terça-feira, 22 de setembro de 2009

Vistoria encontra indício de maus tratos em hospital psiquiátrico no interior do Rio de Janeiro!


Pacientes estavam sem roupa e dormitórios sem condições de higiene.

A Secretaria de Saúde solicitou que o SUS descredencie a instituição.


Uma vistoria num hospital psiquiátrico de Rio Bonito, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, encontrou indícios de maus tratos a pacientes com transtornos mentais. Pacientes sem roupa, dormitórios com colchões rasgados, sem lençóis, camas imundas. 436 pessoas estão internadas no hospital Colônia, de Rio Bonito. Vieram de outros municípios onde não há tratamento psiquiátrico e vivem em condições subumanas. Usam banheiros cheios de infiltrações, com vasos sujos e quebrados. O número pequeno de profissionais não dá conta nem da higiene básica. Um local que serviria para o banho está com teto quebrado, cheio de goteiras. Na hora do almoço, a fila para o refeitório é do lado de fora. A comida é entregue por uma janela e alguns comem com os pratos nas mãos. As alas do hospital tinham muito mau cheiro. No consultório de odontologia, foram encontrados medicamentos vencidos. A diretora do hospital foi presa e liberada depois de pagar fiança. Ela deve responder por crime contra a saúde pública e não quis gravar entrevista. Todas as irregularidades encontradas durante a fiscalização serão relatadas ao Ministério Público e a associações de direitos humanos. Os profissionais de saúde também vão encaminhar um documento ao Governo do Estado cobrando uma ação no hospital. “O que nós queremos é que o estado se responsabilize, porque 100% são pacientes do SUS. Não tem leito particular”, diz Cláudia Arari, membro do Conselho Regional de Psicologia. A lei que regulamenta o tratamento para pessoas portadoras de transtornos mentais proíbe a existência de pacientes em instituições com características de asilo e obriga que a unidade ofereça além de serviços médicos, assistência social e psicológica e atividades ocupacionais e de lazer. “O que nós achamos que deva haver e que, infelizmente, nós ainda não temos, são unidades psquiátricas em hospitais gerais, que dêem em conta de uma demanda, que é a maior demanda, com ambulatórios de psiquiatria onde o médico psiquiatra possa tratar das doenças psiquiátricas, não só da esquizofrenia, mas também de depressão, ansiedade, de várias situações, como o uso de álcool e drogas. Hoje, infelizmente, nós não temos”, afirma João Carlos Dias da Silva, diretor da Associação Brasileira de Psiquiatria. A Secretaria de Saúde do Estado informou que o descredenciamento do hospital do SUS já foi pedido ao Ministério da Saúde, que informou que vai apurar as denúncias.


FOTO: Atual Escola de Comunicação da UFRJ (Antigo Hospício Nacional)

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