BRASÍLIA - Entre os hospitais psiquiátricos em funcionamento no Brasil, são comuns as denúncias de maus-tratos a pacientes. Observatório de Saúde Mental e Direitos Humanos, portal na Internet da luta contra os manicômios, contabiliza 29 casos. Um deles é o relato de uma mãe que teria internado o filho na Clínica El Shadai, em Bragança Paulista, no interior de São Paulo. A mãe conta que, depois de um mês, resolveu retirar o filho de lá. "(Ele) foi espancado por quatro internos com uma barra de ferro, levou choque elétrico, etc. Praticamente um campo de concentração nazista, ao invés de uma clínica para recuperação de dependentes químicos", escreveu a mãe em uma carta ao site.
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"Ele disse que colocam internos (também em tratamento) como monitores, e por ele ter tentado fugir uma vez ficou em um quartinho fechado por uma semana, onde recebia apenas alimentação, local que também tinha que fazer suas necessidades fisiológicas em um balde", contou a mãe. "Por favor, me ajudem a fechar esta clínica de horrores". O GLOBO entrou em contato com o estabelecimento, mas informaram que a clínica tinha mudado de nome e de dono, apesar de ainda ser dedicada ao tratamento de dependentes químicos.
Por favor, me ajudem a fechar esta clínica de horrores
A Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados também tem recebido denúncias de arbitrariedades em instituições psiquiátricas. Em 2001, o órgão recebeu comunicação de que uma paciente foi vítima de negligência médica e de maus-tratos, que resultaram em morte, no Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena, em Minas Gerais. Ela teria sido submetida a eletrochoque a seco. A instituição é pública e ainda está em funcionamento.
Dois pacientes morreram em após maus-tratos em hospital psiquiátrico do RN
Em 2003, a comissão foi informada de que dois pacientes morreram, também após maus-tratos, violência e abandono, no Hospital Psiquiátrico Dr. Milton Marinho, no Rio Grande do Norte, que foi desativado. No Núcleo de Saúde Mental Professor Wassily Chuc, em Goiânia, uma paciente morreu por negligência médica em 2005. O hospital é público e ainda está em funcionamento. No Centro de Tratamento Bezerra de Menezes, na cidade gaúcha de Passo Fundo, um paciente relatou ter sofrido torturas em 2009. A instituição é credenciada do Sistema Único de Saúde (SUS) e também está com as portas abertas.
Em setembro de 2009, a imprensa revelou que os mais de 600 pacientes do Hospital Psiquiátrico José Alberto Maia, em Camaragibe, Pernambuco, sofriam com falta de comida, roupas e condições de higiene. A Vigilância Sanitária constatou a precariedade das condições do local. Em dois anos, 103 pacientes morreram no hospital - que é conveniado ao SUS.
Segundo relatos, os internos só tinham direito a uma refeição por dia, o almoço, por ordem do Ministério Público. À época, o Ministério da Saúde considerava o hospital um dos dez piores do país e planejava um plano de intervenção no local. A instituição funcionou até dezembro de 2010.
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