quinta-feira, 4 de julho de 2013

Saúde Mental, Drogas e Direitos Humanos: Seminário debate temas urgentes na agenda ético-politico profissional do Serviço Social e da Saúde Mental


A Mesa-Redonda - Saúde Mental, Drogas e Direitos Humanos, sob a coordenação da pós-graduanda A. S. Rejane da Costa Antonio (CESSS-FSS/UERJ e do NEPS-FSS/UERJ), teve como palestrantes a Profra Dra A. S. Rita Cavalcanti (ESS/UFRJ) e da A. S. Silvia Dabdab Calache Distler (CRESS-RJ) e como debatedor o Prof. Dr. A. S. Marco José Duarte (Coordenador do evento, do NEPS-FSS/UERJ, da RIM-Saúde Mental da UERJ e do NEAB-PROAFRO-CCS/UERJ. Essas três últimas pessoas fazem parte da Frente Estadual Drogas e Diritos Humanos do Rio de Janeiro (FEDDH-RJ) e o foco do debate centrou-se sobre os atores da cena da politica pública de drogas no país, articulada com a de saúde mental, assistência social e segurança pública, bem como as críticas as internações/recolhimentos compulsórias, batizadas, pelos movimentos antimanicomial e antiproibicionista, de internações forçadas, sequestrando crianças, adolescentes e adultos na cidade do Rio de Janeiro, em situação de rua, que são levada/os para os Abrigos públicos e alguns encaminhados para as Comunidades Terapêuticas, sem projetos terapêuticos, com violações de direitos e maus tratos, sem equipes interdisciplinar, mesmo o Ministério Público tendo pressionado os órgãos e gestores municipais e estaduais sobre tais gravidades no não cuidado a esses/as usuários/as. Repudiou-se o PLC 37/2013 bem como reforçou-se que a presidenta Dilma VETE a Lei do Ato Médico. Os debates tomaram perspectivas críticas e apontaram para uma articulação para enfrentamento desta questão no interior da área profissional articulada aos movimentos sociais deste campo de ações intersetoriais.

A segunda Mesa-Redonda - Questões contemporâneas ao Serviço Social no campo da Saúde Mental, Drogas e Direitos Humanos: A temática do território foi coordenada pela estudante de serviço social da UERJ, Raquel Coelho Araujo (Bolsista do NEPS-FSS/UERJ e estagiária do CAPS/UERJ) e teve como palestrante a A. S. Miria Alves da Silva Gomes (NEPS-FSS/UERJ) que problematizou a questão do território, saúde mental e intersetorialidade no Complexo da Maré. Como moradora e Agente Comunitária da Assistência Social, denunciou a violência policial e a chacina em sua comunidade, demonstrando a partir de sua pesquisa, a organização popular e a precariedade dos serviços públicos existentes que são muito mais usados como prática de clientelismo-populista da gestão municipal do que práticas de garantia de direitos e de cidadania dos moradores do local. A A. S. Neilanza Micas Coe (Coordenadora do CAPS/UERJ, integrante da RIM Saúde Mental da UERJ e do NEPS-FSS/UERJ, A. S. do CPRJ e mestranda em Serviço Social da UERJ) foi a debatedora da mesa e articulou com a experiência nas comunidades locais da AP2.2 em particular sobre a temática da saúde mental na atenção básica e a responsabilidade do CAPS no território, articulado ao CAPSad Mané Garrincha e a prática de matriciamento com outros setores sanitários na área.


A terceira Mesa-Redonda - Questões contemporâneas ao Serviço Social no campo da Saúde Mental, Drogas e Direitos Humanos: A temática do trabalho foi coordenado pela psicóloga Naiara Castellar (CAPS/UERJ, SMS-Niterói e do  NEPS-FSS/UERJ) e teve como palestrante a A. S. Adriana Nunes Pinto (NEPS-FSS/UERJ) enfocando, em sua exposição, a pesquisa sobre Trabalho, saúde mental e a Economia Solidária. Trazendo várias questões para o debate, inclusive a questão crucial sobre o tema, a perspectiva terapêutica e de direitos na articulação do trabalho protegido, enfocando as oficinas de geração de trabalho e renda na atenção psicossocial. A Profra Ms A. S. Tathiana Gomes (ESS/UFF e doutorando em serviço social da PUC-RJ), como debatedora,  engrossou com mais questões e problemas para a discussão sobre o tema que ainda é pouco problematizado no campo da saúde mental e em particular pelo serviço social.

A quarta Mesa-Redonda - Questões contemporâneas ao Serviço Social no campo da Saúde Mental, Drogas e Direitos Humanos: A temática da diversidade sexual e de gênero foi coordenada pelo Prof. Dr. A. S. Marco José Duarte (NEPS-FSS/UERJ e do LIDIS-SR-3/UERJ) e teve como palestrantes, a Profra Ms A. S. Rachel Gouveia Passos (UNIPLI, FSS-UERJ e Doutorando em serviço social da PUC-SP) que abordou o tema sobre as Mulheres, Cuidados e Maternalismos na Reforma Psiquiátrica brasilera; a A. S. Stephanie Santos da Silva (NEPS-FSS/UERJ) que abordou o tema do Gênero, Saúde Mental e Cuidado e da A. S. e Socióloga Isabela Scheufler Pereira (Mestranda do PPGSC-IMS-UERJ e pesquisadora do LIDIS-SR-3/UERJ) que abordou o tema da Diversidade Sexual e Homofobia. Logo em seguida, o debatedor da mesa, Prof. Dr. A. Social Guilherme Almeida (FSS/UERJ e Coordenador Adjunto do LIDIS/UERJ) trouxe os elementos fundamentais para o enfrentamento da temática da mesa para a platéia, para o serviço social, para o campo da saúde mental e drogas e dos direitos humanos.


A quinta Mesa-Redonda - Questões contemporâneas ao Serviço Social no campo da Saúde Mental, Drogas e Direitos Humanos: A temática da gestão dos trabalhos coletivo e profissional na atenção psicossocial, contou com a coordenação da A. S. Tânia Oliveira (UDAP-HUPE/UERJ) e teve como palestrantes, a A. S. Neilanza Micas Coe (CAPS/UERJ), A. S. Adriane Freitas de Sá (CAPSad São Gonçalo-RJ e DESSAUDE/UERJ) e da Prof. Ms A. S. Claudete Veiga de Lima (CAPSi-CARIM/UFRJ e UNESA). Ambas brilhantemente analisaram o trabalho profissional do serviço social no campo da atenção psicossocial, cada um em sua especialidade do trabalho e da gestão, com adultos em sofrimento psíquico, em sua maioria neurose e psicose grave (CAPS), de crianças e adodescentes psicóticos (CPASi) e de usuários de álcool e outras drogas (CAPSad), trazendo várias questões para o debate, e em particular a ausência deste debate no interior da área profissional e dos retrocessos da politica de saúde mental para esses setores, com as denuncias da precarieadade do trabalho no campo da saúde mental e drogas na rede de atenção psicossocial. A Profra Dra A. Social Rosimary Gonçalves de Souza (Diretora do Departamento de Serviço Social da PPC/UERJ-FSS/UERJ e SMS/Macaé) problematizou os elementos colocados à mesa pelas palestrantes, enriquecido também pela sua experiência de gestora e de trabalhadora do campo, o que precisou a necessidade de organizarmos um evento para o tratamento dessas questões.


A última Mesa-Redonda - Questões contemporâneas ao Serviço Social no campo da Saúde Mental, Drogas e Direitos Humanos: A temática de raça/etnia ficou um pouco prejudicada, pelo avançar da hora e do esvaziamento da plenária, mas foi necessária para que inaugurássemos esse debate na agenda profissional e para o campo. Coordenado pela A. S. Gabriela da Silva e Silva (Pós-Graduanda R1 CEISM-RMISM/UERJ e do NEPS/FSS/UERJ), contou, como palestrantes,  da A. S. Danielle Cristine Alves (SES-RJ – Comitê Técnico de Saúde da População Negra) e do Psicólogo Ms Celso de Moraes Vergne (SES-RJ – Comitê Técnico de Saúde da População Negra e Doutorando em psicologia da PUC-RJ). Embora ambos tenham sinalizado as dificuldades de implementação de tal politica específica, de igual modo a da saúde LGBT, o problema a ser enfrentado é o racismo institucional que está presente na maioria dos trabalhadores da saúde. O debatedor, o A. S. Ms Joilson Santana Marques (CR-LGBT Capital, CRESS-RJ e NEAB-PROAFRO/CCS-UERJ) reforçou com exemplos o preconceito racial que é estrutural e institucional no campo das relações sociais capitalistas, e por isso presente no campo da saúde e de outras politicas públicas, e a necessidade do enfrentamento desta questão.


O IV Seminário Serviço Social e Saúde Mental do NEPS-FSS/UERJ foi um sucesso de crítica, de participação e debate por parte de todos/as presentes, o que reforça a necessidade imperiosa de reeditar o II Seminário Estadual e o I Nacional sobre os temas tratados, discutidos, analisados e problematizados pelas mesas e participantes, pois observamos que há uma lacuna na agenda ético-politica profissional e do campo da saúde mental, drogas e direitos humanos para capacitação, formação, treinamento e investigação do conjunto da obra, que cada vez mais se torna urgente para a efetivação das politicas públicas e na garantia dos direitos de todos nós, usuários/as, trabalhadores/as, gestores/as, estudantes, professores/as e pesquisadores/as, de forma singular e plural, em torno da construção de um projeto ético,  estético e politico de sociedade, afirmando uma outra possibilidade de nos constituirmos enquanto Estado brasileiro.

Agradecemos a colaboração dos convidados, a participação de todxs e contamos em breve com uma nova oportunidade de nos encontramos para um outro evento.
Saudações
Prof. Dr. Marco José Duarte e Equipe do NEPS-FSS/UERJ

terça-feira, 2 de julho de 2013

NOTA PÚBLICA CONTRA A URGÊNCIA NA TRAMITAÇÃO DO PLC 37/2013 QUE ALTERA A LEI DE DROGAS

(O Antigo PL 7663/2010 do Dep. Federal Osmar Terra agora é PLC 37/2013)

Há algumas semanas protestos tomam conta das ruas do Brasil. As diversas demandas da sociedade civil em torno de causas históricas de interesse coletivo demonstram que o debate sobre o que a sociedade quer não é exclusividade de partidos políticos, ONGs ou movimentos sociais organizados. É inegável o caráter histórico dos últimos acontecimentos.

É importante ressaltar, porém, que esse saudável cenário de participação democrática no debate público não pode servir de justificativa para que o Legislativo aprove, a toque de caixa, e com apoio do Governo, importantes projetos de lei sem o devido debate com os diferentes atores envolvidos, sejam eles organizados ou não. Fomos todos surpreendidos com a recente decisão de colocar em regime de urgência o PLC nº 37/2013 (antigo PL 7663/2010) – que reformula o Sistema Nacional de Políticas sobre Drogas – "para responder as reivindicações por segurança" que estariam sendo feitas nas ruas.

O PLC 37/2013, sob o pretexto de atualizar a legislação de drogas, aprofunda a já fracassada política criminal brasileira sobre o tema e despreza as lutas históricas por avanços na saúde pública, interrompendo avanços na política anti-manicomial, promotora de cidadania e avessa à tortura. Ele será um instrumento catalisador do estigma carregado por pessoas em sofrimento, da política de encarceramento em massa de pobres, da criminalização dos usuários, presos indistintamente como traficantes, da indústria de internações forçadas, sabidamente ineficazes como tratamento, e da priorização da atenção em comunidades terapêuticas religiosas, que, pouco fiscalizadas, afiguram-se como perigosos locais de segregação e maus-tratos. Trata-se de um projeto que aumenta significativamente os custos do Estado ao mesmo tempo que reduz, drasticamente, o respeito aos direitos individuais das pessoas em situação de vulnerabilidade e sofrimento.

O projeto de lei em questão não representa o anseio da sociedade civil e nem encontra abrigo nas melhores práticas internacionais e nacionais sobre o tema. No processo de tramitação do projeto na Câmara, houve a exclusão das considerações estatísticas, técnicas, científicas e jurídicas que devem guiar qualquer construção de política pública, e foram ignoradas as considerações técnicas de vários ministérios do governo, entre eles o Ministério da Saúde, Ministério da Justiça e Secretaria de Direitos Humanos, que opinaram inicialmente pela rejeição absoluta do projeto. O debate sereno sobre um projeto de lei de tamanha importância é fundamental para que as distâncias existentes entre os poderes constituídos e a sociedade civil sejam finalmente reduzidas, e não aprofundadas, como ocorrerá caso o açodamento se sobreponha ao debate.

Diante de todo o exposto, as entidades abaixo assinadas vêm a público exigir a retirada do caráter de urgência na tramitação do PLC 37/2013, sendo fundamental a atuação responsável dos senhores congressistas, bem como do Executivo, fazendo valer seu anunciado compromisso de escuta e diálogo democrático.

ABRASCO- Associação Brasileira de Saúde Coletiva

ABRASME- Associação Brasileira de Saúde Mental

ACAT – Ação dos Cristãos para Abolição da Tortura

Advogados sem Fronteiras Brasil

Articulação Justiça e Direitos Humanos – Jusdh

Associação Brasileira de Estudos Sociais do Uso de Psicoativos- ABESUP

Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – ABGLT

Associação Brasileira Multidisciplinar de Estudos Sobre Drogas - ABRAMD

Associação pela Reforma Prisional – ARP

Bloco Planta na Mente

Casa de Acolhimento Os Seareiros

CEBES – Centro Brasileiro de Estudos em Saúde

CEBRID
- Centro Brasileiro de Informação sobre Drogas Psicotrópicas,

Centro de Atenção Psicossocial de Canoinhas - CAPS I

Centro de Convivência É de Lei

Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Candido Mendes

Centro de Estudos e Terapia do Abuso de Drogas – CETAD/UFBA

Centro de Referência à Infância – INCERE/CE

Centro de Referência em Direitos Humanos da Universidade Federal da Paraíba

Centro de Referência sobre Drogas e Vulnerabilidades Associadas/UnB

Centro Internacional de estudos e Pesquisa sobre a Infância - CIESPI/PUC-Rio

Coletivo Antiproibicionista Princípio Ativo

Coletivo Desentorpecendo a Razão - DAR

Coletivo Plantando Informação

Comissão Brasileira sobre Drogas e Democracia - CBDD

Conectas Direitos Humanos

Conselho Federal de Psicologia - CFP

Conselho Federal de Serviço Social – CFESS

Conselho Nacional de Saúde

Conselho Regional de Psicologia de Mato Grosso do Sul 14ª Região

Conselho Regional de Serviço Social/RJ

DDH – Defensores de Direitos Humanos

Equipe Clínico Política

Escola Superior da Defensoria Pública do Estado da Bahia

Federação Nacional dos Farmacêuticos

Fórum Intersetorial de Drogas e Direitos Humanos de São Paulo

Frente Estadual Drogas e Direitos Humanos/RJ

Frente Estadual Drogas e Direitos Humanos/RS

Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)

Growroom

Grupo Interdisciplinar de Estudos Sociais de Psicoativos - GIESP

Grupo Tortura Nunca Mais/RJ

IBCCRIM – Instituo Brasileiro de Ciências Criminais

IDDD – Instituto de Defesa do Direito de Defesa

Instituto Igarapé

Instituto Pro Bono

Instituto Sedes Sapientiae

Instituto Sou da Paz - SDP

ITTC – Institito Terra Trabalho e Cidadania

Justiça Global

Movimento pela Legalização da Maconha

Movimento Psicanálise Autismo e Saúde Pública (MPASP)

NEIP - Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos

Núcleo de Estudos Avançados de Álcool e outras Drogas- NEAAD/CETAD/UFBA

Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos (Neip)

Núcleo de Situação Carcerária da Defensoria Pública de São Paulo

Núcleo de Estudos, Pesquisas e Extensão em Saúde Mental e Atenção Psicossocial - NEPS/FSS-UERJ

Pastoral Carcerária Nacional

PROAD - Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da Unifesp

Psicotropicus - Centro Brasileiro de Política de Drogas

Rede Estadual de Saúde Mental e Economia Solidaria/SP

Rede Justiça Criminal

Rede Pense Livre - por uma política de drogas que funcione

REDUC - Rede Brasileira de redução de danos e direitos humanos

RENILA - Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial

ResPire Redução de Danos

SBNeC - Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento

UNE - União Nacional dos Estudantes

Viva Rio

Nota Contra a Violência Policial na MARÉ!

CONTRA A VIOLÊNCIA POLICIAL: 

Após protestos polícia realiza chacina na Maré



As favelas da Maré foram ocupadas por diferentes unidades da Polícia Militar do Estado do Rio (PMERJ), incluindo o Batalhão de Operações Especiais (Bope), com seu equipamento de guerra – caveirão, helicóptero e fuzis – ontem, dia 24 de junho. Tal ocupação militar aconteceu após manifestação realizada em Bonsucesso pela redução do valor da passagem de ônibus, como as inúmeras que vêm sendo realizadas por todo o país desde o dia 6 de junho. As ações da polícia levaram à morte de um morador na noite de segunda-feira. Um sargento do Bope também morreu na operação e a violência policial se intensificou, com mais nove pessoas assassinadas, numa clara demonstração de revide por parte do Estado.
Diversas manifestações estão ocorrendo em todo o país e intensamente na cidade do Rio de Janeiro. Nas última semanas a truculência policial se tornou regra e vivemos momentos de bairros sitiados e uma multidão massacrada na cidade. No ato do último dia 20, com cerca de 1 milhão de pessoas nas ruas, o poder público mobilizou a Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMERJ), contando com o Choque, Ações com Cães (BAC), Cavalaria, além da Força Nacional. A ação foi de intensa violência contra a população, causando um clima de terror em diversos bairros da cidade.
Não admitimos que expressões legítimas da indignação popular sejam transformadas em argumento para incursões violentas e ocupações militares, seja sobre a massa que se manifesta pelas ruas da cidade, seja nos territórios de favelas e periferias!
Tal ocupação das favelas da Maré evidencia o lado mais perverso deste novo argumento utilizado pelos órgãos governamentais para darem continuidade às suas práticas históricas de gestão das favelas, de suas populações e da resistência popular. Sob a justificativa de repressão a um arrastão, a polícia mais uma vez usou força desmedida contra os moradores da Maré, uma prática rotineira para quem vive na favela. É importante observar que, quando o argumento de combate a um arrastão foi usado contra manifestantes na Barra da Tijuca, não houve a utilização de homens do Bope, nem assassinatos, mostrando claramente que há um tratamento diferenciado na favela e no “asfalto”.
Repudiamos a criminalização de todas as manifestações. Repudiamos a criminalização dos moradores de favelas e de seu território. Repudiamos a segregação histórica das populações de favela – negras/os e pobres – na cidade do Rio de Janeiro.
Não admitimos que execuções sumárias sejam noticiadas como resultado de confrontos armados entre policiais e traficantes. Não se trata de excessos, nem de uso desmedido da força enquanto exceção: as práticas policiais nesses territórios violam os direitos mais fundamentais e a violação do direito à vida também está incluída nessa forma de oprimir.
O governo federal também contribui com o que ocorre nas favelas cariocas, não apenas pela omissão na criação de políticas públicas, mas também por manter as tropas da Força Nacional de Segurança dentro da cidade, reproduzindo o mesmo modelo aplicado pelo governo estadual.
As/Os moradoras/es de favelas e toda a população têm o direito de se manifestar publicamente – mas pra isso precisam estar vivas/os. E o direito à vida continua sendo violado sistematicamente nos territórios de favelas e periferias do Rio de Janeiro e de outras cidades do país.
Exigimos a imediata desocupação das favelas da Maré pelas forças policiais que estão matando suas/seus moradoras/es com a justificativa das manifestações. Exigimos que seja garantido o direito à livre manifestação, à organização política e à ocupação dos espaços públicos. Exigimos a desmilitarização das polícias.
Assinam a nota:
Acampamento Indígena Revolucionário (AIR), Action Aid Brasil, Aldeia Maracanã, Amálgama Cooperativa Cultural, Anota (Agência de Notícias Alternativas), ARTFEM (Articulação da Frente Anarco-Feminista), Articulação de Mulheres Brasileiras – RJ, Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa – ANCOP, Assembleia Nacional dos Estudantes Livre (ANEL), Associação Angolana OMUNGA, Associação de Docentes do Colégio Pedro II, Arteiras Alimentação do Borel, Associação Centro Comunitário Nova Sepetiba, Associação de Moradores do Jacarezinho, CAMTRA, Centro Acadêmico de Letras da USP (CAELL), CEASM – Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré, Central de Movimentos Populares (CMP), CENTRO ACADÊMICO DE LETRAS DA UFRJ (CALET – UFRJ ), Centro de Assessoria Jurídica Popular Mariana Criola, Centro de Etnoconhecimento, Centro de Promoção da Saúde (CEDAPS), Centro de Referência de Mulheres da Maré Carminha Rosa (CRMM-CR/UFRJ), CENTRO DE TEATRO DO OPRIMIDO-CTO, Cidadania e Imagem-UERJ, Circuito Carioca de Ritmo e Poesia – CCRP, Círculo Palmarino, Coletivo Antimanicomial Antiproibicionista Cultura Verde, Coletivo da Cidade (DF), Coletivo de Artistas Faixa de Gazah, coletivo Blogueiras Negras, Coletivo Capitalismo em Desencanto, Coletivo Digital – São Paulo, Coletivo Direito de Resistência (Direito-UFRJ), Coletivo de Estudos sobre Violência e sociabilidade – CEVIS-UERJ, Coletivo das Lutas, Coletivo Perifatividade,  Coletivo Político Quem, Comitê Popular da Copa – DF , Comitê Popular Rio da Copa e das Olimpíadas, Coletivo RJ Memória Verdade e Justiça, Coletivo Tem Morador,  Conectas Direitos Humanos, Conselho Nacional dos Direitos Indígenas (CNDI), Conselho Regional de Psicologia (CRP/RJ), CRP/RS, Conselho Regional de Serviço Social (CRESS/RJ), CUCA – FACHA, DCE – FACHA Vladimir Herzog, DCE-UFRJ, Diretório Acadêmico Lima Barreto (Dalb/UERJ), Deputado Federal Chico Alencar (PSOL/RJ), Executiva Nacional de Estudantes de Comunicação Social (ENECOS) , FASE, Fórum de Alunos das Pós Graduações em Sociologia e Ciência Política do Iesp/Uerj, Fórum da Amazônia Oriental – FAOR, O Fórum Comunitário do Porto (FCP), Fórum de Juventudes RJ, Fórum Social de Manguinhos, Frente de Resistência Popular da Zona Oeste, Grupo dos (as) Comunicadores (as) Populares RJ, Grupo Conexão G, Grupo Eco Santa Marta, Grupo ÉFETA Complexo Alemão, Grupo Tortura Nunca Mais/RJ, IESP (Instituto de Estudos Sócio-Políticos), Instituto Brasileiro De Análises Sociais E Econômicas (IBASE), Instituto de Formação Humana e Educação Popular (IFHEP), Instituto Búzios, Instituto de Defensores dos Direitos Humanos (DDH), Instituto Equit – Gênero, Economia e Cidadania Global, Instituto de Imagem e Cidadania Rio de Janeiro, Instituto Raízes em Movimento do Complexo do Alemão , ISER, Instituto Telecom, Justiça Global, Kizomba, Laboratório de Pesquisas em Etnicidade, Cultura e Desenvolvimento – LACED/Museu Nacional/UFRJ, Laboratório de Etnografia Metropolitana (LeMetro/IFCS-UFRJ), LAESER (Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatística das Relações Raciais) da UFRJ, Liga Operária, Luta Pela Paz, LUTA POPULAR, Mandato do Deputado Estadual Marcelo Freixo (PSOL/RJ), Mandato Deputado Estadual Gilberto Palmares (PT/RJ), Mandato do Deputado Federal Chico Alencar (PSOL/RJ), Mandato do Vereador Paulo Eduardo Gomes (PSOL/Niterói), Mandato do Vereador Renato Cinco (PSOL/RJ), Mandato do Vereador Henrique Vieira (PSOL/Niterói), Marcha Mundial das Mulheres, Marcha das Vadias Baixada Fluminense, Marcha das Vadias  RJ, Movimento Cidades (in)Visíveis, Movimento Direito Para Quem?, Movimento Honestinas, Movimento Indígena Revolucionário (MIR), Movimento de Luta nos bairros vilas e favelas – MLB, Movimento Nacional de Luta pela Moradia – MNLM, MST, MUCA – Movimento Unido dos Camelôs, Levante Popular da Juventude, Mariana Criola, Movimento pela Legalização da Maconha, Movimento DCE Vivo (UFF), Movimento Pensa Alemão, Museu da Maré, NPC, Nami Rede Feminista de Arte Urbana, Núcleo de Direitos Humanos da PUC, Núcleo de Estudos, Pesquisas e Extensão em Saúde Mental e Atenção Psicossocial – NEPS da UERJ, Núcleo Frei Tito de Direitos, Comunicação e Cultura do PSOL, Núcleo de mulheres da FACHA “Pagu”, Núcleo de Pesquisa sobre Sistema Penitenciário e Violência da UNISUAM, Núcleo PSOL Maré, Núcleo de Resistência Artística – NRA, NÚCLEO DE RESISTÊNCIA POPULAR SOCIALISTA DA TIJUCA, Núcleo Socialista de Campo Grande, Observatório das Favelas, Ocupa Alemão, Ocupa Borel, PACS, PCB, Posse Ação Resistência, Práxis Direitos Humanos, Preserva Mundi, PRÉ-VESTIBULAR PARA NEGROS E CARENTES (PVNC),  PSTU, Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência, Rede FALE RJ, Rede de Instituições do Borel, Redes de Desenvolvimento da Maré, Rede Rio Criança, Resistência Indígena Continental, Revista Vírus Planetário, Sepe/RJSou Niterói,  UJC, Tribunal Popular, União por Moradia Popular, Universidade Nômade, Rompendo Amarras, Sodireitos – Belém Verdejar Sócioambiental, Visão da Favela Brasil – Morro Santa Marta