, na rede dos serviços, na pesquisa, na produção de conhecimentos, na relação com a sociedade.
A mídia nesse tempo tem nos oferecido imagens que veiculam nossa realidade, nossas lacunas, conquistas, confrontos e disputas no campo. De um momento, o programa Profissão Repórter mostra em sua reportagem a Marcha dos Usuários em Brasília, alguns CAPS, a emergência psiquiátrica, a população de rua e o peso do cuidado e o sofrimento no meio familiar e de outro, uma entrevista no Jornal Nacional, horário nobre, com um representante da ABP de São Paulo (Prof. Macieira da UNIFESP) e o Coordenador da Coordenação de Saúde Mental do Ministério da Saúde - Prof. Pedro Gabriel (UFRJ).
Se muito vale o que ja foi feito, muito mais ainda temos que fazer, pois as demandas de cuidado e de atenção em saúde mental crescem a cada momento, desafiando-nos a concretização de uma política pública de saúde mental que precisa se aprimorar na rede pública municipal.
Em defesa da Reforma Psiquiátrica!
Na defesa do Sistema Único de Saúde!
Saudações Antimanicomiais,
Prof. Marco José Duarte
Coordenador do NEPS/UERJ



Saúde Mental na UERJ - A Construção II







SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO PSICOSSOCIAL EM PAUTA NA UERJ: PROFISSIONAIS DEFENDEM O CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL - CAPS da UERJ!






(Extraído do Boletim da ASDUERJ - Associação dos Servidores Docentes da UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro - setembro/2009)

"Em 1999, ao fazer uma visita à Policlínica Piquet Carneiro, que passara a ser gerida pela UERJ, o professor do Instituto de Psicologia, Ademir Pacelli, vislumbrou um espaço para a criação de um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) vinculado à universidade. “Era uma casinha no alto de uma colina muito adequada ao projeto”, lembra. Na época, Pacelli era supervisor de estagiários de psicologia do Hospital Dia Ricardo Montalban, que, então, funcionava na Vila Psiquiátrica do Hupe. Após dez anos e um longo processo de discussão e adequação, que incluiu, num primeiro momento, a transferência do HD para o Piquet Carneiro, o CAPS foi inaugurado no último dia 28 de maio.
O local ainda não é o vislumbrado pelo atual diretor do Instituto de Psicologia. A “casinha da colina” é, por enquanto, um projeto aguardando financiamento. Porém, a mudança para a antiga creche dos funcionários da Policlínica possibilitou não só novos ares à equipe do Hospital Dia, como sua expansão e transformação em Centro de Atenção Psicossocial.
Carro-chefe do projeto de reforma psiquiátrica, oficializado pela portaria 336/2002 do Ministério da Saúde, os Centros de Atenção Psicossocial têm o intento de mudar a abordagem no tratamento de pacientes com sofrimento psíquico. A proposta é romper com a lógica “hospitalocêntrica”, define o professor Marco José Duarte. Diretor da Faculdade de Serviço Social, Marco é mais um dos que já integravam a equipe como supervisor de estagiários de serviço social do Hospital Dia Ricardo Montalban, núcleo base do CAPS. Para ele, o modelo do HD, apesar de atender às diversas propostas da reforma, ainda é atrelado à lógica do tratamento hospitalar. Nos CAPS, afirma, “a centralidade do cuidado deixa de estar no procedimento médico em si e se coloca no usuário, na vida dele, na história dele”.
Psiquiatra contratado para trabalhar no CAPS, Leonardo Dias antecipa-se a elucidar qualquer equívoco quanto à proposta assistencial do Centro. “Não somos contra o tratamento. Somos contra o “asilamento”, as más condições das internações e de tratamento”, defende.
A psicóloga Naiara Castellar, integrante da equipe, lembra que a criação de um espaço fora do hospital é uma exigência da portaria. “O tratamento em saúde mental tinha o hospital como lugar fundamental. Internar era tratar e isso produzia longos períodos de internação e pacientes que só conseguiam viver dentro do hospital. Hoje tentamos produzir novos espaços, positivar as diferenças que o transtorno psiquiátrico significa para o homem”. Mas não se trata apenas de uma obrigação regulamentar, afirma. “Já não cabíamos mais dentro de um Hospital Dia. O desejo do nosso trabalho, a nossa maneira de cuidar, não cabia mais na vila psiquiátrica do HUPE. Agora, todos estão juntos nesse trabalho: a UDA de Psiquiatria, atualmente representada pelo professor Iso Jorge, os Institutos de Psicologia e de Nutrição, as Faculdades de Serviço Social e Enfermagem e a Policlínica. Somos todos parceiros”.
A constituição multidisciplinar da equipe não chega a ser uma novidade. A diferença está na gestão colegiada e interdisciplinar, aponta Marco José, que atualmente também é o supervisor clínico-institucional da equipe junto à Prefeitura. Segundo ele, este é um dos aspectos que o diferencia do trabalho feito num hospital, no qual o saber médico tem a última palavra. Para expressar esta horizontalidade, o grupo foi às últimas consequências, exigindo que a entrevista fosse feita com o coletivo. “Isto tem tudo a ver com nosso desejo, que inclui a formação de recursos humanos aptos a compreender esta nova ética de trabalho do cuidar”, completa Naiara. A interdisciplinaridade encontrou na Policlínica um ambiente propício, acredita a coordenadora de enfermagem da unidade, professora Regina Trino Romano. “A perspectiva é fazer aqui um laboratório que efetivamente integre ensino e serviços. Nesse sentido, foi feito um convite às unidades acadêmicas para que elas agregassem parcerias através de um professor no CAPS”, relata.
No momento, a coordenação técnica do CAPS é da servidora técnico-administrativa, a assistente social Neilanza Coe. Segundo a equipe, a coordenação está afinada com os parceiros internos da UERJ e extra-institucionais da área de saúde mental do município, estado e Ministério. Ela destaca a demanda pelo serviço existente na região. A saúde na cidade é recortada em áreas programáticas. A UERJ está localizada na AP 2.2, contemplando os bairros de Vila Isabel, Andaraí, Tijuca e Praça da Bandeira. A instalação desses centros são por A.P’s e estão em todo o
município. “Havia uma expectativa da rede de saúde mental que fosse implantado um CAPS na AP 2.2”, revela Neilanza. “Estamos num processo de implantação e aperfeiçoamento deste trabalho, formando a equipe conforme os princípios deste novo modelo de cuidado, além do objetivo com a formação multiprofissional de residentes e estagiários, como também se habilitando para o credenciamento oficial”, relata. Ela informa ainda a visita recente do conselho distrital da AP 2.2 para apresentação da proposta de trabalho. O professor Marco destaca que “com o credenciamento pelo Ministério, seremos o primeiro CAPS universitário do Rio de Janeiro e todos apostam nisso”.
O professor Pacelli reitera que, durante todo o processo, o coordenador da UDA de psiquiatria, professor Roberto Chaves Pavão, esteve sempre informado e foi convidado para todas as reuniões de construção desta passagem.
Participaram ainda desta entrevista a enfermeira especialista em saúde mental contratada para o CAPS, Renata Cerqueira, a residente em psicologia Juliane Chaves, a bolsista em treinamento profissional, a assistente social Rosimar Merodio, a terapeuta ocupacional Kátia Cursino, a bolsista de extensão do NEPS da Faculdade de Serviço Social Stephanie Silva e as estagiárias de psicologia Tania Sival e Renata Demarco".