quinta-feira, 27 de maio de 2010

HOMENAGEM À FERNANDO DINIZ - TRAÇOS DO INCONSCIENTE


A UERJ HOMENAGEIA FERNANDO DINIZ 

EXPOSIÇÃO - TRAÇOS DO INCONSCIENTE

A UERJ recebe o II Congresso Brasileiro de Saúde Mental da ABRASME nos dias 3, 4 e 5 de junho, e sendo o mês de maio comemorativo da Luta Antimanicomial, durante o Congresso, os participantes terão a oportunidade de visitar a exposição das obras de Fernando Diniz na Galeria Cândido Portinari.


A SR-3 e o Departamento Cultural da UERJ abrem no dia 28 de maio de 2010, sexta-feira, às 19h, a exposição Fernando Diniz - Traços do Inconsciente, que reúne trabalhos inéditos feitos pelo artista do Museu do Inconsciente, durante o período de internação na Vila da Unidade Assistencial de Psiquiatria, do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ, de 1997 até o seu falecimento em 1999.


A mostra conta com diversas composições em cor, com as formas geométricas já consagradas de Fernando. Ele era um dos artistas mais emblemáticos descoberto pelas mostras do Museu do Inconsciente. Fez parte do tratamento pioneiro no Brasil, empregado pela Dra. Nise da Silveira, de substituir as terapias agressivas da época por trabalhos artísticos. Com a ajuda dela, Fernando foi incentivado a criar livremente, dando expressão aos seus estados mentais. O reconhecimento de suas obras veio através de exposições no Brasil e no exterior, publicações, filmes e vídeos.



BIOGRAFIA

Fernando Diniz nasceu na Bahia, em 1918. Veio morar com a mãe em casarões de cômodos para baixa renda, no Rio de Janeiro, aos quatro anos de idade. Mulato e pobre, nunca conheceu o pai. Sempre acompanhava a mãe, costureira, em casas de família de classe média. Desenvolveu paixão obsessiva pela filha de uma das clientes. Desde garoto sonhava ser engenheiro. Chegou ao primeiro ano científico, mas abandonou os estudos.

Em 1944, foi preso e levado para o Manicômio Judiciário, por estar nadando despido na praia de Copacabana. Em 1949, foi transferido para o Centro Psiquiátrico Nacional, em Engenho de Dentro, onde conheceu a Dra. Nise da Silveira. Depois de receber sessões de eletrochoque e comas insulínicos, que nada resolveram, foi levado ao ateliê de pintura. Fernando sai do enclausuramento e começa a pintar com avidez, incentivado pelo tratamento alternativo empregado experimentalmente pela Dra. Nise.

Em suas obras mistura o figurativo e o abstrato, em complexas estruturas de composições. O resultado é uma sucessão de imagens, superpostas, dinâmicas e coloridas. Em 1986, o cineasta Leon Hirzman produz o documentário "Imagens do Inconsciente" que mostra o processo criativo de produção de Fernando.

Já doente, após uma cirurgia nos rins, foi transferido para a Vila da Unidade Docente Assistencial de Psiquiatria do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe), em 1997, onde permaneceu produzindo até o seu falecimento em 1999. A exposição conta com este acervo.

Com promoção da UERJ/SR-3/Decult e com Apoio do CAPS/UERJ, UDA-P/HUPE/UERJ, IP/UERJ e Museu de Imagens do Inconsciente
APRESENTAM:
FERNANDO DINIZ - TRAÇOS DO INCONSCIENTE

Local: Galeria Cândido Portinari / UERJ
Rua São Francisco Xavier, 524 - Maracanã
Tel.: (21) 2334-0728 / 0114
Inauguração: 28 de maio de 2010, sexta-feira, a partir das 19h
Visitação: até 25 de junho de 2010
De: segunda a sexta, das 9h às 20h

ENTRADA FRANCA!

Abs
EQUIPE NEPS/UERJ

terça-feira, 25 de maio de 2010

Carta Aberta ao Campo da Saúde Mental elaborado pela Área Técnica de Saúde Mental - SESDEC-RJ

CARTA ABERTA AO CAMPO DA SAÚDE MENTAL 

O Estado do Rio de Janeiro tem uma longa história de lutas e trabalho na militância pela dignidade dos portadores de transtornos mentais. Essa história sempre foi pautada pela estreita articulação e vinculação entre os diversos atores do processo da Reforma Psiquiátrica, a saber, os gestores, os profissionais e os familiares e usuários de serviços de saúde mental, assim como as entidades da sociedade civil e o controle
social, onde as diferenças se mostravam geradoras de propostas cada vez mais maduras e sólidas.
A convocação da IV Conferência Nacional de Saúde Mental – Intersetorial, nove anos após a última conferência, foi uma conquista de todos os que participam desta história.
Desde fevereiro de 2010 a agenda da Saúde Mental tem se voltado, em diferentes municípios, estados e no âmbito nacional para a organização da IV Conferência Nacional de Saúde Mental Intersetorial. Em especial no Estado do Rio de Janeiro, esta mobilização tem acontecido em diferentes espaços, seja nas pré-conferências, nas conferências municipais e regionais, nos fóruns temáticos, no colegiado de coordenadores municipais de saúde mental, nos conselhos de saúde, no cotidiano dos serviços e nas diferentes redes de conversação. Este é um exercício importante, considerando os avanços acumulados desde 2001 e os desafios ainda presentes. O amadurecimento das conquistas da política de saúde mental, assim como das estratégias de cuidado e sua articulação efetiva com o controle social e com a rede intersetorial exige esforço e diálogo permanente de todos os atores envolvidos neste processo, sejam gestores, prestadores, trabalhadores, familiares e usuários de saúde mental, usuários de saúde em geral e representantes de diversos setores intersetoriais.
Em última análise é um exercício trabalhoso, produtor de muitos enfrentamentos, mas igualmente inerente à tecetura do próprio campo público e do SUS. A experiência da Área Técnica de Saúde Mental da SESDEC (ATSM) na intrincada e delicada negociação com o Conselho Estadual de Saúde (CES) desde o início do processo de construção da IV Conferência, apresenta impasses que vêm sendo compartilhados com a Comissão Organizadora da IV Conferência Nacional de Saúde Mental Intersetorial. O processo de organização da etapa estadual tem sido marcado por embates entre a ATSM e o CES desde a construção da primeira versão do Regimento estadual.
As discordâncias relativas ao Regimento, bem como em relação ao próprio processo de organização e programação da Conferencia Estadual, vem sendo cotidianamente apontados pela equipe técnica de saúde mental. É importante afirmar que a IV Conferência Nacional apresenta como processo de execução e na sua organizacional a co-gestão entre a Área Técnica Nacional de Saúde Mental e Conselho Nacional de Saúde bem como sua articulação com os parceiros intersetoriais. Este processo de co-gestão não se efetivou na construção da IV Conferência Estadual de Saúde Mental,onde a interlocução com o CES e a sobreposição do mesmo ao longo do processo se apresenta sob argumentação de ordem normativa que lhes outorga um grau de autonomia e não de compartilhamento que se distancia da finalidade da realização de uma conferência de saúde.
Deparamo-nos com uma estrutura onde tudo é decidido nas Plenárias ou em fóruns internos do CES, em que as decisões pactuadas coletivamente nas subcomissões e mesmo nas reuniões da Comissão Organizadora são preteridas.
Como efeito do amadurecimento político e da capacidade de compartilhamento e apoio por parte do campo público da saúde mental, foi de vital importância o documento assinado em conjunto pelo Presidente da Comissão Organizadora da IV Conferência Nacional e o Presidente do Conselho Nacional de Saúde enviado no dia 26/04, onde a inadequação do regimento estadual foi bem explicitada, destacando itens que se apresentam em franca discordância com o Regimento da IV Conferência Nacional.
Inicialmente avaliamos que o referido documento pudesse subsidiar a equipe técnica de saúde mental para de fato construirmos uma Conferência efetiva quanto ao seu objetivo principal, de fortalecer a política e a rede de cuidados intersetoriais, onde a participação de todos os segmentos seja assegurada e potencializada.
Apesar do interesse e da presteza da Comissão Organizadora Nacional no envio do documento não obtivemos sucesso na promoção das mudanças cabíveis ao Regimento da Estadual e à organização desta conferência, o que mais uma vez ilustra a dificuldade de interlocução e de condução participativa como a mesma vem sendo conduzida pelo CES. Lamentavelmente a relação com o Conselho Estadual de Saúde coloca em risco um dos princípios do SUS que preconiza o controle social como instrumento de garantia do processo democrático no campo da saúde pública, e que é de interesse ético, político e busca ser preservado e alimentado pela Área Técnica de Saúde Mental Estadual.
Durante todo o período estivemos ativamente participando das organizações das conferências municipais e regionais. Com relação às reuniões para organização da Etapa Estadual, a Área Técnica colocou-se totalmente disponível e cooperativos a despeito das dificuldades que os técnicos da ATSM vêm sendo submetidos, incluindo as discrepâncias e a falta de clareza das informações mais triviais, como data e horário
das reuniões das subcomissões. Seguidamente apontamos as incongruências entre os regimentos estadual e nacional. Lutamos ainda para garantir a participação de toda a equipe da ATSM na estadual, o que está sempre sob discussão e questionamento, ilustrando que a construção de um processo de co-gestão não foi instaurado. Somos uma equipe que trabalha no apoio das dez regiões do estado e em ações complexas para a consolidação da política nacional de saúde mental, trabalho este que deve ser potencializado por todos os atores na discussão e construção do campo público.
Com relação às Conferências Municipais e Regionais, a Área Técnica de Saúde Mental participou destes processos de forma ativa e as eleições dos representantes municipais ocorreram de forma transparente e direta. Assim, democrática e coletivamente, fomos construindo caminhos para a realização de uma Conferência Estadual potente e indutora de ações que visem o fortalecimento da política de Reforma Psiquiátrica e a melhoria na assistência prestada aos portadores de transtornos mentais.
A determinação da área Técnica de Saúde Mental do Estado em acompanhar este processo se deu sempre na direção e com o compromisso de sustentar a realizaçãoda Conferência Estadual com ampla participação de todas as Regiões do Estado, apostando e tentando operar neste processo as mudanças apontadas pela Comissão Organizadora da Nacional. Foi na afirmação desta aposta que a Área Técnica não tornou público, até a presente data, os impasses e as enormes dificuldades vivenciadas, comprometedoras da adequada realização da IV CESM.
O que nos conduziu a publicização de nossa posição foi o fato de terem sido esgotadas todas as possibilidades de negociação nos espaços institucionais ordinários, sem que houvesse até o momento alguma mudança concreta no regimento que indique que a IV CESM será realizada da forma que consideramos adequada.
No dia 20/05 foi convocada uma reunião ampliada com o Colegiado de Coordenadores Municipais de Saúde Mental do Estado, na qual divulgamos publicamente a situação e nossa posição diante dos fatos.
No dia 21/05 foi realizada uma reunião extraordinária com o Pleno do Conselho Estadual, onde alguns pontos de divergência foram novamente discutidos, sem, no entanto, que a ATSM tivesse espaço para se colocar, sob alegação que só conselheiros têm direito a voz nessa plenária. Como resultado, as mesmas diretrizes discrepantes foram mantidas e todos os pontos polêmicos que poderiam ser objeto de destaque na
leitura do regulamento na plenária da Conferência Estadual foram retirados, impedindo assim que sejam discutidos e aprovados por esta.
Diante da gravidade da situação, enviamos um documento à Comissão Organizadora da IV Conferência Nacional com os questionamentos já apresentados, para que a Nacional possa proceder aos encaminhamentos pertinentes.
Numa direção compartilhada com a Comissão Organizadora da IV Conferência Nacional de SM, a Área Técnica do Estado até a presente data se mantém no processo da Conferência Estadual, na tentativa de reverter os pontos discrepantes considerados por nós como inegociáveis, a saber:

1. Garantir que as eleições para delegados que irão participar da Etapa nacional sejam realizadas na Etapa Estadual de forma transparente, no último dia da Conferência Estadual, imediatamente após a discussão das
propostas e anterior à Plenária Final.

2. Garantir a apresentação, discussão e inclusão de novas propostas pelos Grupos de Trabalho.

3. Garantir a presença da Área Técnica de Saúde Mental na Conferência Estadual de forma integral e efetiva na apresentação, discussão e construção das Propostas nos Grupos de Trabalho.

Diante do cenário da Reforma Psiquiátrica, composto por vários jogos de forças e repleto de tensionamentos imanentes ao campo público, a equipe tem se colocado como foco de resistências no enfrentamento de processos que destituem o Movimento da Reforma e a reorientação do modelo de cuidado em saúde mental. Esta resistência como afirmação do campo público, deve ter seu momento de fortalecimento e celebração no espaço de construção coletiva que deve culminar com a Conferência Estadual. A realização da Conferência, sem a garantia de que os pontos acima serão reconsiderados, coloca em questão uma década de trabalho em direção à consolidação da Reforma Psiquiátrica no Estado e o projeto que esta área técnica vem defendendo
com afinco para a saúde mental.
Entendemos ser este um momento fundamental do nosso trabalho como gestores: o de garantir que a Conferência se constitua como um fórum realmente político, democrático e coletivo de debates e pactuações.

Rio, 24 de maio de 2010

Área Técnica de Saúde Mental da SESDEC - Rio de Janeiro

Carta do MTSM à Comissão Organizadora da IV Conferência Nacional de Saúde Mental - Intersetorial

Carta do MTSM à Comissão Organizadora da IV Conferência Nacional de Saúde Mental - Intersetorial


Rio de Janeiro, 24/05/2010

À Comissão Organizadora da IV Conferência Nacional de Saúde Mental - Intersetorial,
a/c do Presidente da IV CNSM
Dr. Pedro Gabriel Delgado
c/c para Secretaria Executiva do Conselho Nacional de Saúde
Sra. Rozangela Camapum

É com profunda preocupação com o desenrolar do processo de construção e de organização da Conferência Estadual de Saúde Mental do Rio de Janeiro que os Trabalhadores de Saúde Mental vêm, através deste documento, denunciar sérios acontecimentos que estão colocando em risco a realização de uma Conferência Estadual democrática, transparente e representativa. As irregularidades vão se somando sem que esteja sendo possível um retorno à legalidade, e chegamos agora ao ponto de pedir à Comissão Organizadora da Conferência Nacional de Saúde Mental - Intersetorial a verificação dessas irregularidades e a possibilidade de operacionalizar uma mediação no andamento da Conferência Estadual de Saúde Mental do Rio de Janeiro.

Considerando o Art.2º do Capítulo II do regimento da IV CNSM, que afirma que: A IV Conferência Nacional de Saúde Mental Intersetorial terá abrangência nacional e ocorrerá em etapas, nos âmbitos municipal e/ou regional, estadual e nacional, deduzimos que tanto as etapas municipais quanto a etapa Estadual estão submetidas e terão que se adequar ao Regimento da IV CNSM, pois são etapas de uma só Conferência. Entretanto, a Comissão Organizadora da Conferência Estadual do RJ (CO-RJ), liderada pelo Conselho Estadual de Saúde do Rio de Janeiro (CES-RJ), tem conduzido o processo como se gozasse de total autonomia para decidir sobre sua realização.

Por orientação da CO-RJ, foram realizadas etapas regionais mesmo em municípios que haviam feito suas Conferências Municipais, contrariando o Regimento da IV CNSM que em seu artigo Art.5º do Capitulo II, da Realização, diz: § 1º Os Municípios que não realizarem as suas Conferências Municipais poderão, em caráter extraordinário, realizar Conferências Regionais de Saúde Mental.

Contrariando o mesmo Regimento que declara no CAPÍTULO II - DA REALIZAÇÃO – Art. 4º § 1º: Os delegados dos Estados para a etapa nacional serão indicados nas respectivas Etapas Estaduais, foram eleitos delegados nas etapas regionais já investidos da condição de delegados para a Conferência Nacional, sem que sua eleição tenha sido feita na etapa Estadual, que sequer ainda se realizou.

Consciente da ilegitimidade em que se encontrava, o CES-RJ realizou uma reunião extraordinária no dia 21 de maio de 2010 para aprovação de outro Regimento e outro Regulamento para a etapa Estadual da IV Conferência. Os trabalhadores de saúde mental foram testemunhar essa plenária. Apesar de nossa insistência, não foi, em momento algum, nos dado direito à fala. Tentamos através de alguns conselheiros sensíveis às nossas argumentações defender algumas propostas. Em muitas vezes, nos vimos obrigados a nos colocar, mesmo sob protestos inflamados da mesa diretora, presidida pelo Sr. Orany Francisco Araujo Sobrinho, que nos refutava sempre aos berros e com o microfone em punho, não nos dando o direito de resposta e nos ameaçando de sermos retirados da sala por seguranças.

Nesta plenária do CES, foram decididas as transferências de diversos artigos do Regulamento da etapa Estadual para o Regimento da mesma, com o objetivo explícito de evitar o debate político sobre eles, já que só o Regulamento tem necessidade de ser aprovado tão logo seja iniciada a Conferência de SM. Esse artifício da Plenária do CES, na pessoa do Sr. Orany (proponente dessa idéia), também fere o Regimento da IV CNSM, CAPÍTULO III - DO TEMÁRIO OFICIAL E RELATORIA, que deixa claro em seu artigo 10º: A metodologia específica da IV Conferência Nacional de Saúde Mental – Intersetorial será explicitada no regulamento interno, com o objetivo de propiciar participação ampla e democrática de todos os segmentos representados na Conferência e a obtenção de um produto final que contribua para o alcance dos seus objetivos.

Foi transferido do regulamento para o regimento o artigo que versa sobre a eleição dos delegados para a nacional. Para a CO-RJ, que registrara em seu ‘primeiro regimento’, revisto na plenária do CES do dia 21/05/10, a finalidade de apenas homologar na etapa estadual os delegados ‘já eleitos para nacional’ nas etapas regionais, a exigência de eleição será cumprida de forma meramente burocrática, já que visa a realizar a eleição para a nacional no início da Conferência estadual, logo após a plenária de abertura. Este procedimento irregular, além de impedir que a eleição reflita as discussões sobre os temas e eixos da Conferência, já que seria feita antes destas discussões, reduz a eleição a uma mera homologação e finge atender às exigências da Comissão Organizadora Nacional.

Nós, trabalhadores de saúde mental, defendemos que apenas após a observação e avaliação da cada um dos delegados na defesa de suas teses, através dos diferentes espaços coletivos de discussão, é possível fazer uma escolha consciente e elegê-los para representar o estado do Rio na Conferência Nacional. Só ao fim de uma conferência fica claro o que cada um pensa, como cada um se coloca frente ao que pensa, e quanta coragem tem e demonstra ter para defender as idéias que representam o pacto coletivo. Essa posição não contraria a possibilidade de que delegados que foram eleitos nas etapas regionais, mesmo que de forma equivocada, e que sejam realmente representativos, tenham sua eleição reiterada, e dessa vez de forma legítima. Estamos em um processo democrático e todos nós devemos estar dispostos a submeter nossos nomes à consulta, para que seja fidedigna nossa representatividade.

O segundo ponto que gostaríamos que fosse revisto é o Art. 19º do regulamento da CESM, que também será transferido para o regimento. Este artigo diz que os grupos de trabalho apresentarão propostas a partir do Documento-Base, resultante da Consolidação das Conferências Regionais. Entretanto, foi explicitado pela CO-RJ que não serão possíveis inclusões de novas propostas além das já registradas no documento-base. Vale registrar que este documento foi montado a partir de uma síntese dos relatórios das regionais, solicitados as pressas às respectivas comissões organizadoras e que, portanto, não contempla o conjunto das propostas aprovadas em quaisquer das regionais.

Consideramos exigível que seja permitida a discussão e inclusão de novas propostas nos grupos, para posterior aprovação em plenária. Três razões principais avalizam essa idéia:
 Muitas propostas importantes que foram aclamadas em plenárias regionais não foram incluídas nos resumos/sínteses;
 Tivemos conhecimento de que em algumas conferências regionais as propostas foram apenas lidas, não sendo permitido nenhum destaque e sem que tenha sido realizada qualquer votação pela plenária para a aprovação das mesmas;
 Parece-nos que se não houver novas propostas, a CESM se reduzirá à condição de uma comissão para rever as propostas das CMSM e CRSM, contrariando o regimento da CNSM que explicita em seu Artigo 6º do CAPÍTULO II - DA REALIZAÇÃO – A Etapa Estadual terá por objetivo analisar a situação estadual sobre saúde mental, acrescido das propostas aprovadas nas Conferências Municipais e/ou Regionais, e elaborar propostas para o Estado e União, [grifo nosso]

Ainda em relação às propostas, a CO-RJ transferiu para o regimento o artigo 23º § 1º (que integrava o seu regulamento) que diz: A proposta que não sofrer destaque nos grupos de trabalho, estará aprovada pelo Grupo e será apresentada à plenária final. Este artigo não contém a palavra VOTADA, o que nos permite supor que a proposta sem destaque nos grupos será apenas apresentada e automaticamente aprovada na plenária final, da mesma maneira que ocorreu em algumas regiões, como por exemplo, na etapa regional da região Metropolitana I B (Baixada Fluminense).

O terceiro ponto que precisa ser revisto é a maneira como está definida a participação dos convidados, dos observadores e dos ouvintes para a IV CESM. Em uma manobra da mesa diretora da Plenária do CES para aprovação do ‘novo’ Regimento e Regulamento, os observadores - que sequer existiam na versão anterior do regimento - se tornaram convidados da própria Comissão Organizadora, e a possibilidade de haver ouvintes não foi sequer mencionada. Parece-nos que uma Conferência que se quer democrática e que esteja discutindo políticas públicas não deveria obstar a participação de ouvintes e observadores, mantendo sua transparência e condição pública.

Outro ponto a destacar: não é possível garantir que os convidados e os observadores colaborarão para a riqueza do debate se a área técnica de saúde mental da Secretaria de Estado de Saúde não puder participar da escolha dos mesmos. A Equipe Técnica de SM do Estado não tem conseguido interferir nas decisões da CO-RJ. Consideramos imprescindível que a Conferência seja acompanhada pela equipe técnica de Saúde Mental do Estado em sua concepção, formulação, organização e execução.

Munidos da programação da IV CESM também nos deparamos com vários problemas graves. Citamos dois:
1. A Conferência será recheada de mesas redondas e só haverá 4 (quatro) horas para o debate e conseqüente elaboração de propostas nos Grupos de Trabalho;
2. Foi aumentado para 56 (cinqüenta e seis) o número de delegados “natos” do CES-RJ para a Conferência Estadual.

Se a situação se mantiver como está, não há necessidade de se realizar uma Conferência, pois nós não vamos fazer propostas, não vamos debater propostas e nem eleger nenhum delegado.

Por todos esses motivos, o Movimento de Trabalhadores de Saúde Mental do Rio de Janeiro, decidido em garantir que se realize uma Conferência Estadual de Saúde Mental democrática e profícua, considera imprescindível não apenas a tomada de conhecimento, por parte da Comissão Organizadora da IV CNSM-I, como também a tomada de uma posição, aquela que esta Comissão julgar mais adequada e apropriada a uma situação de tamanha gravidade, irregularidade e ilegalidade, seja para acompanhar e mediar a etapa Estadual da IV Conferência de Saúde Mental no caso em que esse acompanhamento e essa mediação possam mudar significativamente o cenário atual e fazer um retorno à legalidade democrática, seja para tomar outras providências que se lhe afigurem cabíveis no caso.

No aguardo de uma posição da Comissão Organizadora da IV Conferência Nacional de Saúde Mental, subscrevemo-nos.

Cordialmente,
MOVIMENTO DOS TRABALHADORES DE SAÚDE MENTAL DO RIO DE JANEIRO 



ABAIXO-ASSINADO PARA QUEM QUISER ASSINAR A CARTA ENDEREÇADA À COMISSÃO ORGANIZADORA DA IV CNSM-I




sábado, 22 de maio de 2010

I ENCONTRO ESTADUAL SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE MENTAL DO RIO DE JANEIRO

I ENCONTRO ESTADUAL DE SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE MENTAL 
II SEMINÁRIO DA UERJ DE SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE MENTAL

SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO PSICOSSOCIAL:

TRABALHO & FORMAÇÃO 

PARA UM NOVO MODELO DE CUIDADO EM SAÚDE MENTAL


PROGRAMAÇÃO

Dia: 02 de junho – quarta-feira

8:30 – 9:30 – INSCRIÇÕES GRATUITAS
9:30 - 10:00 - MESA DE ABERTURA:
A.S. Prof. Marco José Duarte – Diretor da FASSO/UERJ e Coordenador do NEPS-UERJ
A.S. Profª Artemis Marinho – ESS/UFF
A.S. Prof. José Augusto Bisneto – ESS/UFRJ
A.S.Profª Conceição Maria Vaz Robaina – CRESS-RJ

10:00 – Mesa-Redonda: SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE MENTAL:
TRABALHO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Profª Conceição Maria Vaz Robaina (CRESS-RJ) - Coordenação

Prof. Eduardo Mourão Vasconcelos (ESS/UFRJ) - Expositor
Prof. Marco José Duarte (FASSO/UERJ) - Expositor

Prof. Erimaldo Nicácio (ESS/UFRJ) - Debatedor

12:00 às 13:00 – ALMOÇO

13: 30 – Roda de Conversa: TRABALHO PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL NO CAMPO PSICOSSOCIAL: RELATOS DE EXPERIÊNCIA

Profª. Artemis Marinho (ESS/UFF) - Coordenação

Expositoras:
A.S. Wanessa Gonzaga de Oliveira (CAPS/Cantagalo-RJ)
A. S. Graziela Scheffer Machado (FSS/UVA e ESS/UFRJ)
A.S. Fabiana Paschoal (CAPS/Macaé-RJ e NEPS/UERJ)
A.S. Fernanda Sena (CAPS/Angra dos Reis-RJ e NEPS/UERJ)
A.S. Neilanza Micas Coe (CAPS/UERJ – Rio de Janeiro/RJ e NEPS/UERJ)
A.S. Carla Cristina Cavalcante (CAPS/Olaria – Rio de Janeiro/RJ)

Profª Lúcia Rosa (PPGPP/DSS/UFPI) – Debatedora

15:15 – 15:30 – INTERVALO

15:30 – 17:30 - GRUPOS DE TRABALHO (MINI-GRUPOS POR EIXOS)

17:30 – 17:45 - INTERVALO

17:45 – PLENÁRIA FINAL: CONSTRUINDO UMA AGENDA DO SERVIÇO SOCIAL NO CAMPO DA ATENÇÃO PSICOSSOCIAL

Profª. Sirley Teresa dos Reis (FASSO/UERJ e NEPS/UERJ)Coordenação

Coordenadores dos Grupos de Trabalho – Apresentação das Sínteses

Profª José Augusto Bisneto (ESS/UFRJ) - Debatedor

20:00 – Mesa de Encerramento

PROMOÇÃO e ORGANIZAÇÃO:
NEPS Núcleo de Estudos, Pesquisas e Extensão 
em Saúde Mental e Atenção Psicossocial

Rua São Francisco Xavier, 524, 8º andar, Sala 8020, Bloco D. CEP: 20550-013 Maracanã - Rio de Janeiro (RJ)
Tels e FAX - 21-2334.0291ou 21-2334.0299 Ramais: 206 e 226


APOIO:
Centro de Atenção Psicossocial da UERJ - CAPS/UERJ;
Conselho Regional de Serviço Social – CRESS – 7ª Região: RJ
Curso de Especialização em Serviço Social e Saúde/UERJ - CESSS/UERJ;
Direção da Faculdade de Serviço Social da UERJ - FASSO/UERJ;
Núcleo de  Estudos e Pesquisas  em  Saúde Mental e Serviço Social – ESS/UFF - Niterói;
Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da UERJ;
Projeto Transversões – ESS/UFRJ;
Projeto de Pesquisa Psicanálise e Sociedade – ESS/UFRJ;

Será conferido Certificado de Participação!

LOCAL: Auditório 93 - 9º andar, Bloco F
 do Pavilhão Central da UERJ


sábado, 1 de maio de 2010

II Conferência Municipal de Saúde Mental - Intersetorial do Rio de Janeiro na UERJ

A II CONFERENCIA MUNICIPAL DE SAÚDE MENTAL - INTERSETORIAL do Rio de Janeiro, terminou dia 30 de abril consolidando a Reforma Psiquiátrica Antimanicomial, a Gestão Pública do SUS e Contra a privatização da Saúde!

Contando com 42 delegados representantes da gestão municipal e dos prestadores de serviços, 43 delegados representando os trabalhadores da saúde mental, 73 delegados representando os usuários e familiares e 40 delegados intersetoriais (direitos humanos, assistência social, educação, esporte e lazer, cultura, trabalho e emprego), em um total de 198 delegados, antes eleitos pelos fóruns de saúde mental das AP´s do município do Rio de Janeiro, somados aos convidados e ouvintes, a plenária de abertura extrapolou o limite do Auditório 33 da UERJ.

Paralelamente as Oficinas de Geração de Renda dos CAPS do Rio de Janeiro apresentaram seus produtos na feirinha da Conferência!




Os 8 GT´s discutiram e aprovaram propostas dos eixos programáticos da IV Conferência Nacional de Saúde Mental durante todo o dia, uns extrapolaram seus horários limites empolgados em seus debates.


A Plenária Final encerrou as 23 horas, após um dia inteiro de leitura das propostas aprovadas pelos GT´s com aprovação ou reprovação das mesmas pelo plenário, bem como com a eleição dos seus delegados pelas categorias para a Conferência Estadual e aprovação das Moções.


Rumo a Conferência Estadual de Saúde Mental do Rio de Janeiro - 21 a 23 de maio de 2010 na UFRJ.

Abs e Saudações Antimanicomiais,
Equipe do NEPS/UERJ